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Economia

Gestores dizem que valorização do Ibovespa continua no 2º tri, mostra relatório da XP

Apesar da alta no primeiro semestre do ano, investidores institucionais ainda acreditam em mais valorização para o Ibovespa. Entre os motivos para otimismo dos gestores estão temas como a manutenção da procura de investidores estrangeiros por mercados alternativos aos Estados Unidos e mudanças políticas e macroeconomia.

A XP (XPBR31) definiu três principais razões para o seu otimismo com o mercado de ações no Brasil pelos próximos meses: a expectativa de que o movimento de rotação de investidores para mercados fora dos Estados Unidos possa seguir no segundo semestre; a perspectiva de um regime de queda nos juros e na inflação; o chamado trade eleitoral que antecede as eleições brasileiras.

Apesar das expectativas de um aumento do dólar no primeiro semestre do ano, a moeda americana fez o caminho contrário, anotando uma desvalorização de aproximadamente 12%. Segundo o estrategista chefe e head de research na XP, Fernando Ferreira, o enfraquecimento do dólar nos primeiros meses do ano foi uma surpresa, mas a volatilidade que o governo Trump causaria nos mercados, não. “Fazia parte da nossa tese.”

Em parte, essa queda foi um dos motivos para a a melhora do mercado de ações brasileiro e da América Latina no período. “Tivemos um final de ano muito negativo para o preço dos ativos de Brasil. A percepção que temos não é de que agora o mercado vai reverter a média, tirar esse movimento de alta”, diz o gerente de portfólio da ARX Investimentos, Rogério Poppe.

Segundo o analista, o movimento negativo no fim de 2024 se somou ao efeito da política comercial da gestão do presidente americano Donald Trump nos Estados Unidos. “A verdade é que tivemos um movimento muito negativo no final do ano passado então acabamos tendo um pouco desse respiro, essa reversão”, aponta Poppe.

Ele adiciona que a forte desvalorização do dólar no final do ano passado se somou ao efeito da política comercial da gestão de Donald Trump, o que levou os ativos americanos para países emergentes. “A partir das tarifas com Trump, tem o evento da saída dos ativos americanos para países emergentes. O Brasil tem liquidez, uma característica mais cíclica e se beneficiou disso.”

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Projeções

No primeiro semestre, o Ibovespa valorizou cerca de 12%. O relatório apresentado pela XP mostra que os investidores institucionais, na média, esperam que o principal índice da Bolsa chegue ao patamar de 147 mil pontos até o fim do ano. A maioria das projeções são de um câmbio entre R$ 5,40 e R$ 5,60 por dólar.

Embora nos últimos 30 dias o mercado de ações americano tenha se recuperado e a preocupação de que os papéis batam um teto, gestores concordam que ainda há espaço para crescimento no Ibovespa no horizonte. Entre os entrevistados do relatório publicado pela XP, 65% das gestoras disseram que pretendem aumentar sua exposição, 31% pretendem mantê-la e 4% reduzir a posição em renda variável.

“Se tiver um cenário de dólar mais fraco em que as commodities não colapsem, é um cenário favorável para investimento em bolsa brasileira”, diz José Luiz Torres Junior, da Genoa Capital. Apesar da expectativa de corte nos juros americanos, o que poderia reduzir a saída de investimentos do País, ele considera que eles não devem chegar a patamares de anos anteriores, o que acaba sendo bom para o Brasil.

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Em novembro de 2024, a Genoa havia zerado sua participação no Brasil e concentrou todo o risco fora do País. Desde o início deste ano, voltou a se posicionar na região pouco a pouco e hoje pouco menos de metade da carteira já é composta por ativos brasileiros.

Para Torres, no entanto, não há motivos para acreditar no fim da tese do “excepcionalismo americano”. O movimento de aposta nas empresas americanas pode ter sido exagerado, mas ele ainda as vê como as melhores, especialmente pensando no setor de inteligência artificial generativa.

“Agora migramos para um regime de inflação ainda alta e os juros já começaram a cair [ele analisa a taxa longa de DI, não a Selic]. Historicamente é um regime bom para a bolsa, mas o próximo, de inflação e juros para baixo, é melhor para a bolsa historicamente em termos de retorno”, diz Ferreira.

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“O mercado começa a fazer o trade eleitoral de 6 a 12 meses antes das eleições. No segundo semestre isso começa a fazer mais preço, mas traz mais atratividade para os ativos de risco de maneira geral”, diz Ferreira. A atual valorização, no entanto, pode levar a valuations mais apertados.

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