No programa Última Análise desta terça-feira (29), os convidados falaram a respeito da prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na Itália, que decidiu se entregar às autoridades, segundo sua defesa. A ordem de prisão foi expedida por Alexandre de Moraes em 7 de junho. Com isso, foi determinada a execução imediata da pena de 10 anos de prisão, inicialmente em regime fechado.
“Ela agiu certo porque, infelizmente, está difícil de acreditar na aplicação de leis aqui no Brasil. Filipe Martins foi submetido a tortura”, afirmou a cientista política Júlia Lucy ao analisar a viagem de Zambelli à Itália. Ainda, ela lembra que o ex-assessor de Jair Bolsonaro foi colocado em uma solitária e que Cleriston Pereira da Cunha, o “Clesão”, preso por suposta participação nos atos do 8 de Janeiro, faleceu na prisão. “Há um risco de morte real”, ela conclui em relação às prisões brasileiras.
Zambelli possui dupla cidadania e por este motivo se refugiou na Itália. A decisão sobre sua extradição caberá, portanto, às autoridades italianas, que analisarão se o crime pode ser comprovado como de natureza política, o que a isentaria de extradição, conforme um acordo entre Brasil e Itália.
O caso, assim, trouxe à tona o de Cesare Battisti, terrorista italiano que teve extradição negada por Lula, no último dia de seu segundo mandato em 2010. “É diferente do caso de Battisti. Zambelli tem cidadania na Itália e há este acordo entre os países de não extraditar cidadãos por conta de crime político. Caberá à defesa comprovar que houve isso”, afirmou a advogada Anne Dias.
“Se ela conseguir provar que não teve oportunidade real de ampla defesa e contraditório, talvez ela consiga se colocar como presa política e permaneça em território italiano”, afirma Lucy. A comentarista ressalva que a decisão acerca da perda de mandato parlamentar caberá à Câmara dos Deputados.
O que está por trás do “tarifaço” de Trump
A poucos dias da entrada em vigor da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, imposta por Donald Trump, empresários e trabalhadores brasileiros já sofrem os impactos da medida. Importadores americanos suspenderam contratos de importação e indústrias de diferentes áreas se viram obrigadas a paralisar atividades, demitir funcionários e impor férias coletivas forçadas.
Para o economista José Pio Martins as exportações brasileiras para os Estados Unidos representam 2% do PIB brasileiro, o que não é suficiente para causar uma recessão generalizada, mas ressalva dois setores específicos: o de frutas e o de madeira. “Fruta perece rapidamente, então será jogada fora. Poderá ser trágico. E o Brasil é um grande fornecedor de madeira para os Estados Unidos. O produto vai encarecer”, explica.
Para além das razões econômicas, Pio Martins explica que há motivações geopolíticas por trás das tarifas do presidente americano. “Isto de ficar pregando o abandono do dólar, a aliança com os BRICS e os xingamentos de Lula a Trump afetaram muito”, afirma. Ainda, figuras como o assessor de política externa Celso Amorim, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin promoveram uma confusão na negociação entre os países, impedindo uma solução eficaz.
O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a sexta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.
Fique conectado