SÃO PAULO (Reuters) – As exportações de máquinas e equipamentos do Brasil para os Estados Unidos devem passar por redução em setembro ante agosto diante do impacto do salto nas tarifas de importação criadas pelo governo norte-americano contra produtos brasileiros, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pela associação de fabricantes, Abimaq.
A expectativa do setor de que as vendas de máquinas para os EUA iria zerar em setembro, porém, não deve se confirmar, disse a diretora de competitividade, economia e estatística da Abimaq, Maria Cristina Zanella, em entrevista a jornalistas.
“Vai ser menos pior do que o previsto”, disse Zanella, citando que o dado de exportações fechado para o mês passado ainda não foi calculado pela entidade.
Tradicionalmente, o Brasil exportava uma média de cerca de US$300 milhões em máquinas e equipamentos aos EUA por mês, tendo fechado 2024 com vendas externas ao mercado norte-americano de US$3,4 bilhões. Os EUA, antes do tarifaço, eram responsáveis por 25% das vendas externas de máquinas do Brasil, segundo a Abimaq.
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Zanella afirmou que, após o tarifaço, parte dos fabricantes brasileiros começaram a negociar formas de contornar o impacto total das tarifas de importação dos EUA, entre elas compartilhamento dos custos adicionais com os clientes.
“Temos observados algumas negociações entre empresas americanas e brasileiras que envolvem a divisão de prejuízos, com parte da tarifa sendo paga aqui e parte lá. Em outros casos, os projetos em andamento ao longo deste ano foram mantidos”, disse a executiva.
“Outros projetos e entregas foram cancelados, mas não é o quadro geral, em que as empresas estão buscando redirecionar seus produtos para outros países”, disse ela, citando que um quadro mais claro poderá ser percebido ao longo dos próximos meses.
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O principal produto da exportação do setor aos EUA são máquinas rodoviárias, conhecidas como “linha amarela”, como tratores e motoniveladoras. Antes do tarifaço, disse Zanella, a tarifa média de importação de máquinas cobrada pelos EUA sobre produtos brasileiros era bem próxima de zero. “Hoje, provavelmente está mais próxima de 20%.”
Segundo os dados da Abimaq, antes da vigência do tarifaço no final de agosto, houve forte antecipação de compras pelos norte-americanos, com máquinas rodoviárias registrando crescimento de 68% sobre agosto do ano passado.
As expectativas da entidade para as exportações do setor neste ano devem ser revistas no próximo mês, mas a previsão atual indica uma queda de 30% nas vendas externas aos EUA e recuo de 15% para o setor como um todo.
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De janeiro ao final de agosto, as exportações de máquinas e equipamentos do Brasil mostram recuo de 0,1%, a US$8,3 bilhões, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pela Abimaq.
(Por Alberto Alerigi Jr.)
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