Para Guilherme Cardoso, “a pior forma de começar no trade é ganhando”. O trader teve sua primeira experiência no mercado financeiro internacional, quando dobrou uma conta de US$ 500 em apenas uma semana. “Cheguei para a minha esposa e falei: Nasci pra isso. Não sei como a galera não consegue ter resultado nesse mercado aí”, contou.
Porém, bastou o primeiro trade da semana seguinte para que tudo desmoronasse: “O mercado veio contra, fiz preço médio a torto e a direito e quebrei minha conta no primeiro dia da segunda semana”, relembrou.
Cardoso contou sua história no episódio 238 do GainCast, onde compartilhou os altos e baixos de sua jornada no day trade — da sorte de principiante à quebra de contas, do ensino informal à virada pessoal e profissional baseada em autoconhecimento.
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Autoconhecimento
O ponto de virada veio quando percebeu que, embora soubesse o que fazer e ensinasse corretamente seus alunos, sozinho ele quebrava suas próprias regras. “Quando estava com os alunos, eu seguia. Quando estava sozinho, quebrava minhas regras. Faço o que eu digo, não faço o que eu faço”, admitiu.
Essa incoerência gerou um profundo mal-estar. “Eu me sentia uma fraude. Não conseguia colocar a cabeça no travesseiro e ficar em paz”, afirmou. Foi nesse momento que decidiu se afastar e mergulhar em um processo de autoconhecimento. “Fiz coaching, master coaching. Eu entendi que somente a técnica não era suficiente”, afirmou.
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Guilherme compreendeu que a raiz de seus erros estava em padrões emocionais não resolvidos. “Comecei a entender o motivo de querer estar sempre certo. Era tudo sobre insegurança”, disse. O período de introspecção não só restaurou sua confiança, como o impulsionou a voltar mais forte e congruente com seus próprios ensinamentos.
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Clareza de propósito
Hoje, Cardoso vê o trading como uma ferramenta de transformação pessoal. “Se você quiser se tornar um ser humano melhor, decida estudar sobre trading. Ele vai te provar de várias formas”, defendeu. Para ele, a técnica é o ponto de partida — essencial para iniciantes — mas, com o tempo, o comportamento se torna o fator decisivo. “Fazer trading é simples, mas não é fácil”, reforçou.
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Essa virada também redefiniu seu conceito de sucesso. “Sucesso é fazer o que falei que queria fazer. Se eu digo para minha filha que vamos brincar no parque e eu cumpro, eu tive sucesso. No trade, se sigo o plano que eu mesmo desenhei, eu tive sucesso”, afirmou.
Outro ponto que ele enfatizou é a importância de entender seu “termômetro financeiro”. “Se você entra em uma operação e está relaxado demais, não faz sentido. Se está tenso demais, também não. É preciso operar no nível ideal para o seu momento de vida”, explicou.
Para Guilherme, sucesso não está ligado à ostentação, mas à coerência com os próprios valores. “Cada um precisa entender o que é suficiente. O que traz paz. Tem gente que precisa de um relógio de R$100 mil no pulso. Eu tô com meu Apple Watch de R$ 10 mil e tá tudo certo”, completou.
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Ensinar para aprender
Assim como muitos traders que se tornam mentores, Guilherme descobriu que o ato de ensinar fortalece a própria prática. “Eu entendi que quanto mais falava sobre aquilo que eu estava fazendo, melhor ficava. Eu entendi que quem ensina aprende duas vezes”, comentou. Porém, ele alerta que é necessário viver o que se ensina. “Não adianta ensinar e não aplicar. Isso mina a identidade e destrói a confiança”, afirmou.
Além disso, critica a avalanche de conteúdos superficiais nas redes sociais: “Hoje tem muita gente falando de trading. E onde existe confusão, não existe multiplicação. O excesso de informação atrapalha mais do que ajuda, principalmente quem está começando”. Para ele, a clareza é fundamental — tanto no conteúdo quanto no propósito.
Cardoso sintetizou sua filosofia no mercado. “No trading a gente tem que defender duas coisas: nossa sanidade mental e nosso capital financeiro. Porque até hoje ninguém descobriu como sacar dinheiro de conta simulação”, disse.
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