Soldados da Coreia do Norte que atuavam na guerra da Ucrânia ao lado das forças da Rússia e foram capturados pelo Exército de Kiev vão pedir asilo político na Coreia do Sul. A informação foi confirmada à agência France-Presse (AFP) por Jang Se-yul, diretor da organização Gyeore-eol Nation United, que presta assistência a desertores do regime norte-coreano.
De acordo com Se-yul, dois soldados prisioneiros manifestaram o desejo de se refugiar em Seul durante uma entrevista concedida no último dia 28 de outubro, em local secreto em Kiev.
“Eles pediram ao entrevistador que os levasse para o Sul e imploraram para que prometesse voltar para buscá-los”, afirmou o ativista, também um desertor da Coreia do Norte.
Os dois soldados foram capturados em janeiro deste ano por tropas ucranianas e, segundo o jornal Korea JoongAng Daily, integravam unidades norte-coreanas enviadas pela Rússia para reforçar o combate no leste da Ucrânia. Um dos militares já havia declarado, em fevereiro, que desejava “uma vida normal” na Coreia do Sul, segundo relatou um parlamentar sul-coreano que os visitou.
Autoridades de Kiev informaram que o país está coordenando com organizações internacionais para garantir o cumprimento das Convenções de Genebra sobre o tratamento de prisioneiros de guerra. O Ministério da Defesa sul-coreano ainda não se pronunciou oficialmente, mas o Serviço Nacional de Inteligência de Seul analisa o caso em cooperação com aliados ocidentais.
Pela Constituição da Coreia do Sul, todos os coreanos, inclusive os que vivem no Norte, são reconhecidos como cidadãos da República da Coreia. Isso significa que o pedido de asilo dos prisioneiros pode ser considerado legalmente válido.
O deputado sul-coreano Yu Yong-weon advertiu, contudo, que uma eventual repatriação “seria equivalente a uma sentença de morte”, uma vez que Pyongyang teria instruído suas tropas a se suicidar em caso de captura.
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