O ditador russo Vladimir Putin anunciou na sexta-feira (1º) que o Kremlin iniciou a produção em massa dos Oreshnik, mísseis balísticos de alcance médio com capacidade para transportar ogivas nucleares. O anúncio ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que posicionou dois submarinos nucleares em “regiões apropriadas” após provocações de um aliado de Putin.
A ameaça de Trump havia sido uma resposta direcionada ao ex-presidente da Rússia Dmitry Medvedev, que atualmente integra a gestão de Kremlin como vice-presidente do Conselho de Segurança e não é considerado por analistas um porta-voz preciso da política de Putin. Ele vinha fazendo repetidas ameaças nucleares contra o Ocidente desde o início da invasão russa de larga escala na Ucrânia.
Já o anúncio de Putin sobre os mísseis Oreshnik foi visto como uma resposta de mesmo nível a Trump, marcando uma escalada na retórica nuclear. O armamento russo já foi usado com explosivos não nucleares para atacar a Ucrânia.
No anúncio, feito ao lado do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, Putin afirmou que tem planos de enviar Oreshniks à Bielorrússia já em setembro.
“O trabalho preparatório está em andamento, e muito provavelmente estaremos concluindo antes do final do ano”, afirmou Putin, apontando que a primeira leva dos mísseis Oreshniks já foi produzida e incorporada pelo exército russo.
Em novembro do ano passado, a Rússia usou os Oreshniks pela primeira vez para atacar a Ucrânia, alvejando uma fábrica em Dnipro, quarta maior cidade do país.
Após o ataque, Putin elogiou o armamento acrescentando e mentiu ao afirmar que seu poder de destruição é tão potente quanto uma arma nuclear.
Na ocasião, Moscou usou o armamento como resposta ao governo americano, à época liderado por Joe Biden, depois que o ex-presidente autorizou o uso de mísseis americanos de longo alcance por parte da Ucrânia contra a Rússia.
Capacidades do Oreshnik
Mísseis balísticos como o Oreshnik são de difícil interceptação por defesas antiaéreas. Após o ataque em Dnipro ano passado, Putin afirmou que os sistemas de defesa americanos não seriam capazes de deter seus mísseis, que tem capacidade de vôo dez vezes superior a velocidade do som. A maioria dos mísseis balísticos atinge essas velocidades, desde que foram criados na Guerra Fria.
Além disso, os mísseis têm a capacidade carregar de seis a oito ogivas nucleares, de acordo com militares russos — em um sistema em que o míssil se divide em várias ogivas menores durante o voo para atacar alvos múltiplos.
Eles são capazes de percorrer entre 500 e 5.500 quilômetros e estavam proibidos por um tratado firmado na era soviética, que os Estados Unidos e Rússia abandonaram em 2019. Segundo a Rússia, o Oreshnik possui alcance suficiente para atingir todo o território europeu. De acordo com a agência de notícias Reuters, o alcance da arma poderia se estender à costa oeste dos Estados Unidos.
Putin já destacou o Oreshnik como uma “arma de alta precisão” e destacou que “ninguém no mundo” possui um sistema como o Oreshnik.
“Sim, mais cedo ou mais tarde outras potências também o terão […] Mas isso será amanhã, ou daqui a um ou dois anos, e nós temos agora e isso é o importante”, afirmou Putin em novembro do ano passado.
Anúncio vem em meio a escalada de ameaças nucleares
O anúncio da produção de Oreshniks em massa, vem logo após o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar que posicionou dois submarinos nucleares em “regiões apropriadas” após provocações de um aliado de Putin.
Em resposta a ameaças nucleares feitas pelos ex-presidente da Rússia Dmitry Medvedev, Trump determinou o reposicionamento de dois submarinos nucleares americanos contra a Rússia. Ele não explicou se os submarinos são lançadores de armas nucleares ou embarcações movidas por motores nucleares.
“Com base nas declarações altamente provocativas do ex-presidente russo Dmitry Medvedev, agora vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, ordenei o posicionamento de dois submarinos nucleares nas regiões apropriadas, para o caso de essas declarações tolas e inflamatórias serem mais do que apenas isso. Palavras são muito importantes e muitas vezes podem levar a consequências indesejadas. Espero que este não seja um desses casos”, escreveu o presidente americano na Truth Social.
No início da semana, Medvedev havia criticado o ultimato que Trump havia imposto à Rússia para que encerre a invasão na Ucrânia e advertiu que essa posição do republicano poderia levar a um conflito direto entre os dois países.
“Trump está jogando o jogo do ultimato com a Rússia: 50 dias ou 10 dias? Ele deve se lembrar de duas coisas. Primeiro: a Rússia não é Israel nem o Irã. E segundo: cada novo ultimato é um passo em direção à guerra. Não entre a Rússia e a Ucrânia, mas com seu próprio país”, escreveu o ex-presidente russo no X.
No último dia 28, Trump estipulou um novo prazo de 10 dias para Putin negociar o fim da guerra com a Ucrânia. Em outra publicação no X nesta sexta-feira, o presidente dos EUA chegou a afirmar que quase 20 mil militares russos morreram na guerra neste mês e que o número até agora neste ano chega a 112.500.
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