A preferência do investidor pela renda fixa se mantém, mas a alocação na renda variável segue acontecendo, com o objetivo de diversificar as carteiras de investimentos, ainda que em menor volume. A impressão foi compartilhada por Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes e Pessoa Física da B3, em entrevista ao InfoMoney no dia exclusivo para parceiros XP da Expert XP 2025.
“Tenho conversado com assessores e muitos relatam que a preferência pela renda fixa tem sido a maior. Mas acho que a crença de que o investidor tirava tudo o que tinha da renda variável e colocava na renda fixa quando as taxas de juros subiam está desmistificada”, comentou Paiva.
Segundo o diretor da Bolsa brasileira, é óbvio que o volume alocado em renda variável diminuiu, para melhorar a alocação e distribuição para ativos que estão dando 15% de retorno ao ano. “Mas o que a gente tem visto é uma diversificação de carteira”, ponderou.

Dados da B3 mostram que o número de investidores pessoas físicas da renda fixa teve alta de 22% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, para 96,1 milhões. O valor em custódia cresceu 20%, para quase R$ 2,6 bilhões. Já na renda variável, o número de investidores aumentou 3%, para 5,3 milhões, e o valor em custódia caiu 1%, para R$ 550 milhões.
Segundo Paiva, apesar da migração para produtos de renda fixa, o ano da renda variável teve marcos positivos até o momento, como as entradas líquidas de R$ 26,9 bilhões de investidores estrangeiros no mercado à vista de ações brasileiras – apesar de saídas de R$ 2,2 bilhões no mercado futuro – marcando o melhor primeiro semestre para o grupo desde 2022.
O executivo também citou o recorde do Ibovespa, que bateu 141 mil pontos no início de julho – agora o índice está no patamar dos 133 mil pontos.
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Para atrair os investidores para a renda variável, a B3 tem apostado na diversificação do seu portfólio de produtos e já tem mais novidades na esteira de lançamentos. “Lançamos um rol de produtos futuros, moeda, bitcoin, cripto. Acabamos de lançar o futuro do ouro. Sobre planos: produtos para pessoa física e derivativos estão no pipeline da B3. Temos discutido se introduzimos mais opções semanais no Brasil e outros contratos futuros”.
E reafirma: “A demanda pela renda variável existe. Agora está em menor grau, mas existe, para diversificação de carteira”.
Expectativas para o curto prazo
Felipe Paiva explica que o mercado precifica antecipadamente o movimento da Selic. “A Bolsa já reflete qual é a tendência dos indicadores”, explicou.
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O DI futuro de janeiro de 2026 (DI1F2026), precificado em 14,94%, evidencia a expectativa do mercado sobre os juros no Brasil no curto prazo, pelo menos até o momento – tornando razoável apostar na manutenção da preferência pela renda fixa por parte dos investidores, característica de momentos com taxas de juros altas.
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