A tarifa de importação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros começa a valer nesta quarta-feira (6), coroando uma escalada comercial que se intensificou ao longo de 2025 e misturou economia e política. Desde o primeiro aumento sobre ferro e aço, em fevereiro, até a divulgação de uma lista de 694 itens isentos no fim de julho, a disputa evoluiu para um impasse diplomático com impacto direto sobre setores estratégicos da indústria e do agronegócio.
A medida, que afeta cerca de 35% das exportações brasileiras aos EUA, foi atenuada pela extensa lista de exceções, mas a tensão política que envolveu até sanção dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes, na avaliação de especialistas, dificulta negociações entre Lula e Trump.
Relembre as principais datas do tarifaço:
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10 de fevereiro – Tarifa de 25% sobre ferro e aço
Donald Trump iniciou a escalada tarifária deste ano com o anúncio de uma taxa de 25% sobre as importações de ferro e aço, inclusive brasileiros. A justificativa oficial foi a “defesa da indústria local” e a proteção da segurança nacional, enquadrada na Seção 232 da lei comercial americana. O Brasil, grande exportador desses insumos, viu o movimento como um sinal de que mais medidas restritivas poderiam vir.
2 de abril – Tarifa recíproca de 10% para o Brasil
No início de abril, o governo dos EUA aplicou ao Brasil a chamada “tarifa recíproca” de 10%, parte da nova política de alinhamento de alíquotas com parceiros comerciais. A medida foi justificada por Trump como resposta à “falta de reciprocidade” nas relações comerciais, mas, naquele momento, ainda não incluía sobretaxas adicionais específicas.
30 de maio – Aumento da tarifa de ferro e aço para 50%
Menos de três meses após o anúncio inicial, a Casa Branca elevou a tarifa sobre ferro e aço brasileiros para 50%. O salto foi interpretado como uma retaliação direta a políticas internas brasileiras consideradas “desfavoráveis” por Washington. Esse aumento afetou diretamente setores industriais e gerou pressão em Brasília para buscar diálogo.
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9 de julho – Anúncio de tarifas de 50% para o Brasil
Trump anunciou que os produtos brasileiros passariam a pagar 50% de imposto para entrar nos EUA. Trump impõe tarifa de 50% sobre Brasil e cita Bolsonaro e ‘relação comercial injusta’no Supremo Tribunal Federal (STF), o que ampliou o tom político da disputa comercial.
19 de julho – Suspensão de vistos de ministros do STF
O conflito ganhou contornos diplomáticos mais sérios quando Trump suspendeu os vistos de entrada nos EUA de sete ministros do STF, incluindo Alexandre de Moraes. A medida foi lida em Brasília como tentativa de interferência em assuntos internos e aumentou a tensão nas negociações comerciais.
30 de julho – Confirmação da tarifa de 50% e lista de 694 produtos isentos
Em um movimento de impacto duplo, a Casa Branca confirmou a entrada em vigor da tarifa de 50%, mas publicou uma extensa lista de 694 produtos brasileiros que ficariam isentos da medida. Entre eles, petróleo, aeronaves, suco de laranja e celulose, setores responsáveis por mais de 40% do valor exportado pelo Brasil aos EUA em 2024. Economistas apontaram que isso reduziu a alíquota média efetiva para cerca de 30%.
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30 de julho – Aplicação da Lei Magnitsky sobre Alexandre de Moraes
No mesmo dia, Trump anunciou sanções contra Alexandre de Moraes sob a Lei Magnitsky, incluindo restrições financeiras e de viagem. A justificativa foi suposta violação de direitos humanos, mas analistas destacaram o uso inédito dessa lei contra um magistrado de país aliado, o que aprofundou a crise política.
6 de agosto – Implementação das tarifas
Nesta quarta-feira, a tarifa de 50% entra oficialmente em vigor para todos os produtos brasileiros não listados nas isenções. O impacto será mais forte sobre setores como carnes, café, frutas e calçados. O governo brasileiro mantém negociações e prepara medidas de apoio, enquanto descarta, por ora, retaliações diretas.
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