O anúncio do governo de Israel sobre um novo plano militar para a Faixa de Gaza está repercutindo no cenário internacional.
Nesta sexta-feira (8), o chanceler alemão, Friedrich Merz, anunciou que seu governo suspenderá até segunda ordem as exportações para Israel de armas que poderiam ser usadas na Faixa de Gaza.
“Nessas circunstâncias, o governo federal não aprovará, até segunda ordem, nenhuma exportação de equipamento militar que possa ser usado na Faixa de Gaza”, enfatizou Merz, em uma decisão sem precedentes para um governo alemão.
No comunicado, o chanceler afirmou que o plano não mostra como Israel pretende atingir os objetivos de desarmar o Hamas, garantir a libertação de reféns e iniciar rapidamente negociações de cessar-fogo.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, se manifestou apelado a Israel para reconsiderar a decisão.
No X, ela escreveu: “A decisão do governo israelense de estender ainda mais sua operação militar em Gaza deve ser reconsiderada. Ao mesmo tempo, deve haver a libertação de todos os reféns, que estão sendo mantidos em condições desumanas. E a ajuda humanitária deve ter acesso imediato e irrestrito a Gaza para entregar o que é urgentemente necessário no terreno. Um cessar-fogo é necessário agora”.
A Bélgica convocou o embaixador israelense nesta sexta-feira para manifestar sua rejeição ao plano anunciado por Israel de ocupar a Cidade de Gaza e assumir o controle militar do enclave.
Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores belga disse que o país queria “expressar total desaprovação desta decisão, mas também da colonização contínua… e do desejo de anexar a Cisjordânia”. Na nota, o governo belga acrescentou que “defenderá vigorosamente” a reversão da decisão.
A Arábia Saudita chamou de “limpeza ética” a nova medida do governo israelense. “Condenamos nos termos mais fortes e enérgicos a decisão das autoridades de ocupação israelenses de ocupar a Faixa de Gaza”, diz uma declaração do Ministério das Relações Exteriores no X.
Na publicação, Riad acrescenta que “condena categoricamente sua persistência em cometer crimes de fome, práticas brutais e limpeza étnica contra o povo palestino irmão”.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse em nota enviada à AFP que Pequim recebeu com “preocupação” o anúncio do plano.
“Gaza pertence ao povo palestino e é parte inseparável do território palestino. A maneira correta de aliviar a crise humanitária em Gaza e garantir a libertação dos reféns é um cessar-fogo imediato”, acrescentou o porta-voz.
A Turquia apelou à comunidade internacional e ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para impedir a implementação do plano. O Ministério das Relações Exteriores declarou que cada passo do governo israelense para “deslocar à força os palestinos de suas próprias terras” representa um duro golpe para a segurança global.
Reação dentro de Israel
Famílias de reféns israelenses que permanecem detidos por terroristas na Faixa de Gaza classificaram o plano como “imprudente” e exigiram novamente um acordo com o Hamas para libertar seus entes queridos.
“Nosso governo está nos levando a uma catástrofe colossal para os reféns e para os nossos soldados. O gabinete (de segurança) decidiu embarcar em uma nova marcha de imprudência nas costas dos reféns, dos soldados e da sociedade israelense”, disse o Fórum de Famílias de Reféns e Pessoas Desaparecidas em comunicado.
Os comandantes das forças armadas israelenses têm relutado com esse plano, que envolve operar em locais onde há reféns (20 vivos e 30 mortos), por medo de que os terroristas os executem diante do avanço das tropas, como aconteceu no final de agosto de 2024 com seis cativos, que foram encontrados em 1º de setembro.
O Hamas advertiu Israel nesta sexta-feira que expandir suas operações na Faixa de Gaza significa “sacrificar” os reféns ainda mantidos no enclave.
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