A escalada do Ibovespa em 2025, que já acumula alta de 21,8% no ano, não veio sozinha. O avanço do principal índice da Bolsa brasileira foi acompanhado, em maior ou menor intensidade, pelos principais índices setoriais da B3 — um retrato que revela tanto a força compradora em setores ligados ao ciclo doméstico quanto as fragilidades de segmentos mais dependentes do mercado externo.
O destaque absoluto é o Índice Imobiliário (IMOB), com salto de 65,7%. Na sequência, brilham os setores tradicionalmente vistos como defensivos. O Índice de Utilidade Pública (UTIL) sobe 45,4%, impulsionado por elétricas e empresas de saneamento, que, embora menos sensíveis ao ciclo econômico, se beneficiam da migração de fluxo em busca de dividendos robustos. Já o Índice de Energia Elétrica (IEEX) avança 41,4%, apoiado em ganhos expressivos de Eletrobras e distribuidoras regionais, que voltaram ao radar com a melhora da percepção de risco no país.
O Índice Financeiro (IFNC) também aparece entre os destaques, acumulando 36,1% de valorização. O Índice de Consumo (ICON), por sua vez, acumula 24,6%, refletindo a recuperação de varejistas e companhias de e-commerce, altamente sensíveis ao custo de crédito e à renda das famílias.
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Na outra ponta, a fotografia setorial expõe desequilíbrios. O Índice Industrial (INDX) registra apenas 1,2% de alta, num ano de resultados mais modestos para empresas de bens de capital, construção pesada e manufatura.
Mais preocupante, o Índice de Materiais Básicos (IMAT) cai 3,7%, pressionado pelo desempenho de Vale e siderúrgicas, diretamente expostas à volatilidade do minério de ferro. O contraste com o IMOB ilustra a divisão entre setores puxados pela dinâmica doméstica e aqueles dependentes do ciclo global.

Perspectivas
Nos próximos meses, a atenção dos investidores deve se concentrar nas decisões de política monetária do Copom e do Federal Reserve, que podem alterar o ritmo de fluxo estrangeiro, além da trajetória do minério de ferro e do petróleo, determinantes para os setores de maior peso.
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A leitura técnica, contudo, já sugere cautela: após altas expressivas, alguns índices operam em regiões de sobrecompra, abrindo espaço para movimentos de correção no curto prazo antes de uma nova pernada de alta.
A seguir, apresentaremos a análise técnica do índice que mais subiu (IMOB) e do índice que mais caiu (IMAT). Confira a análise e os principais pontos de suporte e resistência.
Análise técnica Índice Imobiliário (IMOB)
O IMOB, destaque entre os índices da B3 em 2025, mantém forte tendência de alta e já acumula ganho de 5,57% em setembro. No gráfico semanal, o índice vem de uma sequência consistente de oito semanas consecutivas de valorização, embora nesta semana opere próximo à estabilidade, com leve queda de 0,07%. O movimento segue sustentado pelo fluxo comprador, com o ativo negociando acima das médias móveis de 9 e 21 períodos, ainda que com certo afastamento.
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Suportes: 1.182 pontos, 1.124,71 pontos, 1.036 pontos e 976 pontos.
Resistências: 1.259,61 pontos, 1.444,81 pontos e topo histórico em 1.527,90 pontos.
IFR (14): em 79,23 pontos, indicando sobrecompra e sugerindo espaço para correção no curto prazo.
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A leitura técnica mostra que, apesar da possibilidade de ajustes pontuais, o índice mantém fluxo comprador consistente e tendência de alta bem definida, sustentando sua posição de protagonista no rali da Bolsa em 2025.

Confira mais análises:
Análise técnica Índice de Materiais Básicos (IMAT)
O IMAT segue em tendência de baixa, embora nas últimas semanas opere dentro de um movimento lateral. A análise pelo gráfico semanal mostra que o índice ainda busca força compradora, mas permanece pressionado, refletindo a volatilidade das empresas de mineração e siderurgia.
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Suportes: 5.152/4.990 pontos, 4.750 pontos e 4.467 pontos.
Resistências: 5.384,48 pontos, 5.582 pontos, 6.095 pontos e 6.288,55 pontos.
IFR (14): em 52,24 pontos, em zona neutra, sem indicar sobrecompra ou sobrevenda.
Apesar de negociar acima das médias móveis de 9 e 21 períodos, o índice precisa superar as próximas faixas de resistência para confirmar um movimento de recuperação mais consistente. Em setembro, acumula leve alta de 0,76%, mas ainda mostra fragilidade.

(Rodrigo Paz é analista técnico)
Guias de análise técnica:
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