Notícias em alta
Categorias
Fique conectado
Notícias em alta
Ao utilizar nosso site, você concorda com o uso de nossos cookies.

Notícias

OpenAI aposta no futuro comprando milhões de chips sem recursos suficientes
Economia

OpenAI aposta no futuro comprando milhões de chips sem recursos suficientes 

Na corrida acelerada pela inteligência artificial (IA), a OpenAI faz pedidos de chips que somam centenas de bilhões de dólares, valores que não correspondem à sua receita atual e que preocupam parte dos investidores.

Em menos de um mês, a criadora do ChatGPT se comprometeu com a Nvidia, AMD e Broadcom a adquirir processadores com uma potência de 26 gigawatts (GW), o que representa, no total, pelo menos 10 milhões de unidades e exigiria uma produção elétrica equivalente à de mais de vinte reatores nucleares.

“Eles vão precisar de centenas de bilhões de dólares para cumprir essas obrigações”, resume Gil Luria, da consultoria financeira D.A. Davidson.

Continua depois da publicidade

Procurada pela AFP, a empresa se recusou a comentar sobre o financiamento dessa compra frenética.

Bilhões em compras

Em entrevista à emissora CNBC, o cofundador da OpenAI, Greg Brockman, mencionou “diferentes mecanismos”, sem dar mais detalhes. Nvidia, AMD e Broadcom, também procuradas pela AFP, não comentaram sobre as modalidades de pagamento desses processadores essenciais para o avanço da IA.

No caso da Nvidia, a empresa se comprometeu a adquirir, ao longo de vários anos, US$ 100 bilhões em ações da OpenAI — uma injeção de capital fresco que poderia permitir à estrela da IA absorver parte do custo dos chips.

Esse tipo de operação costuma ser classificado como financiamento circular, em que um fornecedor oferece os meios para que o cliente compre seus próprios produtos ou serviços.

Chips de IA no mercado

A AMD, por sua vez, aceitou conceder títulos a cliente, cujo valor pode chegar a dezenas de bilhões de dólares — uma operação bastante atípica, pois não envolve nenhuma contrapartida direta.

“Isso representa outra dinâmica pouco saudável”, observa Luria, que também destaca que a AMD está “desesperada para colocar seus chips de IA no mercado”.

Continua depois da publicidade

O CEO da OpenAI, Sam Altman, “tem o poder de afundar a economia global por uma década ou de nos levar à terra prometida”, escreveu o analista da Bernstein, Stacy Rasgon. “E, neste momento, não sabemos qual dessas opções está em jogo.”

Dilema e concorrência

Levantar capital — especialmente vindo da Nvidia — “não será nem de longe suficiente” para cobrir a conta, mesmo com uma avaliação atual de US$ 500 bilhões. Assim, a empresa provavelmente terá que se endividar, estima Luria.

Alguns mencionam veículos financeiros ad hoc, que tomariam emprestadas as quantias necessárias oferecendo os chips como garantia — fórmula que Nvidia e xAI (concorrente da OpenAI) usarão em outra parceria.

Continua depois da publicidade

A estratégia é ainda mais ousada considerando que a startup concorre com gigantes como Google e Meta, que geram dezenas de bilhões de dólares em caixa todos os anos e têm um poderio incomparável.

Bolha especulativa?

O termo bolha especulativa tem sido cada vez mais mencionado nas últimas semanas, assim como comparações com os enormes investimentos em infraestrutura de internet no final da década de 1990 — especialmente em cabos — que estavam muito à frente do tráfego de dados da época.

“Parece um pouco diferente desta vez”, pondera Josh Lerner, professor de finanças da Universidade de Harvard, porque “é claro que há uma demanda muito real por IA em uma variedade de contextos”.

Continua depois da publicidade

Apesar das vozes dissonantes, Wall Street mantém o rumo por enquanto e continua apostando fortemente nas estrelas da IA.

“Como se equilibra esse tipo de potencial futuro (…) com a natureza especulativa de muitos dos fluxos de caixa?”, questiona Lerner. “É um verdadeiro dilema.”

Postagens relacionadas