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o que se sabe e quais ações podem ganhar na B3
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o que se sabe e quais ações podem ganhar na B3 

A China anunciou o início das obras da maior hidrelétrica do mundo, localizada no Planalto Tibetano, próximo à fronteira com Butão e Nepal. A planta será composta por cinco usinas em cascata, com capacidade total de 300 bilhões de kWh (quilowatt-hora) por ano — o triplo da hidrelétrica de Três Gargantas (CN), atualmente a maior do mundo.

O investimento estimado é de US$ 167 bilhões, o equivalente a cerca de R$ 933 bilhões. A construção ocorre no rio Yarlung Tsangpo, com obras previstas para durar cerca de 10 anos.

A China, maior emissora de carbono do mundo, está operando uma enorme expansão de energia renovável para atingir metas de redução de emissões e estabilizar seu fornecimento de energia. O país possui dezenas de milhares de projetos hidrelétricos, muito mais do que qualquer outro país.

A iniciativa também visa impulsionar a economia, mas levanta preocupações ambientais e geopolíticas, especialmente por parte da Índia e de Bangladesh, que compartilham o curso do rio.

O governo chinês, por sua vez, rejeita as críticas e afirma que o projeto estimulará empregos na região, aumentará o fornecimento doméstico de energia e impulsionará o desenvolvimento do setor de energias renováveis.

Segundo o Morgan Stanley, a expectativa é de que o projeto consuma entre 20 e 30 milhões de toneladas (mnt) de cimento ao longo de sua execução, ou cerca de 1 a 1,5 mnt por ano. Na avaliação do banco, a fábrica da Huaxin no Tibete, situada a apenas 400 km do canteiro de obras, tende a ser a mais favorecida. O Morgan Stanley também destaca que siderúrgicas já começaram a receber pedidos relacionados à obra.

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Na análise da instituição, a geração de energia e a infraestrutura de transmissão devem impulsionar a demanda por cobre e alumínio. A eletricidade gerada será prioritariamente transmitida para outras regiões, mas também atenderá o consumo local. Para o banco, o fornecimento abundante de energia, uma vez iniciado o funcionamento da usina, pode atrair investimentos em data centers e outros projetos com alto consumo energético, o que também seria positivo para os mercados de cobre e alumínio.

Apesar de diversos investidores questionarem se o projeto pode gerar escassez de equipamentos de alta tensão na Ásia — considerando o papel da China como exportadora global —, o JPMorgan considera improvável um impacto imediato, já que a construção levará anos (ou até uma década), e os fabricantes chineses têm alta capacidade de adaptação e expansão da produção. O banco observa que, embora o mercado global de transformadores e disjuntores de alta tensão siga apertado — beneficiando especialmente empresas da Coreia do Sul —, o projeto hidrelétrico, por si só, não deve ser um catalisador imediato de escassez.

Demanda por materiais de construção

O Bradesco BBI espera que o projeto impulsione a demanda por materiais de construção, o que seria positivo para a Vale (VALE3) e para a CSN (CSNA3). Apesar da sazonalidade mais fraca, os preços do minério de ferro continuam a apresentar forte impulso, com o crescente fluxo de notícias sobre o compromisso da China em reduzir a capacidade obsoleta, sustentando o sentimento do mercado.

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“Os mercados futuros de minério de ferro e vergalhões estão reagindo positivamente ao anúncio do projeto da mega-hidrelétrica”, disse Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities em Cingapura.

Não há dúvida de que a construção da usina beneficiará significativamente os mercados locais de aço e poderá atrair aço para construção de diversas partes da China, especialmente considerando que o projeto é de três a quatro vezes maior que a Usina de Três Gargantas, acrescentou Atilla.

Já a Genial Investimentos avalia que o megaprojeto reforça o esforço chinês em reaquecer sua economia via investimentos em infraestrutura, especialmente em energias renováveis. “O investimento bilionário poderá impulsionar a demanda por aço e minério de ferro, oferecendo algum alívio frente à queda estrutural da demanda do setor imobiliário”, pontua. “O mercado viu isso como um movimento positivo, ainda que especulativo, para os players de aço e minério.”

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Além disso, conforme a Genial, o anúncio pode sinalizar uma nova rodada de estímulos macroeconômicos — o que tende a gerar otimismo de curto prazo nos mercados globais, ainda que o efeito seja temporário. Com isso, reiterou recomendação de compra para Vale, com preço-alvo de R$ 64.

Já o BTG Pactual avalia que, por ora, vê as notícias recentes mais como especulativas e com impacto limitado no saldo de oferta e demanda, já que os temas (além da hidrelétrica, as reformas do lado da oferta na China) podem se mostrar difíceis no longo prazo. “Embora reconheçamos que o setor está altamente ‘fora de moda’ e propenso a episódios de volatilidade, preferimos postura neutra, até termos maior visibilidade sobre esses temas-chave”, aponta o banco, ao falar sobre mineradoras e siderúrgicas.

O banco buscou estimar a possível demanda incremental de aço gerada pelo enorme projeto no Tibete. Considerando o desenvolvimento hidrelétrico mais recente da China — a usina de Três Gargantas — o projeto gerou aproximadamente 460–510 mil toneladas de demanda adicional de aço ao longo de um período de construção de 15–20 anos. Assumindo intensidade de uso de aço semelhante para um projeto três vezes maior (apesar de algumas diferenças específicas do projeto), o novo projeto poderia demandar entre 1.4–1.9 milhão de toneladas de aço no total, ou cerca de 140–190 mil toneladas por ano ao longo da próxima década — o que representaria menos de 0,5% da produção total anual de aço bruto da China.

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“Com isso em mente, embora este projeto possa trazer efeitos positivos à economia chinesa, não acreditamos que altere o quadro estrutural de excesso de capacidade no setor siderúrgico chinês — um fator estrutural negativo que deve continuar pressionando os preços do minério de ferro e do aço”, avalia.

O BTG ressalta que os preços do minério de ferro têm demonstrado uma resiliência notável nas últimas semanas, negociando acima de US$ 104 a tonelada (t). No entanto, acredita que esse rali foi impulsionado mais por fluxos especulativos do que por fundamentos.

Neste sentido, a equipe de análise tem mantido uma postura cética em relação aos fundamentos de minério de ferro e aço há algum tempo, e não vê os desenvolvimentos recentes como suficientemente “disruptivos” para alterar sua visão.

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“Continuamos a enxergar a Vale como uma empresa bem administrada e competitiva, mas operando em um ambiente macro ainda desafiador, com preços de minério de ferro que, em nossa opinião, devem eventualmente recuar para abaixo de US$ 90/t — o que naturalmente pressiona a performance das ações”, avalia. Já no setor de aço, o excesso de capacidade global continua sendo um obstáculo importante, e a visão negativa sobre as siderúrgicas brasileiras permanece inalterada.

O BTG vê que a Gerdau continua se destacando como a exceção, dada sua forte exposição ao mercado norte-americano — o que sustenta recomendação de compra, enquanto segue vendido em Usiminas (USIM5) e CSN.

“Em suma, embora reconheçamos os possíveis impactos de curto prazo das manchetes recentes sobre o setor, ainda não temos convicção em uma recuperação significativa ou sustentada, já que os fundamentos gerais continuam fracos”, conclui.

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