Após meses de expectativa, a Petrobras (PETR3;PETR4) finalmente conseguiu o tão esperado aval do órgão ambiental federal Ibama para perfurar um poço na Bacia da Foz do Amazonas, em águas profundas do Amapá. Com isso, ela irá verificar se há um amplo potencial de reservas de petróleo e gás para a abertura de uma nova fronteira exploratória.
Em meio a polêmicas que opõem ambientalistas e o setor de óleo e gás sobre o tema, o mercado tateia os possíveis impactos para as ações da Petrobras.
A licença permitirá que a Petrobras perfure um poço exploratório no bloco FZA-M-059, possibilitando à empresa avaliar melhor as reservas e o potencial produtivo do ativo. A emissão da licença ocorre após a conclusão do teste pré-operacional realizado pelo órgão em agosto (anunciado anteriormente). Segundo o comunicado, a sonda já está no local e a perfuração deve começar imediatamente, com duração estimada de cinco meses.
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Para o Goldman Sachs, a notícia é positiva e estratégica para a estatal.
“Embora reconheçamos que ainda há um grau considerável de incerteza quanto ao tempo e ao potencial de produção da nova bacia, vemos a notícia de hoje como um ponto positivo estratégico”, avalia.
Os analistas do Goldman citam que a gestão da Petrobras tem destacado a relevância da Margem Equatorial para a empresa, especialmente considerando que o pré-sal deve atingir o pico de produção ainda nesta década. “Essa nova fronteira pode reabastecer as reservas e estender o perfil de produção da Petrobras”, aponta.
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O Itaú BBA ressalta que, embora a emissão da licença ambiental hoje represente um marco importante, ainda é uma fase muito inicial do processo de exploração, com várias etapas restantes antes que qualquer desenvolvimento comercial possa ser considerado.
“Exemplos históricos como Tupi e Búzios mostram que, mesmo após descobertas iniciais, podem ser necessários anos de avaliação, testes e investimentos significativos para confirmar o potencial do reservatório e declarar a comercialidade”, avalia.
Para Malek Zein, analista da Eleven Financial, a atividade de exploração, como a conduzida neste bloco, é uma prática recorrente da Petrobras, visando identificar novas reservas e potenciais fontes de produção. A descoberta de uma jazida, caso ocorra, pode levar anos até que se traduza em benefícios econômicos concretos.
“Portanto, a exploração neste bloco representa uma iniciativa de pesquisa, com o objetivo de avaliar o potencial de recursos, sem expectativas imediatas de produção. A perfuração e as análises subsequentes determinarão a viabilidade econômica de uma futura exploração nos próximos anos”, ressalta.
Olhando para frente, o Itaú BBA ressalta que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que a bacia de Foz do Amazonas pode conter cerca de 5,7 bilhões de barris de petróleo, o que poderia aumentar as reservas provadas do Brasil em 34% e as da Petrobras em 58%. Como análise de sensibilidade, se as reservas da Petrobras aumentarem em cerca de 6 bilhões de barris de óleo equivalente (boe), o múltiplo EV (valor da firma)/Reserva da empresa cairia de US$ 11,5/boe para US$ 7,6/boe, ficando consideravelmente abaixo dos pares globais.
A Petrobras planeja perfurar 15 poços na Margem Equatorial, com um investimento exploratório estimado em US$ 3 bilhões no Plano Estratégico 2025-29. O primeiro poço exploratório, o “Morpho”, está previsto para ser perfurado em cerca de 150 dias no bloco que teve a licença aprovada hoje. Dependendo dos resultados, outros três poços poderão ser perfurados na área. Além disso, há outros sete poços planejados para os blocos FZA-M-57, FZA-M-88 e FZA-M-127, ao longo de aproximadamente 2,5 anos.
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O Itaú BBA tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 43 para PETR4, enquanto o Goldman tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 35,40 para o mesmo ativo.
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