Com expectativa de mais um trimestre de desaceleração da carteira de crédito, a XP Investimentos prevê que o Bradesco (BBDC4) seja o destaque positivo da temporada de resultados bancários, enquanto Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) devem entregar resultados neutros, e o Banco do Brasil (BBAS3) permanece como o ponto fraco.
Em relação à qualidade do crédito, analistas destacaram em relatório esperar aceleração dos NPLs (créditos em atraso) nas carteiras de Agronegócio e pequenas e médias empresas (PMEs), enquanto a carteira de Pessoas Físicas deve continuar com um ritmo mais lento de deterioração.
Além disso, com desenvolvimentos mistos na margem financeira líquida (NIM) e sem destaques significativos na otimização de despesas operacionais, analistas esperam que os níveis de rentabilidade registrem pequenas oscilações.
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Bradesco (BBDC4)
A XP prevê que os resultados do Bradesco no 3T25 representem mais um passo na recuperação da rentabilidade, com lucro atingindo R$ 6,2 bilhões. Segundo relatório, a carteira de crédito pode mostrar desaceleração, mas em linha com o mercado. O destaque deve continuar sendo PMEs (pequenas e médias empresas), enquanto o segmento de empréstimos consignados privados começa a ganhar tração.
Com relação a qualidade de ativos, analistas projetam leve aumento da taxa de inadimplência (NPLs), apesar do momento positivo em PMEs. O crescimento da carteira, mesmo com viés para linhas garantidas, deve permitir mais um trimestre de melhoria na margem financeira líquida (NIM). O segmento de seguros também deve manter desempenho sólido.
Em tarifas, a XP espera normalização, considerando o efeito de base da consolidação da Cielo. A recomendação segue neutra com preço-alvo de R$ 17.
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Embora não se destaque neste 3T25, a XP ainda vê Itaú como o melhor player para navegar no ambiente macro atual, com potencial de valorização (upside) significativo a ser impulsionado por melhorias no índice de eficiência.
A XP prevê que os resultados do Itaú devam seguir a tendência do trimestre anterior. O crescimento da carteira de crédito será liderado por PMEs (pequenas e médias empresas), enquanto o crédito imobiliário para Pessoas Físicas desacelera, mas ainda acima da orientação anual. Em empréstimos consignados, o privado acelera e o INSS sofre com questões operacionais. O crédito corporativo deve ter crescimento prejudicado pela variação cambial.
Quanto à qualidade do crédito, a XP espera estabilidade em pessoas físicas e algum aumento em PMEs, mas indicadores devem ser similares ao 2T25.
Em termos de margem financeira líquida, a expectativa é certa desaceleração, enquanto o Itaú deve registrar crescimento sequencial em tarifas, impulsionado por seguros e recuperação em Investment Banking (DCM). No entanto, o desempenho positivo deve ser compensado por maiores despesas, impacto do acordo trabalhista de setembro. Diante disso, a estimativa é de lucro líquido de R$ 11,7 bilhões, ligeiramente acima do trimestre anterior, implicando em retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 22,9%.
A XP reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 45.
Banco do Brasil (BBAS3)
Como amplamente esperado, o Banco do Brasil (BBAS3) deve reportar mais um trimestre pressionado, devido à desaceleração no crescimento das carteiras Corporate e Agronegócio, refletindo o ambiente mais desafiador, enquanto a carteira de Pessoas Físicas deve acelerar, principalmente em linhas garantidas como empréstimos consignados privados.
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Segundo estatimativas, a carteira total deve crescer 9% na base anual, ainda acima do limite superior da orientação para 2025, sugerindo possível desaceleração adicional e comparativos difíceis levando à contração no 4T.
Em qualidade de ativos, segundo a XP, o Agro continua sendo a principal preocupação, com aumento da inadimplência, especialmente porque o 3T concentra cerca de 40% dos vencimentos da safra do ano. O Corporate também deve pressionar, impactado por juros elevados e efeitos de longo prazo do setor agro. NPLs em Pessoas Físicas devem manter ritmo gradual de deterioração, beneficiando-se de maior liquidez.
De acordo com o relatório, necessidades de provisão continuarão elevadas, fechando o ano acima da orientação de R$ 59 bilhões, com custo de risco próximo a 5% em 2025.
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Do lado ponto positivo, a corretora espera leve aumento sequencial na receita líquida de juros (NII), impulsionado por spreads maiores e resultado positivo em tesouraria. As tarifas devem permanecer pressionadas, convergindo para a orientação. Com despesas crescendo em linha com a inflação, a previsão é nova contração no lucro líquido, cerca de 6% na base trimestral e 62% na comparação anual, implicando em ROE de 8%.
No geral, a combinação de recuperação lenta e incerta, ROE baixo, dividend yield modesto e P/L acima da média histórica reforça a visão cautelosa sobre o BB e mantém classificação neutra, com preço-alvo de R$ 25.
A XP projeta que o Santander terá performance do 3T25 semelhante ao primeiro semestre, com crescimento fraco na carteira expandida. A carteira de Pessoas Físicas deve se beneficiar de veículos e cartões de crédito, enquanto Agronegócio e consignados apresentam crescimento lento. PMEs devem avançar de forma moderada nas linhas FGI e Pronampe, e o Corporate permanece estável, mas afetado pela variação cambial.
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O NII, por sua vez, deve apresentar alta de 3,8% em relação ao trimestre anterior e de 5% na base anual, enquanto tarifas e comissões seguem pressionadas.
A qualidade do crédito deve registrar aumento de NPLs de curto prazo, elevando provisões e custo de risco. Com pouca otimização de despesas, a XP estima crescimento fraco do lucro líquido, com leve queda sequencial no ROE.
A corretora manteve recomendação de compra para ações do Santander, com preço-alvo de R$ 35.
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