O jornal americano The New York Times divulgou uma retratação nesta quarta-feira (30) sobre um artigo que mostrava pessoas na Faixa de Gaza sofrendo de desnutrição severa e fome em meio à guerra entre Israel e o Hamas.
Na publicação, foi usada uma foto comovente de uma criança com menos de 2 anos de idade em destaque, mas sem muitas informações sobre ela. Posteriormente, o hospital onde a criança foi tratada e um médico de Mohammed Zakaria al-Mutawaq explicaram que ela sofria de doenças pré-existentes.
Em entrevista à BBC, na semana passada, a mãe da criança, Hedaya al-Mutawaq, informou que antes da guerra, ele já sofria de hipotonia, doença também conhecida como falta de tônus muscular. Apesar dessa condição, a criança aprendeu a sentar e levantar “como as outras crianças” com sessões de fisioterapia, disse a mãe.
Segundo a emissora britânica, ele foi fotografado por Ahmed al-Arini em 21 de julho, em uma tenda erguida na Faixa de Gaza. Antes da crise humanitária iniciada com a guerra provocada pelo Hamas no Oriente Médio, Mohammed Zakaria al-Mutawaq pesava cerca de nove quilos. “Agora ele pesa seis quilos” informou a mãe à BBC, dizendo que a criança passou a sofrer também de desnutrição além da doença anterior.
Na foto usada pelo Times, Mohammed Zakaria al-Mutawaq aparece de costas posicionado nos braços da genitora. A comoção da imagem está na percepção do corpo esquelético da criança. A foto ganhou repercussão internacional e se tornou um dos símbolos da denunciada fome no enclave palestino.
“Se o The Times tivesse conhecimento da informação antes da publicação, ela teria sido incluída no artigo e na legenda da imagem”, escreveu o jornal americano em uma nota de editor acompanhada de outas correções em artigos diversos.
Israel diz que Hamas está explorando narrativa a seu favor
O governo de Israel criticou o uso da foto pelo New York Times, citando a retratação do jornal em uma publicação no X. Nesta quinta-feira (31), o Coordenador de Atividades Governamentais nos Territórios (Cogat), do Ministério da Defesa israelense, citou outra imagem que classificou como “propaganda enganosa” contra o país.
O governo se referia a outra imagem viral de um menino palestino de 14 anos, Abdul Qader al-Fayoumi, que supostamente morreu de fome em Gaza.
De acordo com o Cogat, a versão é “enganosa”, citando um distúrbio neurológico genético do adolescente, que chegou a ser tratado em Israel em 2018.
No X, o órgão que coordena a distribuição de ajuda humanitária disse que o grupo terrorista Hamas está explorando essas narrativas para espalhar mentiras e culpar Israel pela situação.
“O Hamas está usando fotos de crianças doentes para promover a narrativa da ‘fome’ e culpar Israel. Mas a verdade conta uma história diferente”, diz a publicação, acrescentando que Israel havia evacuado 180 pacientes e seus acompanhantes para tratamento fora do país.
“Enquanto isso, o Hamas continua explorando-os cinicamente para sua própria agenda distorcida, e parte da mídia internacional acredita nisso”, acrescentou o Cogat na publicação.
Trump fala em “fome de verdade” em Gaza
Nesta semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, rejeitou a versão do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de que não há fome em Gaza.
“É fome de verdade. Eu vejo, e não dá para fingir. Então, vamos nos envolver ainda mais”, afirmou o republicano na segunda-feira (28).
Trump manteve sua posição de que a responsabilidade maior pela crise humanitária é do Hamas, que iniciou a guerra com o massacre de 7 de outubro, mas não retirou alguma culpa de Israel pela situação.
Nesta quinta-feira, o presidente americano voltou a fazer comentários sobre Gaza. Ele afirmou na Truth Social que “a forma mais rápida de acabar com crise humanitária em Gaza é o Hamas se render e libertar os reféns”.
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