O governo da Nigéria divulgou neste sábado (1º) um comunicado em que rebate as acusações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que alegou que “radicais islâmicos estão assassinando milhares de cristãos” no país.
O comunicado pontuou que o governo nigeriano “toma nota das recentes declarações” de Trump, mas afirma que “essas afirmações não refletem a realidade no terreno. (…) Os nigerianos de todas as religiões têm vivido, trabalhado e praticado sua fé juntos pacificamente há muito tempo”.
A nota do governo do presidente Bola Ahmed Tinubu ainda saliente que o país “mantém o seu compromisso de combater o terrorismo, fortalecer a harmonia inter-religiosa e proteger a vida e os direitos de todos os seus cidadãos”.
Por outro lado, em setembro deste ano, o senador americano Ted Cruz, do Partido Republicano, havia apresentado um projeto de lei justamente para que o governo dos Estados Unidos designasse a Nigéria como um país de preocupação especial e aplicasse sanções. A medida foi defendida por Trump na última sexta-feira, quando se pronunciou sobre a situação dos cristãos na Nigéria.
No seu relatório sobre liberdade religiosa no período 2023-2024, divulgado na semana passada, a Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, na sigla em inglês), uma fundação pontifícia da Igreja Católica, registrou a onda de violência crescente contra cristãos na Nigéria, impulsionada em grande parte por grupos terroristas islâmicos, como o Boko Haram e o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (Iswap, na sigla em inglês), com matanças e raptos.
A região nordeste da Nigéria tem sofrido com ataques terrorista do grupo jihadista Boko Haram há mais de quinze anos. As tensões na região se intensificaram desde 2016, com o fortalecimento do grupo dissidente do Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP). A Nigéria é um país de maioria muçulmana no Norte, mas com uma população predominantemente cristã ao sul.
A organização local Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito (Intersociety) estimou que cerca de 52 mil cristãos e 34 mil muçulmanos moderados foram mortos no país africano entre 2009 e 2023. De 2015 até o ano retrasado, 18 mil igrejas foram atacadas na Nigéria, de acordo com a Intersociety.
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