Nesta sexta-feira (25), a agência de notícias Reuters divulgou que Elon Musk ordenou que a Starlink desligasse o sinal de internet via satélite em uma região da Ucrânia, em setembro de 2022, interrompendo uma contraofensiva militar para retomada de território da Rússia. O empresário sul-africano forneceu o serviço de internet via satélite da Starlink no início da guerra para que as Forças Armadas da Ucrânia mantivessem comunicação no campo de batalha.
De acordo com a reportagem, três fontes relataram que Musk mandou um engenheiro sênior cortar o sinal em regiões como Kherson, ao norte do Mar Negro, que a Ucrânia tentava recuperar. A ordem foi dada no escritório da SpaceX, que controla a Starlink, na Califórnia.
“Temos que fazer isso”, disse Michael Nicolls, engenheiro da Starlink, aos colegas ao receber a ordem. Os funcionários obedeceram, desativando pelo menos 100 terminais Starlink, cujas células hexagonais ficaram apagadas em um mapa interno da cobertura da empresa. A medida também afetou outras áreas tomadas pela Rússia, incluindo parte de Donetsk, mais a leste.
Tropas no escuro
Após a ordem de Musk, as tropas ucranianas enfrentaram um apagão repentino nas comunicações. Os soldados entraram em pânico, os drones que monitoravam as forças russas ficaram às escuras e as unidades de artilharia de longo alcance, que dependiam da Starlink para apontar seus tiros, tiveram dificuldades para atingir os alvos.
A decisão chocou alguns funcionários da Starlink e reformulou a linha de frente dos combates, permitindo que Musk se apropriasse do resultado de uma guerra, segundo disse uma das fontes.
Segundo a Reuters, o relato do comando contraria a narrativa do bilionário sobre como ele lidou com o serviço da Starlink na Ucrânia em meio à guerra. Em março, em uma publicação no X, Musk escreveu: “Nunca faríamos uma coisa dessas”.
Outro lado: Musk e a Starlink
Musk e o engenheiro Michael Nicolls não responderam aos pedidos de comentário da Reuters.
Um porta-voz da SpaceX disse, por email, que a reportagem é “imprecisa” e encaminhou aos repórteres uma publicação da empresa no X. O post diz que a Starlink “está totalmente comprometida com o fornecimento de serviços para a Ucrânia”.
O porta-voz da SpaceX não especificou nenhuma imprecisão na reportagem e não respondeu a uma longa lista de perguntas sobre o incidente, o papel da Starlink na guerra da Ucrânia ou outros detalhes sobre os negócios da empresa.
O gabinete do presidente Volodymyr Zelensky e o Ministério da Defesa da Ucrânia não responderam aos pedidos de comentários.
Outro Apagão
Nesta quinta-feira (24), os usuários da Starlink tiveram um apagão no serviço de Internet por satélite, com a página oficial no X, do serviço da SpaceX de Elon Musk, relatando os problemas de conexão durante a noite.
“Neste momento a Starlink tem a rede indisponível e estamos implementando ativamente uma solução”, pode ler-se na publicação partilhada no X. “Agradecemos a paciência e compartilharmos uma atualização assim que o problema for resolvido”.
O apagão não impactou somente clientes privados da Starlink e também afetou o exército ucraniano que depende do serviço para comunicar. O The Kyiv Independent diz que, com base em uma mensagem compartilhada no serviço de mensagens Telegram, o serviço de Internet esteve ‘offline’ durante cerca de 150 minutos e que foi “o maior período durante a guerra” em que a Starlink esteve indisponível.
Pouco depois da primeira mensagem da Starlink, o vice-presidente de engenharia Michael Nicolls fez uma publicação na respectiva página onde afirmou que havia recuperado “quase totalmente” o sinal, notando que o apagão aconteceu por uma “uma falha dos principais serviços do software interno que operam a rede central da Starlink”.
“Pedimos desculpa pela disrupção temporária do nosso serviço”, escreveu Nicolls. “Estamos profundamente comprometidos em providenciar uma rede altamente fiável, vamos resolver completamente a causa [do apagão] e garantir que não acontece novamente”.
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