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Mercado Livre vê lucro e margens pressionados por investimentos e frete grátis
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Mercado Livre vê lucro e margens pressionados por investimentos e frete grátis 

O Mercado Livre (BDR: MELI34) apresentou resultados mais fracos no segundo trimestre de 2025. No pré-market, as ações negociadas na Nasdaq tinham forte baixa, mas zeraram as perdas e registravam ganhos de 0,37%, a US$ 2.404,81, às 11h45 (horário de Brasília) desta terça-feira (5).

A XP avalia em relatório que os números ficaram em linha com as estimativas da casa, mas abaixo do consenso de mercado. Embora o crescimento da receita tenha se mantido sólido, a margem EBIT sofreu pressão na comparação anual, reflexo dos investimentos de longo prazo da companhia, especialmente em marketing, frete grátis e expansão do crédito.

Segundo a XP, ainda é cedo para observar uma aceleração da receita no comércio. O volume bruto negociado (GMV) total cresceu 37% em câmbio neutro, com desempenho robusto em todas as geografias-chave: Brasil (+29%), Argentina (+75%) e México (+32%), sendo que este último enfrentou ventos contrários em uma categoria de alto preço médio no primeiro trimestre.

O lucro líquido atingiu US$ 523 milhões, cerca de 14% abaixo das projeções da XP, devido à queda nos resultados operacionais e ao aumento das perdas cambiais devido à maior posição líquida em ativos da empresa no país desde a estabilização da economia.

Saiba mais:

A Genial Investimentos avaliou que, apesar da queda de 5% das ações do Mercado Livre no after-market após a divulgação dos resultados do segundo trimestre, o cenário não é tão negativo quanto o sentimento que contaminou o papel inicialmente.

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Para a Genial, parte da reação negativa pode estar ligada à subestimação, por parte de analistas, do impacto dos investimentos deliberados em margem na operação brasileira de e-commerce.

A corretora destacou que, em junho, o Mercado Livre reduziu o ticket mínimo para frete grátis de R$ 79 para R$ 19, o que pressionou o lucro antes de impostos (EBIT) para US$ 825 milhões e reduziu a margem operacional em 2,1 p.p. na base anual. No entanto, o efeito veio conforme planejado: o giro acelerou no Brasil, com alta de 26% na base anual no número de itens vendidos no trimestre e avanço ainda maior em junho, de 34% na comparação anual.

Segundo a Genial, a decisão de ampliar o frete grátis foi estratégica para impulsionar engajamento e proteger participação de mercado em categorias de menor valor, mais expostas à concorrência de plataformas internacionais como Temu, TikTok Shop, Shein, Shopee e AliExpress. O custo dessa estratégia apareceu na forma de um EBIT ligeiramente abaixo das estimativas, reflexo do aumento em marketing e da diluição de despesas fixas, que não deve se equilibrar ainda em 2025.

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Fora do Brasil, o México ajudou a amortecer parte da pressão sobre a margem consolidada, embora opere estruturalmente com rentabilidade inferior a outros mercados. Já a Argentina representou um desafio adicional ao EBIT: a desaceleração da inflação reduziu o crescimento nominal da receita e aumentou a alíquota efetiva de imposto de renda.

Para a corretora, embora a fotografia do trimestre não seja favorável e o valuation elevado possa amplificar movimentos de correção, a tese de crescimento de longo prazo do Mercado Livre permanece intacta. Com isso, manteve recomendação de compra do BDR e preço-alvo de R$ 150.

Já a Ativa Investimentos avaliou que o Mercado Livre apresentou um resultado misto no segundo trimestre de 2025, superando as estimativas de receita, mas com pressão cambial e aumento de despesas que impactaram o lucro líquido. A receita consolidada somou US$ 6,8 bilhões, acima da projeção de US$ 6,7 bilhões, representando alta de 34% na comparação anual. O GMV atingiu US$ 15,3 bilhões e o volume total de pagamentos (TPV) alcançou US$ 64,6 bilhões.

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Segundo a Ativa, o desempenho foi impulsionado pelo forte crescimento no Brasil e no México, pela evolução operacional na Argentina e pelos ganhos das iniciativas de frete grátis. A carteira de crédito continuou a se expandir, somando US$ 9,3 bilhões, com destaque para o avanço dos cartões de crédito, apesar de esse movimento ainda pressionar a NIMAL, que recuou para 23%, queda de 8,1 p.p. em relação ao mesmo período de 2024.

Do lado negativo, a margem operacional foi de 12,2%, levemente abaixo da estimativa de 12,6% e 2,1 p.p. menor na base anual, pressionada pelos maiores investimentos, pela implementação de frete grátis e descontos para envios no Brasil, além das despesas de marketing com campanhas no trimestre. O lucro líquido somou US$ 523 milhões, abaixo da expectativa de US$ 598 milhões, também afetado pela depreciação do peso argentino frente ao dólar.

A Ativa destacou ainda que o fluxo de caixa livre (FCF) foi de US$ 454 milhões, revertendo a queima registrada no trimestre anterior, mas ainda ligeiramente pressionado pelos gastos com capex.

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A equipe do BTG, por sua vez, destaca que o lucro líquido veio 17% abaixo do esperado, devido a maiores impostos e perdas cambiais, principalmente pela desvalorização do peso argentino. A margem EBIT caiu 210bps na base anual, refletindo o impacto das iniciativas para reforçar o ecossistema da empresa.

O BTG comenta que o braço de crédito continua a expandir, com carteira de US$ 9,3 bilhões, mas com menor NIMAL (margem financeira líquida após perdas), devido a provisões iniciais elevadas e avanço de cartões de crédito. Já a inadimplência de +90 dias ficou estável em 18,5%.

Por outro lado, a operação logística segue como pilar de monetização, com 57% de fulfillment no Brasil e 52% das entregas em D+1. O crescimento da base de contas digitais e da receita com publicidade reforça a tese de ecossistema integrado. Apesar do lucro pressionado, o case estrutural segue robusto. O BTG recomenda compra dos papéis.

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O Bradesco BBI apontou que o EBIT (lucro antes de juros) do trimestre ficou entre 3% e 8% abaixo das expectativas do mercado. Para o banco, os principais investimentos de crescimento iniciados no 2T25 tiveram efeito limitado no período e devem impactar mais fortemente o terceiro trimestre.

No longo prazo, o BBI vê os fundamentos do Mercado Livre preservados, com liderança de mercado sustentada por engajamento, adesão e efeito de rede. A instituição projeta crescimento superior a 30% em dólares e retorno sobre patrimônio (ROE) acima de 35%, mesmo com lucro por ação abaixo do potencial máximo devido ao ritmo elevado de investimentos. O banco considera que essa estratégia é correta para mitigar riscos competitivos e maximizar o potencial de lucro, embora a trajetória de rentabilidade no curto prazo tenda a não ser linear.

O BBI reiterou recomendação equivalente à compra compra e preço-alvo de US$ 2.550.

O Morgan Stanley destacou que as tendências do e-commerce brasileiro estão no centro das atenções após as mudanças implementadas pelo Mercado Livre na política de frete no início de junho. A administração relatou crescimento no número de unidades vendidas e aceleração do GMV no mês, reforçando a convicção na estratégia de reinvestimento.

Segundo o Morgan, a ampliação da política de frete grátis e a redução das taxas cobradas dos vendedores no Brasil seguem como temas relevantes de debate. Embora essas alterações tenham impactado menos de um mês completo do trimestre, o Mercado Livre já observou, conforme esperado, perda de receita relacionada ao frete grátis incremental e aos descontos para vendedores.

O Morgan Stanley apontou que, em contrapartida, houve aceleração nas vendas de itens para 34% na comparação anual em junho (26% no segundo trimestre como um todo). Apesar de os itens incrementais possuírem menor preço médio de venda, a companhia também registrou aceleração do GMV no mês. A expectativa do banco é que, ao longo do tempo, a “lentidão no frete” associada a produtos de menor valor leve à redução dos custos logísticos por unidade.

O Morgan manteve recomendação de compra e preço-alvo de US$ 2.850.

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