O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, fez novas acusações contra Israel na terça-feira ao declarar que o governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu é “a maior ameaça à humanidade”, razão pela qual saudou “com esperança e respeito” a reunião do Grupo de Haia que está sendo realizada em Bogotá para discutir medidas legais e diplomáticas diante da ofensiva de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza.
Em uma carta dirigida “aos povos do mundo” na terça-feira (15) e, em particular, aos presidentes da Colômbia e da África do Sul, Gustavo Petro e Cyril Ramaphosa, respectivamente, Maduro afirmou que a reunião convocada por Bogotá e Pretória “representa uma resposta moral e política essencial em um momento em que toda a humanidade é desafiada pelo horror e pela impunidade”.
“Levantamos nossa voz com firmeza, comovidos pelo sofrimento do povo palestino e profundamente indignados com a passividade do mundo diante do maior crime da história contemporânea: o genocídio em curso contra a Palestina”, declarou.
O ditador chavista disse que se trata de “um plano sistemático para destruir um povo, erradicar sua identidade, apagar sua memória”, bem como “um crime contra a humanidade, sustentado pelo fluxo constante de armas, dinheiro, tecnologias de vigilância e proteção diplomática provenientes das potências ocidentais”.
Maduro ainda chamou o governo israelense de “regime” e acusou Netanyahu de manter uma política “racista”.
“O regime de Netanyahu, sob o controle de uma elite sionista que fez da guerra e do racismo uma doutrina de Estado, tornou-se a maior ameaça à humanidade”, disse.
Para o chavista, “cada bomba que cai em um hospital palestino, em uma escola, em uma casa, não apenas mata vidas inocentes, mas também destrói as bases da paz mundial, fere a legalidade internacional e ameaça o próprio futuro do sistema das Nações Unidas”.
“Lamentavelmente, as instituições criadas para proteger a humanidade cederam. A Corte Internacional de Justiça (CIJ) e o Tribunal Penal Internacional (TPI) têm se comportado com uma lentidão vergonhosa, se não com total complacência. Esses órgãos, que deveriam fazer valer a lei internacional e proteger os povos prejudicados, foram colonizados pelos interesses do Ocidente”, alegou.
Representando Caracas, o ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, viajou para Bogotá, onde disse que esperava que uma “resposta unificada e eficaz para acabar com as atrocidades que Israel continua a cometer contra o povo palestino” fosse construída na reunião.
O Grupo de Haia foi criado em janeiro por Bolívia, Colômbia, Cuba, Honduras, Malásia, Namíbia, Senegal e África do Sul, países que buscam punições para Israel devido a sua guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza.
Eles defendem, entre outras coisas, o cumprimento dos mandados de prisão emitidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra Netanyahu e outros ministros israelenses por crimes de guerra.
A grande incoerência das declarações de Maduro é que, ao mesmo tempo em que seu regime participa do Grupo de Haia, ele continua não reconhecendo a jurisdição do CIJ para resolver o conflito territorial com a Guiana sobre a região do Essequibo.
Desde que o caso foi parar na corte, o ditador chavista diz que não reconhece a autoridade do tribunal internacional como o mecanismo para resolver a disputa.