
Em meio à iminente aplicação pelos Estados Unidos de tarifas de 50% às importações brasileiras a partir de 1° de agosto, o mercado já busca saídas às commodities vendidas aos americanos.
De acordo com Samuel Isaak, analista de commodities da XP, que participou do programa Morning Call da XP nesta terça (29), há questões a serem observadas para cada produto do Brasil colocado no mercado dos EUA.
“A gente fala como se fosse um grupo só”, aponta a ele a necessidade de se ver cada item separadamente.
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“No caso da relação do Brasil com os Estados Unidos, diria que os maiores impactos para as grandes commodities são muito mais relacionados ao café e ao suco de laranja”, disse.
“O suco de laranja, por exemplo, o Brasil é o maior produtor e os Estados Unidos, maior consumidor. A gente não tem uma alternativa muito fácil”, afirmou o analista, entendendo que o Brasil pode perder um grande mercado e os preços do produto subirem nos Estados Unidos.
“A gente pode ver uma destruição de demanda sem um mercado alternativo que consiga absorver no curto prazo”, explicou.
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Triangulação
Já o café, Issak apontou também uma alta concentração e demanda muito grande dos Estados Unidos. “Mas a gente tem um pouco mais de opção de exportação”, afirmou.
O analista explicou que pode ser feito uma triangulação, com o Brasil exportando café verde para um país, que pode fazer a torrefação e vender aos Estados Unidos sem a tarifa de 50%.
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“As commodities são como água. Vai se colocando barreira, o dique enche e daí, começa a sair água pelas laterais, chegando ao destino de alguma forma”, ilustrou.
Samuel Issak relacionou outras frutas e alguma tipo de madeira com impacto por conta das tarifas. “As carnes, principalmente bovina, tem estado muito em pauta. Estados Unidos é um comprador importante”, disse.
“Teve muita exportação no primeiro semestre (de carne bovina para os EUA), mas vinha caindo ao longo dos últimos meses não por conta de tarifa”, acentuou.
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O analista explicou que os Estados Unidos têm uma cota anual de importação de carne do Brasil. “O Brasil preencheu essa cota muito rápido porque as nossas exportações são muito competitivas. A gente continuou exportando fora da cota, pagando um nível mais alto de imposto, e com isso o volume vinha caindo”, comentou.
Para ele, o momento não parece de impacto relevante no setor de carnes. Ele complementou que este segmento também é fácil de encontrar alternativas.
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“O mercado vai ter que se ajustar de alguma forma (as medidas dos EUA)”, disse, lembrando que no início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia houve um desespero no comércio global, mas que logo se encontrou soluções.
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