SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs fecharam em alta nesta sexta-feira sustentadas novamente pelo temor do mercado de que o governo Lula adote medidas com impacto negativo para a área fiscal, mirando a campanha eleitoral de 2026.
O movimento foi uma continuidade do que se viu na quinta-feira, quando especulações de que o governo poderia avançar em uma proposta de tarifa zero para ônibus urbanos impulsionou toda a curva, com investidores citando temores de uma explosão das despesas fiscais mirando 2026, ano eleitoral.
Nesta sexta-feira, ainda que não haja novidades sobre o assunto, a curva a termo seguiu refletindo uma postura mais cautelosa dos investidores em relação à política fiscal, conforme profissionais ouvidos pela Reuters.
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Em função disso, as taxas dos DIs chegaram a subir mais de 10 pontos-base durante a manhã, ainda que no exterior os rendimentos dos Treasuries estivessem acomodados naquele momento.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,515%, em alta de 6 pontos-base ante o ajuste de 13,457% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2029 marcava 13,425%, ante o ajuste de 13,368%.
Entre os contratos longos, o contrato para janeiro de 2035 tinha taxa de 13,67%, com elevação de 3 pontos-base ante 13,64%.
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Além do receio de que o governo tome medidas que piorem as contas públicas antes das eleições, profissionais citavam o fato de que o projeto de lei que garante isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil por mês, aprovado na Câmara na quarta-feira, pode ter um impacto ainda maior, em meio a temores de que o beneficio possa ser estendido no Senado, isentando uma faixa de renda maior.
Ainda que a concessão do benefício ampliado exija o estabelecimento de mais contrapartidas na própria lei, há dúvidas sobre de onde poderiam vir os recursos.
“Como chegar em contrapartidas para cobrir esta diferença?”, questiona o economista-chefe do Bmg, Flavio Serrano. “O fiscal tinha deixado de ser um tema, e agora voltou.”
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Durante a tarde, com a liquidez já reduzida, as taxas perderam um pouco de força no Brasil, mas ainda assim encerraram em alta.
Perto do fechamento a curva brasileira precificava em 97% a probabilidade de manutenção da Selic em 15% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, no início de novembro.
No fim da tarde, os rendimentos dos Treasuries exibiam ganhos, em mais um dia de paralisação parcial do governo dos Estados Unidos por conta do impasse orçamentário. Às 16h51, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 3 pontos-base, a 4,121%.
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