A cidade de Hiroshima, no oeste do Japão, lembrou nesta quarta-feira (6) o 80º aniversário do bombardeio atômico realizado pelos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, num momento em que países voltaram a acelerar o desenvolvimento militar em todo o mundo e a fazer ameaças nucleares.
O prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, abriu os discursos do evento lembrando as memórias de horror vividas pelos sobreviventes e o compromisso, 80 anos depois, com a erradicação das armas atômicas, “o melhor que se pode fazer pelos mortos”. O Sino da Paz ressoou no Parque Memorial da Paz da cidade durante o minuto de silêncio observado às 8h15 (20h15 de terça-feira em Brasília), a hora exata em que a bomba atômica “Little Boy” foi lançada pelo bombardeiro Enola Gay, matando instantaneamente cerca de 70 mil pessoas, número que dobraria até o final de 1945.
À medida em que a cidade era reconstruída após o ataque brutal americano daquele ano, iniciou-se uma campanha pacifista pela erradicação das armas nucleares. No entanto, essa perspectiva parece estar desaparecendo com três vizinhos do Japão – Rússia, China e Coreia do Norte – desenvolvendo cada vez mais suas capacidades nucleares.
A constituição japonesa, também chamada de “constituição de paz” do Japão, foi redigida pelos EUA após a ocupação no fim da 2ª guerra que durou quase sete anos. O documento estabelece que o país asiático não poderia manter um exército com capacidade ofensiva. Em troca, os americanos prometeram defender o Japão em caso de ataque.
Mesmo com as limitações da lei, o Japão conseguiu expandir seu arsenal, justificado para fins defensivos, e está perto de se tornar uma das nações que mais investem em seu exército – chamado de Forças de Autodefesa – do mundo.
Décadas após os bombardeios nucleares em Hiroshima e Nagasaki, a discussão sobre uma revisão da legislação japonesa quanto às forças militares tem ganhado força. O Nippon Kaigi, um bloco político nacionalista, é um dos que lideram o debate e tem apoio significativo de membros do Partido Liberal Democrata, atualmente no poder.
Durante a cerimônia nesta quarta-feira, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, reiterou em um discurso a posição do governo de promover um mundo sem guerras nem armas nucleares sob este tratado em um momento em que “a divisão da comunidade internacional em torno do desarmamento nuclear está se aprofundando e o atual ambiente de segurança está se tornando cada vez mais rígido”. Ao fundo, vindas de fora do local do evento, podiam ser ouvidas palavras de protesto de manifestantes.
Os Estados Unidos lançaram o primeiro ataque nuclear da história sobre a cidade de Hiroshima em 6 de agosto de 1945 e, três dias depois, lançaram uma segunda bomba atômica sobre Nagasaki, o que levou à rendição do Japão e marcou o fim da Segunda Guerra Mundial. Estima-se que cerca de 210 mil pessoas morreram ao longo dos anos devido aos efeitos dos bombardeios.
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