Por Rachel Gamarski
(Bloomberg) — A seca de quatro anos para ofertas públicas iniciais (IPOs) no Brasil pode estar próxima do fim, segundo o Citigroup Inc., que também prevê a recuperação das vendas secundárias em 2026.
O capital começou a voltar para mercados emergentes como Brasil e México, o que ajudará a impulsionar os mercados de capitais de ações no próximo ano, segundo Nicolas Roca, chefe de banco de investimento para a América Latina do Citi. O Brasil não vê um IPO desde que a produtora de fertilizantes Vittia Fertilizantes e Biológicos SA (VITT3) abriu capital em setembro de 2021.
“Você viu as avaliações se recuperarem um pouco nos mercados de capitais de ações, embora ainda haja muito espaço para melhorar,” disse Roca em entrevista. “Obviamente, vai depender do tipo de empresa e setor, mas acho que vamos ver uma janela de IPO no Brasil e no México também,” acrescentou, dizendo que a eleição presidencial do próximo ano no Brasil provavelmente não mudará essa perspectiva.

Leve seu negócio para o próximo nível com os principais empreendedores do país!
Leia também: Turbi, startup de aluguel de carros por hora, entra na rota para um IPO
Antonio Coutinho, chefe de banco de investimento do Citi no Brasil, disse que 2026 não será um “ano enorme” para o mercado, “mas será um ano em que estaremos em modo de recuperação.” Ele não citou empresas específicas que provavelmente estrearão, mas disse que empresas de infraestrutura provavelmente liderarão a próxima onda.
“Provavelmente vai começar com alguns do setor mais amplo de infraestrutura,” afirmou.
Roca disse que o mercado dos EUA continuará sendo o destino preferido para listagens de empresas brasileiras de tecnologia.
No Brasil, onde a taxa básica de juros está em 15%, muitas empresas que dependeram de dívida nos últimos anos estão agora explorando vendas de ações.
“As empresas estão tentando usar os mercados de capitais para preservar seus balanços, e a discussão sobre follow-on está acontecendo com muito mais frequência hoje em dia,” disse Coutinho. No início deste ano, Meliuz SA, Gafisa SA e Empreendimentos Pague Menos SA fizeram ofertas secundárias de ações.
Continua depois da publicidade
Após vários anos de foco dos investidores em infraestrutura — setor que Coutinho descreveu como “mais resiliente” — o pipeline está se tornando mais diversificado, incluindo empresas de varejo, financeiro e recursos naturais, disse ele.
“Os clientes estão mais confortáveis com o ambiente e estão sendo menos conservadores em seus planos de crescimento,” afirmou.
Oportunidades na América Central
Enquanto Brasil e México continuam respondendo pela maior parte das operações na região, Roca disse que América Central e Caribe estão atraindo cada vez mais atenção dos bancos.
Continua depois da publicidade
“Existem grupos muito sofisticados com balanços fortes tentando ir além de seu quintal,” disse. “Isso vai continuar, e veremos mais transações tanto nos EUA quanto pela América Latina.”
O Citi recentemente assessorou a guatemalteca Cementos Progreso e a Castillo Hermanos em transações na região, que ele chamou de área importante na América Latina para o Citigroup. “E temos tido muito sucesso ajudando essas empresas a crescer,” disse Roca. “Continuaremos — isso é uma prioridade para nós.”
O banco também tem visto interesse crescente na região internamente, disse Coutinho. O Citi contratou recentemente duas diretoras-gerais: Marcela de Souza Bretas para banco de investimento no Brasil, liderando a cobertura para consumo, varejo, mídia e imobiliário; e Juliana Medina como chefe de consumo, varejo e agronegócio para a América Latina.
Continua depois da publicidade
“Estamos vendo muitos dos chefes globais de diferentes segmentos vindo ao Brasil e nos visitando,” disse Coutinho. “Há muito interesse.”
© 2025 Bloomberg L.P.
Fique conectado