O governo da Holanda vetou a entrada de dois ministros de Israel – o das Finanças, Bezalel Smotrich, e o da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir – argumentando que os dois incitam a “limpeza étnica” na Faixa de Gaza.
As autoridades holandesas informaram ainda que convocarão nesta terça-feira (29) o embaixador israelense, dada a situação humanitária “intolerável e indefensável” no enclave palestino.
Em carta enviada na madrugada desta terça ao Parlamento, o ministro das Relações Exteriores holandês, Caspar Veldkamp, afirmou que “o bloqueio humanitário imposto” por Israel submete a população de Gaza a “privações extremas e contínuas” e gerou “condições de vida insuportáveis”, o que “obriga” a Holanda a anunciar medidas de pressão.
“O governo decidiu declarar Smotrich e Ben-Gvir como ‘personas non gratas’ e registrá-los como estrangeiros indesejáveis no sistema SIS de Schengen. Isso por sua incitação contínua à violência de colonos, sua defesa de assentamentos ilegais e seus apelos por uma limpeza étnica em Gaza”, disse Veldkamp.
O ministro anunciou que convocará o embaixador israelense para informá-lo das decisões do governo e para “insistir que Israel deve mudar de rumo” e recordar suas obrigações segundo o direito internacional humanitário.
O governo holandês também disse ter rejeitado, desde outubro de 2023, pelo menos 11 solicitações de permissão para a exportação de material militar e bens de uso duplo, e advertiu que, na situação atual, é “praticamente impossível conceder licenças para exportar armas que possam ser usadas pelo Exército israelense” em Gaza ou na Cisjordânia.
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No âmbito europeu, a Holanda defende a suspensão da parte comercial do acordo de associação com Israel se a Comissão Europeia concluir que Israel não está cumprindo com os compromissos humanitários, e pressionará Bruxelas para que proponha medidas comerciais contra a importação de bens de assentamentos.
Além disso, a Holanda argumentou que a “estratégia atual” do governo de Benjamin Netanyahu “não contribui para libertar os reféns, nem para entregar a ajuda humanitária necessária em Gaza, nem para alcançar uma estabilidade duradoura para os israelenses”.
“As mortes e o caos nos pontos de distribuição gerenciados pela Fundação Humanitária para Gaza (GHF) são inaceitáveis. O mecanismo de ajuda e as atividades da GHF não se ajustam aos princípios humanitários de humanidade, imparcialidade, independência e neutralidade, acarretam deslocamentos forçados e geram situações mortais”, afirmou Veldkamp.
Ministros classificam medida como “boicote”
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, disse em sua conta na rede social X após o veto na Holanda: “Muito mais do que minha entrada na Holanda, me importa que meus filhos, netos e bisnetos, e os de todos os judeus do mundo, possam viver no Estado de Israel com segurança por décadas e séculos”.
Por sua vez, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, reagiu ao veto à sua entrada por incitar a “limpeza étnica” em Gaza, destacando que, mesmo que o “proíbam de entrar em toda a Europa”, continuará agindo “para o bem” de Israel.
“Exigirei que esmaguemos o Hamas e apoiemos nossos combatentes”, reiterou em sua conta no X.
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