SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) vai pedir ao ministro do Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para visitar o pai, Jair Bolsonaro (PL), que está em prisão domiciliar desde segunda-feira (4).
Alguns aliados defenderam que ele fosse incluído nos autos como advogado, que é sua formação, numa maneira de conseguir acessar Bolsonaro com maior facilidade. Mas o próprio senador disse preferir fazer a solicitação como filho.
Mais cedo, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), fez mesma solicitação ao magistrado.
Aliados dizem que esta solicitação, sobretudo de Flávio, será um importante termômetro de Moraes e uma forma de estabelecer interlocução com o ex-presidente, hoje isolado. A principal aposta no bolsonarismo é de que Moraes volte atrás na sua decisão, mas eles já se mobilizam para visitar Bolsonaro.
O entorno de Bolsonaro também fez da medida do STF um mote para reforçar a tese de perseguição que já vinha sendo defendida. Eles alegam que o episódio demonstra que Bolsonaro é vítima. Dentro desse quadro, dizem ainda temer pelo quadro de saúde do ex-presidente.
Seus aliados afirmam estarem preocupados com o quadro intestinal dele, que piorou na semana passada, com episódios de soluços. Melhorou no final de semana, mas afirmam que há temor de que volte a piorar agora, com o estresse da prisão domiciliar.
Mais além, eles acham que Bolsonaro pode desenvolver uma depressão preso em casa, como dizem que ocorreu em 2022, quando perdeu a eleição. O ex-presidente gosta de viajar e se cercar de apoiadores, e tinha hábito de manter casa e escritórios cheios.
Agora, apenas quem vive na residência pode frequentá-la. Os demais necessitam de autorização de Moraes para vê-lo. Há dúvida sobre se funcionários da Presidência, aos quais Bolsonaro tem direito por ser ex-presidente, poderiam frequentar a casa -auxiliares avaliam peticionar ao STF para tirar essa dúvida.
Moraes determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro, por entender que o ex-presidente descumpriu determinação anterior ao aparecer em vídeos exibidos por apoiadores durante manifestações no domingo (3). Bolsonaro estava proibido de usar redes sociais, mesmo que por intermédio de outras pessoas.
O descumprimento da cautelar envolve o filho Flávio, que contradiz o argumento do magistrado.
Durante manifestação no Rio de Janeiro, o senador fez uma ligação com o pai, transmitida durante o ato. No telefonema, o ex-presidente se limitou a dizer: “obrigado a todos. É pela nossa liberdade, nosso futuro, nosso Brasil. Sempre estaremos juntos”.
O senador chegou a publicar o vídeo nas redes sociais, mas depois o apagou, por orientação da defesa de Bolsonaro.
Ele disse, antes da decisão de Moraes, entender que não havia qualquer problema na publicação, mas optou por seguir orientação da defesa e falou em insegurança jurídica.
“Na minha opinião, não havia problema, já que ele faz apenas uma saudação. Não falou de processo, que é a vedação da cautelar. Mas os advogados dele estavam em dúvida e pediram para retirar”, afirmou à Folha.
“É uma insegurança jurídica sem precedentes na história do Brasil. Essa censura prévia é completamente inconstitucional e arbitrária”, completou.
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