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Exportações de carne brasileira para os EUA desabam em três meses, antes de tarifas
Economia

Exportações de carne brasileira para os EUA desabam em três meses, antes de tarifas 

As exportações brasileiras de carne bovina para os Estados Unidos registraram uma queda de 80% em apenas três meses, mesmo antes de entrar em vigor a nova tarifa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC) e compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).

O colapso no volume embarcado, que caiu de 47,8 mil toneladas em abril para menos de 10 mil neste mês, alertou o setor e provocou uma mobilização emergencial da indústria e do governo brasileiro para tentar reverter ou ao menos mitigar os efeitos da medida.

A tarifa de Trump só passa a valer oficialmente em 1º de agosto, mas já afeta diretamente o comércio bilateral. Desde abril, quando uma tarifa adicional de 10% começou a ser aplicada, a curva das exportações despencou. No total, foram 27,4 mil toneladas em maio, 18,2 mil em junho e, até agora em julho (até dia 21), 9,7 mil toneladas, o menor patamar do ano até então. Cabe ressaltar que ainda há 10 dias a serem contabilizados até o fechamento do mês. O impacto imediato fez frigoríficos em estados como Mato Grosso do Sul suspenderem temporariamente a produção destinada ao mercado americano.

A indústria da carne e o governo federal têm mantido contato com importadores americanos e entidades locais, numa tentativa de incluir a questão em uma negociação mais ampla.

Leia também: Fator político incluído por Trump no tarifaço dificulta negociações, diz FGV/Ibre

A expectativa é que, ao demonstrar o impacto direto nos consumidores e nos processadores de carne dos EUA, seja possível ganhar margem para um acordo.

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Números da exportação

O Brasil é o maior exportador de carne bovina para os Estados Unidos, superando concorrentes como Austrália, Nova Zelândia e Uruguai. No primeiro semestre de 2025, foram embarcadas 181,5 mil toneladas, uma alta de 112,6% em volume e de 102% em valor, em comparação ao mesmo período de 2024. Ao todo, US$ 1,04 bilhão foram gerados em receita. Os números colocaram os EUA como o segundo maior mercado da carne brasileira, atrás apenas da China.

Boa parte desse volume já entrava nos EUA pagando tarifas mais altas. A cota anual com alíquota reduzida é de 65 mil toneladas, e o Brasil vinha exportando quase o triplo disso. Mesmo assim, o preço competitivo permitia que a carne brasileira permanecesse atrativa, especialmente para cortes do dianteiro, usados principalmente na produção de hambúrguer.

Com a nova tarifa de 50%, essa equação se desequilibra. O preço médio da tonelada, que era de US$ 5.200 em abril, chegou a US$ 5.850 nesta semana, um crescimento de 12%. Ainda assim, o aumento não compensa o impacto tarifário previsto, e os frigoríficos já calculam prejuízos. Além disso, há o temor de que o espaço aberto com a retração brasileira seja rapidamente ocupado por outros países, como Canadá e Argentina, que têm acordos comerciais diferentes com os EUA.

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No Brasil, o vice-presidente Geraldo Alckmin tem liderado reuniões com o setor produtivo para discutir estratégias de contenção e alternativas de mercado. Segundo a Abiec, 70% da carne bovina brasileira é consumida internamente, enquanto os 30% exportados se concentram em cortes menos valorizados no país, o que acirra a preocupação com o impacto sobre a rentabilidade das exportações.

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