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Estados articulam estratégias para proteger economia de tarifaço
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Estados articulam estratégias para proteger economia de tarifaço 

Os governadores presidenciáveis saíram na frente do governo Lula e anunciaram linhas de créditos e subsídios próprios para minimizar os impactos do tarifaço de 50% nas exportações brasileiras para os Estados Unidos, que entrará em vigor a partir de quarta-feira (6).

Sem possibilidade de exercer o papel diplomático nas negociações com o presidente Donald Trump, os governadores de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás anunciaram linhas de crédito subsidiadas pelos cofres de cada estado (confira o detalhamento no mapa abaixo). O auxílio financeiro é voltado aos segmentos do setor produtivo que dependem mais das exportações ao mercado norte-americano e não foram poupados pelo decreto do tarifaço assinado pelo presidente dos Estados Unidos.

Ação independente dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Junior (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Eduardo Leite (PSD-RS) é vista como um paliativo pelos setores produtivos dos estados que estão entre as principais economias do país

No campo político, a posição reforça a oposição ao governo Lula nas “prévias” da direita pela escolha do herdeiro político dos votos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível e não poderá concorrer nas eleições de 2026, caso não reverta a situação na Justiça Eleitoral.

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Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas lançou o programa “Giro Exportador”, disponibilizando R$ 200 milhões em crédito com juros subsidiados para exportadores paulistas que vendem para os EUA. O estado é o principal parceiro comercial norte-americano no país com quase US$ 14 bilhões em exportações no ano passado, de acordo com os dados da Câmara do Comércio Exterior (Camex).

No primeiro semestre de 2025 foram exportados US$ 6,4 bilhões, com destaque para aeronaves, sucos de frutas e equipamentos de engenharia civil. Segundo o governo de São Paulo, o objetivo da linha de crédito é preservar a competitividade das empresas e manter os empregos. As condições incluem taxas a partir de 0,27% ao mês, mais o IPCA, e o prazo de até 60 meses, com carência de até 12 meses e limite de R$ 20 milhões por cliente.

Em Minas Gerais, Romeu Zema também disponibilizou R$ 200 milhões em linhas de crédito subsidiadas pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Além do crédito, as medidas incluem a postergação no recolhimento de impostos e tributação zero para produtos que seriam exportados e agora serão comercializados no mercado interno.

Minas Gerais é um grande produtor de café, com US$ 1,5 bilhão em negócios diretos com os EUA em 2024, e também é o estado com maior produção de aço do país. Enquanto o aço entrou na lista das exceções de Trump, de olho no fornecimento de produtos considerados estratégicos aos EUA, o setor de café deve sofrer um forte impacto com a taxação elevada para entrada no mercado norte-americano.  

No Paraná, o governador Ratinho Junior também implementou um conjunto de medidas para proteger as empresas. As ações incluem oferta de crédito, flexibilização de prazos para investimentos já acordados e a utilização de créditos de ICMS para monetização, giro ou garantia. A Fomento Paraná e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) terão uma disponibilidade de oferta de recursos que deve ultrapassar os R$ 400 milhões. 

O governo paranaense ainda estuda aporte de capital no Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) para oferecer mais recursos com juros baixos. O Paraná exporta, em média, US$ 1,5 bilhão por ano para os EUA, com destaque para madeira e derivados, além de máquinas, combustíveis, plástico, alumínio, açúcar e café.

No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite anunciou um programa de crédito de R$ 100 milhões, por meio do BRDE. O programa, que estará disponível a partir de segunda-feira (4), terá juros subsidiados com recursos do Fundo Impulsiona Sul, resultando em um custo final entre 8% e 9% ao ano, mais 4% de IPCA. 

O prazo de pagamento é de 60 meses, com 12 meses de carência. Empresas de qualquer porte com exportações para o mercado norte-americano em 2024 ou no primeiro semestre de 2025 podem acessar o financiamento. Segundo Camex, o estado gaúcho exportou quase US$ 2 bilhões no ano passado para os EUA.   

Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado anunciou o Fundo Creditório, uma nova linha de financiamento para apoiar os 18 segmentos da economia com estimativa de R$ 628 milhões com participação do mercado financeiro. Nessa modalidade, são previstos R$ 314 milhões em créditos de ICMS e mais R$ 314 milhões provenientes de apoiadores interessados em aportar no fundo. A proposta será apresentada, oficialmente, em um leilão na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, na próxima terça-feira (5). 

De acordo com o governo goiano, a taxa de juros da nova medida será de 10% ao ano, pelo menos três pontos percentuais abaixo das linhas subsidiadas por programas federais, como BNDES, Plano Safra e fundos constitucionais. Os EUA são o segundo principal destino das exportações goianas, com destaque para carnes (61%) e ferro/aço (11%).

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Setor produtivo diz que linha de crédito dá fôlego, mas não resolve problema  

Para o diretor-técnico do Sebrae do estado de São Paulo, Marco Vinholi, as linhas de crédito anunciadas pelos governadores são importantes para as empresas manterem os pagamentos de funcionários e dos fornecedores, além de ganharem mais tempo para encaixar a produção destinada aos EUA em outros mercados. 

“Essas medidas devem ter como ação complementar o apoio na abertura de novos mercados, o que é uma estratégia de médio prazo. Mesmo com as medidas de mitigação, o impacto é enorme para os estados, principalmente em São Paulo, o maior exportador do país”, afirma Vinholi. A estimativa do Sebrae é de um impacto de R$ 16 bilhões a R$ 18 bilhões na economia paulista.

Apesar do fôlego para a produção, por meio dos empréstimos com juros subsidiados, ele ressalta a necessidade de diplomacia paralela tanto com os Estados Unidos quanto para a abertura de novos mercados, sem depender apenas de uma única abordagem. A estruturação de políticas públicas em apoio aos exportadores também é defendida por Enio Miranda, diretor de Planejamento Estratégico e Governança da Federação dos Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp).

Na cadeia produtiva, o setor de serviços também será impactado pelo tarifaço e Miranda alerta para a necessidade de suporte contínuo, principalmente no comércio dos pequenos e médios produtores destinado ao mercado exterior. “Essas pequenas empresas precisam de um apoio permanente. […] o que nós entendemos é que os canais de exportação e incentivos deveriam ser maiores, menos burocráticos e mais facilitados para os produtores”, argumenta.

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