
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, já vinha sendo criticado pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Contudo, nas últimas semanas, os comentários do republicano contra ele se intensificaram.
Uma investigação do governo americano de uma reforma feita na sede do Fed, em Washington, tem sido inclusive apontada por analistas como uma forma encontrada por Trump para pressionar Powell.
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Para Raphael Figueredo, o Rafi, estrategista da XP, que comandou o programa Morning Call da XP nesta sexta (18), o principal motivo de Trump querer a saída de Powell antes do fim de seu mandato, previsto de terminar em maio de 2026, são os juros. Segundo ele, as taxas altas comprometem o governo do republicano.
“Até agora, o que deu de errado para o Donald Trump foram as Treasuries (títulos do Tesouro americano), que disparou. E ele quer cortar os juros por causa do serviço da dívida”, afirmou.
Neste segundo semestre, o governo americano terá que rolar em torno de um terço da sua dívida com os juros nas alturas. A dívida americana é de mais de US$ 30 trilhões e o mercado já vem alertando da crescente insustentabilidade do déficit público.
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“Trump queria desvalorizar o dólar e a moeda americana caiu. Ele queria os dados sólidos na economia e eles continuam sólidos. A microeconomia continua a pleno vapor e a temporada de resultados não deixa mentir. A única coisa ao contrário foram as taxas de longo prazo”, relatou Rafi.
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Segundo o estrategista, elas precisam começar a cair para levar a um menor serviço [da dívida] porque o governo terá que rolar uma dívida “gigantesca”. No entanto, a política do Fed liderada por Jerome Powell não aponta concretamente para a redução dos juros nos Estados Unidos.
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O programa de Trump “One Big Beautiful Bill” (grande e belo projeto de lei, na tradução para o português), aprovado pelo Congresso americano e sancionado por ele, adiciona mais de US$ 3 trilhões à dívida do país.
“Esse pacote é expansionista e em alguma medida é um tiro que sai pela culatra”, explicou Rafi. O analista avaliou que o republicano acreditava na queda da curva longa das Treasuries, mas isso não aconteceu, pelo contrário, o que pode comprometer esse programa que envolve corte de impostos e aumento de gastos.
“Por isso, esse ataque muito forte ao banco central, para que reduza a taxa de juros. É a única coisa que está sem o controle dele”, ressaltou.
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“A pergunta que fica é se o próximo presidente do Fed vai ser mais político ou vai ser mais técnico”, concluiu.
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