Notícias em alta
Ao utilizar nosso site, você concorda com o uso de nossos cookies.

Notícias

Dólar deve seguir mais fraco globalmente, mas tarifas travam melhora do real
Economia

Dólar deve seguir mais fraco globalmente, mas tarifas travam melhora do real 

O Itaú revisou os cenários macro global e brasileiro, mantendo sua visão para a maior parte dos indicadores domésticos por conta da última semana de deterioração do sentimento com o Brasil – isso após o tarifaço de 50% de Donald Trump para os produtos do país.

Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, aponta que, nas últimas semanas, o cenário externo apresentou desenvolvimentos que se refletiram numa piora da dinâmica dos ativos brasileiros.

A princípio, a política fiscal expansionista e comercialmente protecionista dos Estados Unidos tem reduzido a diferença entre o crescimento da economia americana em relação ao resto do mundo, favorecendo um enfraquecimento do dólar globalmente.

Isso, somado a uma redução de tensões geopolíticas, contribuiu para a valorização de ativos de países emergentes, entre eles o real. No primeiro semestre, o dólar caiu 12% em relação ao real.

O real vinha se beneficiando de um ambiente externo benigno, marcado por um dólar globalmente mais fraco. A moeda brasileira, assim como outras moedas emergentes, apresentou forte movimento de apreciação nos últimos meses, saindo de R$/US$ 6,00 depois do anúncio, em abril, das tarifas comerciais americanas para em torno de R$/US$ 5,50 nas últimas semanas. O elevado diferencial de juros, ainda que não seja o principal motor para valorização da moeda, também tem ajudado como fator de sustentação, aponta.

Para Mesquita, tal tendência deveria se aprofundar à frente, não fosse o anúncio de tarifas de 50% sobre as exportações de bens brasileiros para os EUA. Apenas na semana passada, a divisa americana subiu 2,3% frente a moeda brasileira.

Continua depois da publicidade

De acordo com os cálculos do banco, a tarifa efetiva deve ficar em torno de 40% (já considerando as tarifas setoriais diferenciadas), que se aplicadas aos US$ 40 bilhões de exportações anuais para os EUA, poderia reduzir o fluxo de exportações para o país em até US$ 16 bilhões. Tal impacto parece superestimado uma vez que é razoável supor que haverá alguma realocação de comércio dos produtos taxados para outros destinos. Ainda assim, o fluxo de dólares para o Brasil tende a diminuir, atuando como um vetor de depreciação da moeda.

Com forças atuando em direções opostas, os economistas mantiveram a projeção da taxa de câmbio em R$ 5,65 em 2025 e 2026, enquanto seguiram com a sua projeção de crescimento do PIB em 2,2% para 2025 e 1,5% para 2026.

“O cenário internacional, com dólar global mais fraco, poderia levar a taxa de câmbio para níveis mais apreciados. Contudo, as tarifas impostas, somadas à incerteza fiscal (evidenciada pelas dúvidas sobre o IOF e as mudanças no IRPF) limitam os ganhos da moeda”, reforça.

Continua depois da publicidade

Olhando globalmente, em outro relatório, o banco aponta que o dólar americano continua em tendência de queda puxado por determinantes estruturais e conjunturais como o cenário fiscal negativo citado acima, o alto déficit em conta corrente, política errática de tarifas, riscos geopolíticos, ataques a independência do Fed e crescimento estável no resto do mundo.

O alto déficit em conta corrente dos EUA, atualmente em 6% no 1T25, é consistente historicamente com desvalorização adicional do dólar de 5 a 10%.

Esses fatores de questionamento do excepcionalismo americano em meio a ruídos geopolíticos e de política econômica levaram a uma diminuição da sensibilidade e a um descolamento da relação entre a moeda e os juros, algo que tende a continuar a frente. Diante desse ambiente de maior aversão global a ativos americanos, revisamos nossas projeções de euro (de 1,12 para 1,20) e iene (de 7,20 para 7,15).

Continua depois da publicidade

No entanto, nota que o movimento pode não ser sentido igualmente entre os países. Em particular, países, por exemplo, que tenham aumentos de tarifas relativamente maiores que o restante do mundo e/ou tenham maiores desafios domésticos podem ter o seu prêmio de risco compensando o efeito global do dólar, ressalta.

Mais revisões para o Brasil

Para este ano, os economistas do banco ainda revisaram o balanço de riscos de neutro para baixista para o Brasil, refletindo o desempenho mais fraco da atividade econômica no 2T25 e o impacto de tarifas impostas pelos EUA no crescimento à frente. Já para 2026, seguem um viés altista em sua projeção.

Em relação ao mercado de trabalho, as estimativas para a taxa de desemprego permanecem em 6,4% para 2025 e 6,9% para 2026. O banco ainda revisou a sua projeção para o IPCA de 2025 de 5,3% para 5,2%, com destaque para a queda em alimentos, influenciada pelo recuo no preço de milho, além da redução do IPI sobre automóveis. Esses efeitos são apenas parcialmente compensados por reajustes pontuais já anunciados de energia elétrica e loterias. “O balanço de riscos está marginalmente baixista para o ano. Para 2026, mantivemos a projeção em 4,4%”, avalia.

Continua depois da publicidade

Dada a incerteza elevada e os efeitos defasados da política monetária, o Copom deve ter encerrado o ciclo de alta na última reunião, no nível de 15,00%, aponta o Itaú, que também ressalta que a autoridade monetária também sinalizou manutenção dos juros por período bastante prolongado. “Esperamos início de corte de juros apenas no 1º trimestre do próximo ano, com a Selic encerrando o ano de 2026 em 12,75% ao ano (a.a). Riscos seguem inclinados para um corte ainda mais tardio, salvo choques desinflacionários relevantes”, ressalta a equipe econômica do banco.

Postagens relacionadas

Deixe um comentário

Os campos obrigatórios estão marcados *