Os ETFs (Exchange-Traded Fund) — fundos de índice negociados em bolsa — vêm conquistando espaço acelerado no mercado brasileiro. Impulsionados por um ecossistema mais maduro e uma prateleira cada vez mais diversificada, esses instrumentos começam a ocupar posição de destaque tanto nas carteiras de alocadores quanto nas telas de day traders.
Essa virada de percepção ficou clara, conforme debate na Arena Trader, evento realizado dentro da Expert XP 2025. O tema foi debatido por Beatriz Batah (Head Sales Renda Variável na XP), Bruno Tariki (XP Asset), Eduardo Torrescasana (Itaú Asset) e Cauê Mançanares (Investo), em painel sobre a evolução dos ETFs e as estratégias que vêm ganhando força.
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Fundo ou ação?
Negociado como uma ação, mas estruturado como um fundo, o ETF permite ao investidor acesso a diferentes classes de ativos com simplicidade e agilidade. “Nada mais é do que um fundo de investimento que funciona como um ativo que você consegue negociar em bolsa”, explicou Torrescasana.
“Você consegue fazer opções, derivativos, operar vendido, doar as cotas e ainda ganhar uma renda extra. Pode carregar para o longuíssimo prazo ou fazer um trade tático”, completou.
Apesar do avanço recente, o Brasil ainda está nos estágios iniciais dessa tendência. “Quando os ETFs surgiram nos Estados Unidos, muitos diziam que eles eram ‘antiamericanos’, porque significavam aceitar estar na média. Mas depois da crise de 2008, o jogo virou”, lembrou Mançanares.
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“Aqui no Brasil, essa curva de adoção está muito mais rápida”, enfatizou.
Para Tariki, a ampliação da oferta e o avanço regulatório têm sido essenciais. “Hoje temos ETFs com exposição offshore, só que de uma forma mais acessível, simples. A regulação está abrindo espaço para produtos mais sofisticados, e o Brasil tem um potencial enorme nesse segmento”, avaliou.
Crescimento acelerado
Mesmo com mais de R$60 bilhões sob gestão, o mercado de ETFs no Brasil representa menos de 1% da indústria de fundos — contra cerca de 30% nos Estados Unidos. Para os especialistas, o principal obstáculo não é mais técnico, mas educacional.
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“O terreno está preparado. Agora, o que falta é o investidor conhecer”, afirmou Tariki. Torrescasana reforçou a complementaridade entre ETFs e fundos tradicionais: “O ETF pode dar acesso a mercados difíceis, com custo menor e vantagens tributárias. É mais uma ferramenta no portfólio”, enfatizou.
Mançanares destacou ainda o papel da transparência: “O ETF te dá os tijolinhos para montar exatamente o que você quer. Você sabe o que está comprando, e a carteira segue fiel ao índice. Isso dá tranquilidade para o investidor”, exemplificou.
Versatilidade dos ETFs
A flexibilidade dos ETFs permite aplicações que vão muito além da alocação de longo prazo. No curto prazo, eles têm se mostrado úteis para operações táticas, arbitragem e até alavancagem.
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Mançanares mencionou o LFTB11, ETF atrelado ao Tesouro Selic, como exemplo dessa versatilidade. “Rende 109% do CDI, com menos imposto, e pode ser usado como margem de garantia. Você pode operar alavancado e continuar rendendo os 15% da Selic”, destacou.
Tariki reforçou a vantagem operacional: “Ao contrário dos fundos, que têm prazos de cotização e liquidação, o ETF tem liquidez imediata na bolsa. Isso garante continuidade de risco e agilidade”, acrescentou.
Além disso, estratégias como long & short, hedge cambial e arbitragem de taxa já são comuns entre investidores mais sofisticados — e os ETFs servem como base para boa parte dessas operações.
Liquidez
Uma dúvida recorrente entre investidores diz respeito à liquidez dos ETFs. Segundo Torrescasana, esse receio costuma ser exagerado: “A liquidez que você vê na tela é só a ponta do iceberg. O ETF é construído sobre ativos que têm alta liquidez, e há formadores de mercado garantindo spreads estreitos e preços justos”, explicou.
Ele comparou com o Tesouro Direto: “Às vezes o Tesouro sai do ar. ETF, não. Você tem preço de tela o tempo inteiro e negocia com as mesmas condições, seja investidor pequeno ou institucional”, reforçou.
Tariki explicou que alguns dos ETFs locais operam com estrutura In Kind — ou seja, a troca de cotas ocorre por ativos, não por dinheiro. “Isso aumenta a eficiência e facilita a atuação dos formadores de mercado. O custo de transação é baixo, e a execução é simples”, destacou.
Apostas dos especialistas
Os especialistas compartilharam suas apostas para os anos seguintes. Tariki destacou o GOLD11, ETF que investe em ouro físico. “É um ativo real, com demanda crescente e oferta limitada. Virou reserva de valor num cenário de guerra e desdolarização. A correlação com ativos de risco caiu bastante, e ele ganhou espaço como proteção”, explicou.
Torrescasana recomendou o SPXR11, que replica o S&P 500 com risco cambial: “Você acessa as maiores empresas do mundo e ainda carrega o diferencial de juros Brasil–EUA, que hoje está entre 8% e 9% ao ano”. Ele também citou o B5P211, ETF de juro real curto, como alternativa conservadora com “baixa volatilidade e grande vantagem tributária”, completou.
Já Mançanares apontou dois nomes: o próprio LFTB11, que pode ser usado como base para alocação ou operações alavancadas, e o BIZD11, ETF de crédito privado americano. “Está pagando 11% ao ano em dólar e distribuindo dividendos. É difícil bater isso”, afirmou.
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