O Morgan Stanley avalia que o mercado de ações dos EUA tem demonstrado resiliência mesmo diante dos recentes anúncios de tarifas. Segundo a instituição, os riscos comerciais mais relevantes para os índices acionários estão concentrados na China, na possível revogação da isenção do USMCA (acordo entre EUA, México e Canadá) e nas tarifas da Seção 232 — e não nas medidas anunciadas mais recentemente.
Na visão do banco, a nova proposta de reforma tributária é positiva para os índices de ações de grande capitalização, assim como o impulso gerado pelas fortes revisões de lucros por ação (EPS).
Por que o mercado tem se mantido resiliente?
De acordo com o Morgan Stanley, essa resiliência se deve a três fatores principais:
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1- A exposição aos custos de importação para os setores do S&P 500 ainda é limitada, em função da combinação dos países afetados e das isenções em vigor — como no caso das importações do México em conformidade com o USMCA, embora ainda haja incertezas.
2- As tarifas mais altas anunciadas recentemente para diversos parceiros comerciais são vistas como provisórias, já que as negociações ainda estão em andamento.
3- As ações mais sensíveis a tarifas, especialmente no setor de bens de consumo, já sofreram quedas acentuadas, superiores a 25%, o que reduz o impacto marginal de novas medidas.
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Principais riscos tarifários
Para o Morgan Stanley, o maior risco para os índices acionários seria um aumento expressivo nas tarifas sobre produtos da China, dado o número de setores com exposição relevante a esses custos (mais de 10 setores com mais de 10% de dependência de importações) e o peso desses setores na composição dos índices (acima de 30%).
O segundo risco mais relevante seria a revogação da isenção do USMCA para o México, o que implicaria tarifas mais elevadas sobre a maioria dos bens importados. Embora reportagens recentes apontem discussões sobre uma tarifa de 30% sobre importações mexicanas, a avaliação do Morgan Stanley é que os produtos em conformidade com o USMCA devem permanecer isentos — ponto que ainda aguarda confirmação oficial.
A instituição também alerta para os riscos associados a possíveis tarifas da Seção 232 sobre semicondutores, cuja implementação ainda é incerta. Dado o papel crítico dos semicondutores nas cadeias de suprimento dos EUA, o banco considera esse um ponto a ser monitorado de perto, sobretudo caso a isenção do USMCA com o México seja revogada.
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Reforma tributária
O Morgan Stanley considera o novo projeto de lei tributária como favorável aos índices de ações de grande capitalização. A instituição destaca que a ampliação da dedução imediata de despesas pode reduzir a alíquota efetiva de imposto “em caixa” de 20% para cerca de 13%, o que melhora o fluxo de caixa das companhias.
Entre os principais mecanismos destacados estão:
Dedução antecipada de P&D, que beneficia especialmente os setores de Tecnologia, Comunicação e Saúde.
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Depreciação acelerada, que favorece indústrias intensivas em capital, como Aeroespacial e Defesa, Telecomunicações, Tecnologia, Energia e Bens de Capital.
Além disso, o incentivo fiscal sobre rendimentos intangíveis de origem estrangeira (FDII) também deve beneficiar empresas com maior exposição internacional. O banco aponta ainda a possibilidade de redução nos impostos sobre serviços digitais cobrados no exterior, à medida que avançam as negociações comerciais.
Revisões de lucros seguem como impulso positivo
Para o Morgan Stanley, a forte melhora na amplitude das revisões de lucros tem sido um fator fundamental de sustentação do mercado, mesmo diante das persistentes incertezas macroeconômicas e comerciais. O banco destaca que esse indicador, que estava em queda de 25% em meados de abril, subiu para 3%, refletindo um maior número de revisões positivas do que negativas nas estimativas de lucros futuros.
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Na visão da instituição, o setor financeiro continua a ser a principal aposta, com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), após apresentar o maior avanço nas revisões de lucros no último mês.
O Morgan Stanley também mantém uma visão construtiva sobre o setor industrial, que tem demonstrado força relativa nesse aspecto. Além disso, o banco observa que, como costuma ocorrer durante a temporada de balanços, a dispersão nas revisões de lucros está aumentando, o que deve favorecer um cenário mais propício para a seleção de ações ao longo da divulgação dos resultados.