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Cemig sobe 10% em 12 meses, mas há preocupações no radar: vale a pena investir?
Economia

Cemig sobe 10% em 12 meses, mas há preocupações no radar: vale a pena investir? 

As ações da Cemig (CEMIG4) acumulam alta de 10% nos últimos 12 meses e operam praticamente estáveis neste mês. O desempenho na Bolsa de Valores é positivo, mas para decidir se vale a pena investir, segundo especialistas consultados pelo InfoMoney, é preciso olhar de perto o que dizem os números operacionais da companhia. E eles contam uma história com mais nuances do que o gráfico de valorização sugere.

No segundo trimestre deste ano, a companhia registrou receita líquida próxima de R$ 10,8 bilhões, alta de 14% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 15,4%, para R$ 2,21 bilhões.

A alavancagem segue controlada, com dívida líquida de cerca de R$ 12,2 bilhões e relação dívida líquida sobre Ebitda em 1,6 vez. Esses números explicam por que o papel costuma atrair quem prefere empresas com fluxo de caixa previsível.

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Em setembro, a Cemig teve o rating corporativo e de suas subsidiárias elevado de AA+ para AAA pela Moody’s na escala nacional, nota máxima que indica confiança na capacidade de honrar compromissos financeiros.

Com a mudança, a companhia passou a ter AAA nas duas principais agências de crédito, já que a Fitch havia feito a mesma elevação em outubro de 2024. Segundo a Moody’s, a decisão considera a gestão financeira prudente da empresa, liquidez confortável e geração de caixa estável.

No Investor Day deste ano, a Cemig projetou investimentos de R$ 59,1 bilhões entre 2019 e 2029, cerca de R$ 6 bilhões por ano, com 76% direcionados à distribuição, setor com retornos mais previsíveis.

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Dentro desse pacote, há um plano específico para a área de distribuição de energia, que prevê aportes de R$ 21,9 bilhões entre 2023 e 2027, mais de três vezes o volume investido no ciclo anterior, de 2018 a 2022. Na geração de energia, o foco está na modernização dos ativos existentes, como a usina hidrelétrica de Salto Grande. A companhia também avalia oportunidades de fusões e aquisições em Minas Gerais e trabalha na renovação das concessões de suas hidrelétricas.

Mas a leitura não é só positiva. O lucro líquido da Cemig caiu quase 30% no trimestre, o que mostra que o resultado operacional melhorou, mas fatores financeiros ou de custo estão corroendo parte do ganho. Também houve retração de 6,4% na energia distribuída ao segmento cativo, aquele em que o consumidor ainda depende da distribuidora tradicional, sem geração própria (GD). O recuo, explicam analistas, indica enfraquecimento da base de consumo, o que pode afetar a rentabilidade nos próximos períodos.

Outro ponto que pesa é o controle estatal. O governo de Minas Gerais é o acionista majoritário, e isso torna a governança mais complexa. Para os estrategistas, decisões políticas podem interferir na gestão, especialmente em temas como tarifas, concessões e contratos, pontos que dependem diretamente de regulações públicas. Esse tipo de amarra costuma afastar investidores que buscam previsibilidade total.

No radar do mercado, está ainda a notícia sobre um possível avanço da federalização da Cemig, que voltou à tona neste ano após o governo de Minas autorizar estudo para avaliar uso da empresa na quitação da dívida com a União. Contudo, analistas já haviam destacado que o processo pode ser complexo e demorado, pois exigiria aprovação via lei ordinária pela assembleia legislativa estadual e lei federal pelo Congresso Nacional.

Cabe destacar que, no início de outubro, os deputados estaduais de Minas Gerais aprovaram o projeto de lei que autoriza a federalização da Minas Gerais Participações S/A (MGI), cujo carro-chefe é a participação no capital acionário da Cemig.

O que esperar do 3T25 da Cemig? Vale a pena investir agora?

Angelo Belitardo, diretor de gestão da Hike Capital, e Douglas Dias Rodrigues, planejador financeiro, esperam que a Cemig mantenha um desempenho moderado no terceiro trimestre deste ano (3T25), com crescimento concentrado em áreas mais previsíveis do negócio. A companhia, segundo Belitardo, deve ser beneficiada pelo reajuste tarifário de 7,78% no segmento de distribuição, em vigor desde 28 de maio deste ano.

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Por outro lado, a redução nos volumes de energia, o avanço dos custos operacionais e a exposição às variações de preço no mercado de curto prazo (PLD) entre submercados continuam limitando o potencial de valorização das ações. “Seria uma surpresa ver um desempenho significativamente superior, a menos que algum fator extraordinário entre em cena”, diz Rodrigues.

Belitardo diz que a Hike Capital tem uma visão neutra sobre a Cemig neste momento. A empresa não é vista como uma oportunidade clara de compra, mas também não apresenta motivos suficientes para uma recomendação de venda. Para quem busca opções no setor elétrico com maior potencial de crescimento ou menor nível de risco, ele afirma que alternativas como Equatorial Energia (EQTL3) e Energisa (ENGI11) aparecem como escolhas mais atraentes.

Por outro lado, para Rodrigues, a Cemig pode ser considerada em portfólios de médio e longo prazo, especialmente para investidores com tolerância moderada a riscos regulatórios e operacionais. “Em uma carteira diversificada, combinada com companhias de outros setores, o papel, na minha visão, pode contribuir para estabilidade e geração de renda, sem concentrar riscos excessivos”, pontua.

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Recomendação, preço-alvo e riscos para CEMIG4

O Morgan Stanley tem recomendação underweight (exposição abaixo da média, equivalente à venda) para a Cemig, citando expectativas baixas de dividendos e incertezas sobre privatização (ou até mesmo a federalização). Em setembro, o banco projetou rendimento médio de um dígito em proventos entre este ano e 2027, queda em relação aos 15% de 2024. Sobre privatização, o banco avalia que o processo segue improvável devido à dificuldade de aprovação política, tema reforçado pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema.

O Goldman Sachs mantém recomendação de venda (Sell) para a Cemig, com preço-alvo de 12 meses de R$ 8,90 por ação ou US$ 1,60 por ADR. Entre os principais riscos de alta estão uma possível privatização, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e volumes acima do esperado, melhoria da eficiência e cenário macro mais favorável.

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Já a Hike Capital mantém recomendação de manutenção, com preço-alvo entre R$ 11 e R$ 12. Entre os pontos que podem atrair o investidor estão o múltiplo preço/lucro (P/L) considerado baixo, entre 4 e 5 vezes, e o dividend yield elevado, próximo de 12,2%.

Os principais riscos que podem afetar a performance da Cemig, segundo a gestora, incluem mudanças regulatórias que alterem tarifas ou contratos de concessão, redução no volume distribuído de energia, migração de consumidores para outras fontes de geração, aumento de custos operacionais e possíveis pressões sobre o resultado financeiro. Investimentos mais altos do que o esperado também podem comprimir o fluxo de caixa da estatal.

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