No remake de Vale Tudo, exibido em 2025, o casal Cecília e Laís aparece de forma discreta e sem grandes conflitos. Mas a história original, exibida em 1988, foi inspirada em um caso real com forte impacto emocional e jurídico.
Na novela criada por Gilberto Braga, Cecília morre em um acidente de carro e Laís precisa enfrentar a família da companheira para garantir seus direitos.
A trama foi baseada na vida do fotógrafo Marco Aurélio Rodrigues, que viveu 17 anos ao lado do artista plástico Jorge Guinle Filho, herdeiro de uma das famílias mais tradicionais do Brasil.
Romance real virou enredo de novela
Jorge Guinle Filho morreu em 1987, mas como não havia legislação que tratasse da legal da união homoafetiva na época, Marco precisou brigar na Justiça para ser reconhecido como herdeiro e manter o apartamento em que moravam, no Leblon.
O juiz José Bahadian reconheceu em 1989 a validade de testamento que destinava metade dos bens de Jorge a Marco. Mesmo assim, a família de Jorge recorreu, e o resultado foi dividido: 75% para a mãe, 25% para o pai. Em 2009, Marco conseguiu reaver o imóvel via usucapião. A vitória definitiva veio em 2018, com decisão unânime do STJ reconhecendo seu direito.
A história sensibilizou Gilberto Braga, que decidiu levá-la para a novela. Mesmo com as limitações impostas pela censura da época, Vale Tudo foi uma das primeiras produções da TV brasileira a abordar a relação entre duas pessoas do mesmo sexo de maneira sensível e realista.
Hoje, Marco Rodrigues continua morando na cobertura no Leblon que recuperou. Ele também já manifestou o desejo de escrever um livro sobre a relação com Jorge, com o título provisório O Tarzan de Messejana, inspirado em foto de sua infância, como forma de registrar o amor e a luta judicial.
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