O Brasil tem que enfrentar um grande problema agora ao aumentar as tensões com os Estados Unidos, o que culminou com o tarifaço de 50% contra os produtos domésticos. Contudo, trata-se de uma questão muito mais institucional do que algo que impacta de forma direta na economia e nas exportações, aponta Marcelo Nantes, head de renda variável do Asa Investments.
Para o especialista, que falou ao InfoMoney durante a Expert XP 2025, o fato do Brasil exportar pouco para os EUA e os produtos exportados serem em peso de commodities e materiais básicos acaba por trazer menos efeitos para o país. Isso uma vez que os produtos podem ser realocados para outros países, ainda que a custo de uma maior ineficiência no comércio exterior – e, consequentemente, gerar preços mais altos.
Enquanto economicamente as consequências podem não ser tão negativas, por outro lado, a escalada das tensões de forma mais direta com os EUA se constitui em um ponto bastante negativo para o Brasil.
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Cabe ressaltar que, antes mesmo do anúncio do tarifaço de 50% feito por Donald Trump, alguns sinais de rusgas na relação entre Brasil-EUA tinham ocorrido dias antes. Isso principalmente após o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, defender a adoção de uma moeda alternativa para comércio dos BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
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“Estamos procurando um caminho que não tem como encarar. Imagina se os EUA impõe sanções como ameaça adotar com a Rússia? Se os BRICs adotarem uma moeda nova, taxa em mais 20%?”, avalia Nantes.
“Acho o seguinte: institucionalmente é muito pior para o Brasil do que o economicamente. Claro que não é zero economicamente, mas o efeito é menor”, avalia.
Ainda que os impactos das tarifas sejam mais restritos, Nantes vê impacto maior para duas empresas da Bolsa com boa parte das suas receitas atreladas aos EUA: WEG (WEGE3) e Embraer (EMBR3).
Cenários para a Bolsa
Olhando para a Bolsa brasileira de uma forma geral, Nantes ressalta que o primeiro semestre, período marcado por uma alta do Ibovespa superior a 15%, foi muito marcado pelo cenário internacional mais favorável e entrada de fluxo estrangeiro para o país. Por outro lado, o fim do período foi de sobressaltos, principalmente pelo aumento do conflito entre o Legislativo e o Executivo.
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Para 2026, com atenção ao ano de eleições, a visão é de uma piora do fiscal com aumento de gastos do governo, mas ainda assim a projeção é de um cenário de corte da taxa básica de juros, a Selic, no ano que vem. “O corte de juros por aqui será o grande catalisador para a Bolsa brasileira”, avalia. A depender de como os gastos impactarem a economia, associado a um corte de juros, setores como de varejo podem se beneficiar.
Olhando mais para o curto prazo, o segundo semestre deve ser de desaceleração econômica, com Nantes destacam preferência para os setores de energia e saneamento, infraestrutura (rodovias e ferrovias), shopping center e construção civil de baixa renda.
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