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Bom para quem? Crédito imobiliário deve aquecer mercado, mas apertar caixa dos bancos
Economia

Bom para quem? Crédito imobiliário deve aquecer mercado, mas apertar caixa dos bancos 

Se por um lado as construtoras de média e alta renda podem soltar foguetes com as novas regras do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional para o crédito imobiliário, por outro é questão de tempo para os bancos se verem com margens mais apertadas com as mudanças, já que elas prometem ampliar o acesso à casa própria, mas devem limitar os lucros das instituições.

A análise é do JPMorgan, que vê pontos positivos para o setor imobiliário, mas alerta que os bancos terão de se adaptar a um produto de menor retorno e a limites mais rígidos de taxa de juros.

O principal ponto das mudanças é o fim da obrigação de direcionar 65% dos depósitos de poupança para o crédito imobiliário. A partir de 2027, os bancos não precisarão aplicar uma fatia fixa da poupança em financiamentos habitacionais, e sim manter uma carteira mínima de crédito imobiliário proporcional ao volume de depósitos.

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Na prática, o equivalente a 100% dos recursos da poupança deverá estar comprometido com esse tipo de empréstimo, mas as instituições terão liberdade para usar outras fontes de captação, como Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra Imobiliária Garantida (LIG).

Segundo o JPMorgan, essa mudança tende a aumentar as concessões de crédito habitacional já a partir de 2026. O próprio Banco Central diz que o novo modelo pode gerar de R$ 37 bilhões a R$ 52 bilhões em financiamentos adicionais. O banco americano observa, porém, que o crédito imobiliário tem retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) menor do que outros produtos bancários e agora passará a ter um teto de juros de 12% ao ano, o que limita a margem de lucro.

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Projeções

Os analistas explicam que, embora a flexibilização dos depósitos compulsórios (a parcela de dinheiro que os bancos são obrigados a deixar parada no Banco Central) possa trazer algum ganho, esse benefício é pequeno. Segundo o relatório, mesmo com a redução gradual do compulsório de 20% para 15% a partir de 2026, o efeito positivo seria de apenas 0,2% no lucro total do sistema bancário, que somou mais de R$ 230 bilhões em 2024.

Na avaliação do JPMorgan, o setor bancário pode acabar sendo obrigado a aumentar os financiamentos imobiliários, um produto com rentabilidade menor e restrições de taxa de juros, o que deve pressionar os resultados no médio prazo.

Os analistas também lembram que o novo cálculo para medir o cumprimento das exigências do Banco Central levará em conta o prazo e o valor dos financiamentos. Empréstimos de maior duração ou de menor valor, até R$ 1 milhão, terão peso maior na fórmula. Isso deve beneficiar o público de renda média, que ganha entre R$ 12 mil e R$ 20 mil por mês e que costuma ficar fora do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).

O JPMorgan estima que o crédito imobiliário gera um retorno sobre o patrimônio de 10% a 20%, abaixo do que os grandes bancos costumam obter com outras linhas de negócio, que ficam entre 15% e 22%. Por outro lado, o produto tem baixo risco de inadimplência e exige menos capital regulatório, o que o torna interessante como porta de entrada para novos clientes.

As mudanças também alteram o valor máximo dos imóveis financiáveis pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação), que passará de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. O custo efetivo total, que inclui juros, taxas e comissões, ficará limitado a 12% ao ano. A transição para o novo modelo será gradual, entre 2026 e 2027, período em que os bancos poderão ajustar seus controles e estratégias de captação.

Relação entre crédito imobiliário e poupança

O relatório lembra que o Brasil enfrenta um problema estrutural: a poupança parou de crescer. Entre 2020 e 2025, o volume de depósitos praticamente ficou estável, mesmo com o rendimento acumulado no período. Entre as razões estão o baixo retorno real, o avanço dos investimentos alternativos e o aumento da educação financeira.

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Nos últimos 14 anos, o crédito imobiliário cresceu bem mais que a poupança. De 2011 a 2025, os financiamentos aumentaram de R$ 178 bilhões para R$ 1,2 trilhão, enquanto os depósitos subiram de R$ 319 bilhões para R$ 762 bilhões.

A relação entre crédito imobiliário e poupança passou de 0,4 vez para 1,6 vez, o que mostra que boa parte dos empréstimos já vem sendo financiada com outros instrumentos.

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