No programa Última Análise desta segunda-feira (06), os convidados falaram sobre a breve conversa que houve entre Lula e Donald Trump. As consequências de tal diálogo ainda são incertas mas, por ora, foi divulgado que o republicano designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações. Rubio será o articulador para resolver o impasse, que envolve desde o “tarifaço” sobre produtos brasileiros, até a prisão de Jair Bolsonaro.
“Está claro que quem chamou para essa dança foi o Trump. As cartas estão com ele. A obrigação de tudo isso dar certo é do Lula”, afirmou o jurista André Marsiglia. Já em relação à escolha de Rubio, ele diz que isto deixa claro que a negociação não se dará apenas no campo econômico, pois o escolhido é o encarregado de política internacional.
Durante coletiva, o republicano afirmou que pretende estreitar as relações econômicas com o Brasil. “Vamos começar a fazer negócios. […] Em algum momento eu irei [ao Brasil], e ele [Lula] vai vir aqui. Falamos sobre isso”, declarou Trump, reforçando a intenção de realizar encontros bilaterais com Lula nos próximos meses.
O ex-procurador Deltan Dallagnol minimizou a importância da conversa inicial entre Lula e Trump. “Eu não acho que teve ali um grande avanço. Foi basicamente uma conversa sem grandes novidades. Só uma reunião para marcar uma reunião”. Ele destacou apenas a nomeação de Rubio, o que aponta para uma negociação difícil, tendo em vista a resistência do secretário à ideologia de esquerda.
O “kit eleitoral” de Lula
Com a aprovação derretendo nas pesquisas, além da crise com Donald Trump, Lula ensaiou uma rodada de medidas econômicas com apelo direto às bases eleitorais. Entre subsídios, promessas e liberações de crédito, o petista chegou a propor até uma “tarifa zero” nos ônibus.
O economista José Pio Martins classificou a proposta como inviável operacionalmente. “Em economia, existe uma máxima fundamental: as quantidades consumidas, de qualquer coisa, têm relação com seu custo de produzir e com seu preço de vender. Se você decreta uma tarifa zero, 24 horas depois, o número de passageiros vai duplicar”, ele alerta.
“Dinheiro não cresce em árvore. Você vai difundir por toda a sociedade o custo disso. Ou seja, o brasileiro pobre, que vai ser isentado na hora de andar de ônibus, vai pagar essa tarifa na compra do mercado”, explica Dallagnol. Para ele, a medida é evidentemente populista e eleitoreira.
José Dirceu quer ser candidato em 2026
O ex-ministro e forte aliado de Lula, José Dirceu, em entrevista à BBC News Brasil, publicada nesta segunda (06), reconheceu que o estado de saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é delicado e que ele não tem condições de ir para uma prisão comum. Ainda, Dirceu expressou seu desejo de se candidatar a deputado federal por São Paulo nas eleições de 2026, como forma de “reparação” pelas injustiças que lhe foram infligidas.
“A grande dívida que a gente tem com José Dirceu é colocá-lo na cadeia e não fizemos isso. Seguimos devendo isso a ele”, ironizou Dallagnol. Por outro lado, ele ressaltou que que é possível que o mensaleiro tenha mais bom senso do que o próprio Moraes, ao sugerir uma prisão domiciliar a Bolsonaro.
O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a sexta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.
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