Os mercados começam esta quinta-feira (23) de olho na viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Ásia. O tour, que teve início em Jacarta, na Indonésia, na véspera, deve ganhar peso político e econômico nos próximos dias, especialmente por causa do encontro previsto entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
O encontro está marcado para este domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, e deve tratar de temas sensíveis nas relações entre Brasil e EUA, como as tarifas comerciais aplicadas por Trump, além de medidas adotadas por Washington contra autoridades brasileiras, como a Lei Magnitsky, que permite sanções a pessoas acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos, usada contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O governo brasileiro também deve abordar temas regionais, especialmente as recentes ofensivas norte-americanas contra embarcações venezuelanas. Há preocupação em Brasília de que uma escalada militar dos Estados Unidos na América do Sul provoque instabilidade política e econômica na região, com possíveis reflexos para o Brasil.

Em Brasília, o destaque é a reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), que começa às 9h. O chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, auditor fiscal Claudemir Malaquias, e o coordenador de Previsão e Análise da Receita Federal, auditor fiscal Marcelo Gomide, comentam nesta quinta-feira às 11h a arrecadação federal de setembro e o resultado acumulado de todo o ano de 2025.
Nos Estados Unidos, às 9h30, será divulgado o índice de atividade nacional de setembro e, mais tarde, dois membros do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) discursam: Michelle Bowman, às 11h, e Michael Barr, vice-presidente de supervisão do Fed, às 11h25.
A temporada de resultados do terceiro trimestre também segue movimentando os pregões. Nesta quinta, três gigantes divulgam seus números: Intel, Unilever e American Airlines.
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Ainda no cenário internacional, os preços do petróleo registram forte valorização depois de novas sanções dos EUA à Rússia. O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro dos EUA impôs novas sanções contra as duas maiores empresas petrolíferas da Rússia, a Rosneft e a Lukoil OAO. A medida é justificada “em decorrência da falta de comprometimento sério da Rússia com um processo de paz para encerrar a guerra na Ucrânia”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre agenda nesta quinta-feira (24) em Jacarta, na Indonésia, com atividades iniciando ainda na noite de quarta-feira (23) pelo horário de Brasília.
A programação começa às 23h de quarta-feira, com a cerimônia oficial de chegada ao Palácio Merdeka. Às 23h15, Lula participa da fotografia oficial e assina o livro de visitas, e, logo depois, às 23h20, realiza uma reunião privada com o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto.
Às 23h50, está prevista uma reunião ampliada entre as delegações, seguida, já na madrugada de quinta-feira, às 0h50, por um almoço de trabalho oferecido por Prabowo em homenagem a Lula.
A agenda segue às 1h30, com a cerimônia de apresentação dos presentes, e às 1h45, com a assinatura de atos bilaterais. Às 2h, o presidente concede uma declaração à imprensa.
No período da manhã pelo horário de Brasília, às 7h30, Lula participa de um encontro com empresários indonésios no Hotel St. Regis, e às 8h30, encerra o Evento Empresarial Brasil–Indonésia.
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Gabriel Muricca Galípolo Presidente BC 15:40 (horário local) Palestra no painel “Sessão Ministerial Especial” do Fórum Econômico Indonésia-Brasil, promovido pela ApexBrasil, em Jacarta, Indonésia. (aberto à imprensa presencialmente e por transmissão)
O ChatGPT disse:
O presidente do Banco Central, Gabriel Muricca Galípolo, participa nesta quinta-feira (23), às 15h40 no horário local (ou 5h40 no horário de Brasília), de uma palestra no painel “Sessão Ministerial Especial” do Fórum Econômico Indonésia-Brasil, promovido pela ApexBrasil, em Jacarta, Indonésia. O evento é aberto à imprensa, tanto presencialmente quanto por transmissão ao vivo.
Agenda
- Brasil
- 9h – Reunião do CMN
- EUA
- 11h – Discurso de Bowman, membro do Fomc
- 11h25 – Discurso de Barr, vice-presidente de supervisão do Fed
INTERNACIONAL
Tarifas
Donald Trump afirmou nesta quarta-feira (22) que as tarifas impostas a parceiros comerciais, incluindo uma de 50% sobre o Brasil, “salvaram” os pecuaristas americanos. O presidente dos Estados Unidos disse que as medidas protegeram o setor em meio à alta dos preços da carne e pediu que produtores reduzam os valores cobrados ao consumidor. O governo também anunciou um plano para reconstruir o rebanho nacional, afetado por anos de seca.
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Shutdown
Economistas calculam que a paralisação parcial do governo americano pode reduzir entre 0,1 e 0,2 ponto percentual do crescimento anual da economia a cada semana em que persistir. Segundo estimativas da Oxford Economics, obtidos pelo jornal The New York Times, isso representa uma perda de aproximadamente US$ 7,6 bilhões a US$ 15,2 bilhões por semana, considerando as horas não trabalhadas pelos funcionários públicos.
China e Alemanha
A China retomou o posto de maior parceiro comercial da Alemanha nos oito primeiros meses de 2025, superando os Estados Unidos, segundo dados preliminares do órgão de estatísticas alemão. As trocas entre os dois países somaram 163,4 bilhões de euros (R$ 1,02 trilhão), ligeiramente acima dos 162,8 bilhões de euros (R$ 1,01 trilhão) com os EUA. A reversão ocorre após as tarifas impostas por Donald Trump reduzirem as exportações alemãs para o mercado americano.
ECONOMIA
Audiência pública
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) realiza nesta quinta-feira (23), às 10h, uma audiência pública para discutir o impacto orçamentário do PL 1.087/2025, que propõe isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês. A medida é uma das promessas do governo Lula para reduzir tributos e ampliar o poder de compra da classe média.
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Orçamento apertado
O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) alertou que o corte e o congelamento de verbas feitos pelo governo Lula (PT) agravaram a situação orçamentária e podem comprometer o pagamento de benefícios previdenciários. Em documentos enviados ao Ministério da Previdência, o órgão pede um reforço de R$ 425 milhões e o desbloqueio de mais R$ 142 milhões para evitar a paralisação de serviços. O instituto afirma que a falta de recursos ameaça contratos com empresas como os Correios, Dataprev e Telebrás, além de programas de atendimento a aposentados.
Compensação tributária irregular
A Receita Federal identificou R$ 11,4 bilhões em compensações tributárias feitas em desacordo com a medida provisória que restringia o uso de créditos de impostos. Segundo o órgão, R$ 4,79 bilhões vieram de créditos de PIS/Cofins sem relação com a atividade da empresa e R$ 6,6 bilhões de operações baseadas em documentos inexistentes. A MP, que perdeu validade em 8 de outubro, fazia parte do plano do governo Lula para reforçar a arrecadação e equilibrar as contas públicas.
POLÍTICA
Acórdão
O STF publicou na quarta-feira (22) o acórdão que confirma a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. A decisão abre prazo para que as defesas apresentem recursos, como embargos de declaração e infringentes. Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar, pode começar a cumprir pena em regime fechado após o fim das contestações, algo que ministros acreditam ocorrer ainda neste ano.
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Pedido negado
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, negou o pedido da defesa de Jair Bolsonaro (PL) para que ele recebesse a visita do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Moraes sugeriu a reabertura da investigação contra Valdemar por suposta participação na trama golpista, decisão aprovada pela maioria da Primeira Turma do tribunal. Durante as investigações, Valdemar ficou impedido de se comunicar com Bolsonaro por mais de um ano.
Transferência autorizada
O presidente do STF, Edson Fachin, autorizou a transferência do ministro Luiz Fux da Primeira para a Segunda Turma do tribunal. A mudança atende a pedido de Fux, que buscava se afastar dos julgamentos da trama golpista, e foi possível após a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso. Com a alteração, a Segunda Turma passa a ter Fux, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, André Mendonça e Kássio Nunes Marques, enquanto a Primeira Turma terá uma vaga ainda a ser preenchida.
Forças Armadas
O plenário do Senado aprovou na quarta-feira (22) um projeto de lei complementar que destina R$ 30 bilhões para investimentos das Forças Armadas em equipamentos e tecnologias estratégicas ao longo de seis anos, sem que os gastos fiquem sujeitos ao arcabouço fiscal. O projeto foi relatado pelo líder do governo, Randolfe Rodrigues (PT-AP), e endossado por 57 senadores, seguindo agora para a Câmara dos Deputados. Críticos como o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), alertaram que a medida cria exceções às metas fiscais, enquanto defensores argumentam que o investimento é fundamental para a soberania e a indústria de defesa do país.
Arquivado
O Conselho de Ética da Câmara arquivou na quarta-feira (22) a representação que pedia a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos fazendo lobby em favor do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão, aprovada por 11 votos a 7, seguiu o parecer do relator Marcelo Freitas (União Brasil-MG), que considerou a atuação de Eduardo amparada pela liberdade de expressão e imunidade parlamentar. Partidos de esquerda, como PT e PSOL, anunciaram que recorrerão da decisão ao plenário da Câmara, alegando quebra de decoro parlamentar.
Possível volta ao Brasil
O Ministério Público da Itália deu parecer favorável à extradição da deputada Carla Zambelli (PL-SP), presa cautelarmente desde 29 de julho em Roma. A decisão ainda precisa ser analisada pela Justiça italiana, responsável por autorizar o envio da parlamentar ao Brasil. Zambelli foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão por crimes envolvendo invasão de sistemas do CNJ e inserção de documentos falsos.
(Com Agência Brasil, Reuters e Estadão Conteúdo)
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