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Ânimo voltou? Até onde Ibovespa e dólar podem ir após ‘plot twist’ com tarifaço
Economia

Ânimo voltou? Até onde Ibovespa e dólar podem ir após ‘plot twist’ com tarifaço 

O mercado brasileiro contou com uma grande fonte de ânimo depois de muita volatilidade na última quarta-feira (30), após decreto do presidente norte-americano, Donald Trump, excluir vários itens de uma tarifa comercial maior para produtos brasileiros, incluindo aeronaves e algumas peças, o que fez as ações da Embraer (EMBR3) dispararem mais de 10%.

O Ibovespa avançou quase 1% na quarta, a 133.989 pontos, depois de um primeiro momento de queda após anúncio, até que o mercado fizesse uma leitura sobre as exceções, que animaram os investidores: no melhor momento, chegou a testar a linha dos 134 mil pontos, com o plot twist, a inesperada reviravolta no roteiro do tarifaço.

Trump assinou nesta quarta-feira um decreto implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o valor total da taxa para 50%, citando as políticas recentes do país com as quais o governo Trump não concorda. A medida, contudo, excluiu vários produtos de setores relevantes.

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Mas será que esse ânimo irá durar ou será apenas um breve alívio?

“Essas exceções trazem um fôlego para alguns setores… mas ainda temos um cenário de incerteza à frente”, disse Pedro Moreira, analista na mesa de renda variável e sócio da One Investimentos, avaliando que ainda não se sabe como o Brasil responderá às medidas de Trump.

O decreto veio no momento em que os EUA anunciaram sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de autorizar prisões arbitrárias antes do julgamento e de suprimir a liberdade de expressão.

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Para Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, o Ibovespa pode até ganhar algum fôlego com o alívio nos EUA, já que o investidor tende a buscar ativos mais baratos e com retorno alto nos emergentes, mas tem uma trava. “O Brasil também foi atingido pelas tarifas. Produtos brasileiros podem pagar até 50% de imposto para entrar nos EUA a partir de agosto e isso pesa para exportadoras, especialmente nos setores de alimentos, ou seja, é um respiro parcial, não uma folga generalizada”, avalia o especialista.

Além disso, Patzlaff avalia que ainda há um risco importante no radar com a possibilidade de uma correção nas bolsas americanas, que estão esticadas e precificando um otimismo que pode não se sustentar, principalmente se os dados de inflação e crescimento decepcionarem.

“Se vier uma recessão técnica nos EUA ou uma nova onda inflacionária, o tom muda rápido. Acredito que trouxe alívio sim, mas não elimina os riscos, foi uma decisão politicamente inteligente e economicamente estratégica, mas não resolve tudo. O Ibovespa pode sim ter espaço para ganhos, mas depende do cenário lá fora continuar ajudando”, aponta. Desta forma, Patzlaff vê que diversificação e cautela seguem sendo as palavras-chave e esse ainda não é um momento para euforia – e sim para atenção redobrada.

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Recuperação parcial?

Já para Cândido Piovesan, trader da mesa de alocação da Nippur Finance, para a bolsa, a perspectiva é de recuperação parcial. O Ibovespa, que caiu 3,59% na semana passada após o anúncio inicial, pode se estabilizar ou até subir se as isenções forem amplamente interpretadas como um sinal de negociação futura.

“A desvalorização do real, que chegou a R$ 5,60, pode perder força, enquanto os juros futuros tendem a ajustar-se, dependendo da percepção de risco inflacionário”, aponta o operador.

Quanto às empresas, a Embraer (EMBR3) respira com a isenção da aviação civil, especialmente após ações subirem na véspera, refletindo alívio para seus jatos comerciais e executivos, que dependem em 60% do mercado americano. Suzano (SUZB3), com 15% a 19% das receitas nos EUA, ganha fôlego com a isenção de celulose, mas enfrenta desafios se a demanda global, especialmente na China, continuar fraca.

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“A narrativa de Trump sugere uma tática de pressão, e o mercado local parece interpretar as exceções como uma abertura para diálogo, o que pode limitar perdas. Ainda assim, a volatilidade persistirá até que o governo brasileiro, com sua lei de reciprocidade, defina uma resposta, potencialmente afetando setores dependentes de importações americanas”, avalia Piovesan, ressaltando que o momento exige cautela, mas também oportunidades em empresas resilientes, dependendo da evolução das negociações bilaterais.

A Ativa Investimentos também ressaltou os impactos positivos para companhias como Embraer, Suzano e petrolíferas. Por outro lado, a ausência de carnes na lista representa um viés negativo para os frigoríficos.

“Vemos a notícia como positiva para a diminuição do prêmio de risco dos ativos brasileiros, tanto pela redução das incertezas no front comercial, quanto pelo menor impacto negativo sobre o crescimento econômico”, aponta.

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O Bradesco BBI, por sua vez, apontou que as exceções ao tarifaço levam a um cenário significativamente menos grave do que se temia inicialmente e podem levar a um rali de alívio para o mercado brasileiro.

O banco ressalta que a implementação das tarifas foi adiada por sete dias provavelmente por uma questão administrativa, mas também podendo ser uma janela para negociações que parecem ainda não ter acontecido.

“Vemos essa medida como uma redução da tensão e um resultado líquido positivo significativo em comparação com os temores do mercado de um impasse tarifário prolongado de 50% ou uma escalada ainda pior”, avaliou o BBI.

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Assim, espera que as ações brasileiras experimentem um modesto rali de alívio após o desempenho 10% inferior em relação aos pares de mercados emergentes no último mês, desde o aumento das tensões com os EUA, que culminou com o anúncio do tarifaço de 50% dia 9 de julho.

Para o banco, as recuperações devem ser lideradas pelas ações brasileiras que têm a maior exposição aos EUA e que têm isenções tarifárias aqui, como Embraer e Suzano, juntamente com as ações brasileiras que ficaram para trás em relação ao aumento dos prêmios de risco e à incerteza.

“Continuamos com exposição overweight (acima da média do mercado, equivalente à compra) em relação ao Brasil e vemos uma fraqueza significativa como uma oportunidade de compra. O Brasil continua sendo um dos mercados mais baratos do mundo, com um desconto duplo na avaliação de ações e câmbio, benefícios subestimados de fluxos estrangeiros e locais e dois catalisadores para o 2S25″, avalia a equipe do banco.

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