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Análise técnica ou fundamentalista? Para especialistas, elas se completam
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Análise técnica ou fundamentalista? Para especialistas, elas se completam 





No dia a dia do mercado, não é raro que investidores se perguntem qual é a melhor forma de decidir o momento certo de comprar ou vender um ativo: seguir os fundamentos da empresa ou se guiar pelos gráficos e indicadores de preço? Embora, à primeira vista, pareçam métodos opostos, especialistas afirmam que as duas abordagens não só podem como devem caminhar juntas.

A análise fundamentalista, explicam, é a bússola que aponta quais ativos têm valor e potencial de crescimento, enquanto a análise técnica funciona como o relógio que indica o momento mais oportuno para agir. Ou seja, a primeira te diz o que comprar e a segunda mostra quando comprar.

Ao unir as duas visões, é possível, por exemplo, casar os números obtidos em uma análise fundamentalista com sinais técnicos de mercado para encontrar um ponto de entrada mais eficiente — estratégia que, segundo os especialistas, pode fazer diferença significativa no desempenho de longo prazo de uma carteira.

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Essa abordagem foi defendida no painel “Depois da tempestade, a bonança? O que está caro e barato na Bolsa agora”, realizado durante a Expert XP 2025. Mediado por Rodrigo Petry, coordenador editorial do InfoMoney, o debate reuniu Alex Carvalho (analista de investimentos da XP), Raphael Figueiredo (estrategista de renda variável da XP) e Guilherme Jeres (analista da Nelogica), que compartilharam visões sobre como integrar as duas técnicas na tomada de decisão de investimentos.

Complementar, não escolher um lado

Guilherme Jeres destacou a importância de combinar diferentes abordagens, desde que de forma prática. “Eu sou muito partidário daquela filosofia de adicionar o ‘e’ ao invés do ‘ou’”, afirmou.

Para ele, o segredo está em não sobrecarregar a leitura com variáveis demais, mas em usar ferramentas complementares para refinar o timing das decisões. “Obviamente tu não vai colocar um monte de informações no teu gráfico. Se tu esperar a validação de 30 variáveis, tu nunca vai fazer nada na tua vida” explicou.

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Jeres reforçou a importância de mesclar leitura gráfica com outros dados de mercado, como o book de ofertas, para identificar regiões de absorção. E resumiu sua visão com uma frase de impacto.

“No curto prazo, o mercado é irracional, no longo prazo o mercado é racional. Só que a gente não pode esquecer que o longo prazo ele não existe. Ele nada mais é do que uma sequência de pequenos curtos prazos” disse.

Por isso, propôs uma fórmula objetiva:

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“Análise fundamentalista vai te dizer o que comprar e a análise técnica vai te dizer quando comprar.”

— Guilherme Jeres, analista da Nelogica

Ele reforçou que o grande diferencial está justamente na capacidade de unir essas duas escolas de análises.

Leia também: Após alta no 1º semestre, analistas dizem que momento da Bolsa é de oportunidade

Unir fundamentos e timing certo

Para Alex Carvalho, não se trata de escolher lados, mas sim de compreender como as duas abordagens podem se complementar. Para ele é um erro encarar essas abordagens como rivais.

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“Acho que não dá para a gente tratar como vilã. Elas se completam, conversam muito mais do que a gente imagina.”

— Alex Carvalho, analista da XP

Segundo ele, enquanto os dados fundamentalistas — como fluxo de caixa e balanço patrimonial — ajudam a entender o valor e a solidez de uma empresa no longo prazo, a análise técnica entra como ferramenta para avaliar o timing de entrada ou saída de uma posição.

“Existe uma outra premissa que é o tal do ‘preço desconta tudo’”, disse, ao reforçar que o preço reflete os eventos mais recentes do mercado.

Por isso, para operações de curto prazo e com alta volatilidade, ele prefere observar o comportamento de preço:

“A gente não quer saber se essa empresa é boa para daqui 3 anos, se ela paga dividendos daqui a 6 meses, porque eu tô querendo um trade de 5% amanhã” disse.

Carvalho também reforçou que a integração entre as duas leituras pode trazer ganhos relevantes para o investidor.

“Se eu entender que uma empresa é muito robusta, que ela já vem dando certo há muito tempo, eu posso casar análise técnica com os números que eu já tenho fundamentalista para encontrar um melhor ponto de entrada nesse ativo.”

— Alex Carvalho, analista da XP

Para ele, essa complementaridade ajuda inclusive na comunicação com o cliente. “O cliente só tende a ganhar quando a gente interpreta isso de maneira mais clara, transparente para ele”, concluiu.

Já Raphael Figueiredo compartilhou sua trajetória de migração da análise técnica para a fundamentalista.

“Minha carreira começou com análise técnica e aí hoje eu estou em um painel com dois especialistas técnicos e eu estou indo mais pro lado do fundamento, né? Então, olha só que transformação bacana” disse.

Apesar da mudança de foco, Rafi — como é conhecido — ressaltou o papel essencial que a análise técnica teve em sua formação: “Eu devo tudo que eu tenho na minha vida e na minha carreira ao mercado financeiro por conta da análise técnica.”

Justamente por ter se aprofundado no tema, ele acredita que pode criticá-la com propriedade.

Ele reforçou que a combinação das duas abordagens é possível e desejável — desde que feita com clareza metodológica. “Você tem que saber a real funcionalidade de cada ferramenta pro seu universo de análise”, explicou.

Para ilustrar, comparou com o uso de um martelo. “Você pode pregar um prego na parede ou abrir uma lata de sardinha, mas todo mundo vai preferir um preguinho bonitinho na parede com quadro do que a sardinha toda esmagada”, disse, alertando que o uso incorreto leva a distorções.

“O que acontece muito no mercado hoje é que as pessoas misturam as ferramentas em contextos adversos” concluiu.

Ele ainda detalhou seu próprio modelo de análise, baseado em três camadas: momentum, volatilidade e valor.

“Primeiro é momentum. Momentum é a agitação. Momentum no mercado é tudo. Depois de você capturar momentum, você vai para uma outra coisa que é parecida, mas não é na definição, que é volatilidade, porque volatilidade é comportamento, acelera e diminui. E aí depois da combinação desses caras, você vai para valor.”

— Raphael Figueiredo, estrategista de renda variável da XP

Segundo ele, quem consegue combinar análise técnica e fundamentalista de forma adequada desenvolve um diferencial competitivo.

“Você começa a capturar, dentro de um ambiente de preço, para onde vai o futuro caminho dos preços de uma ótica macro e fundamentalista”, destacou.

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