Indicadores técnicos consagrados seguem sendo fundamentais para interpretar os movimentos de um mercado cada vez mais veloz, volátil e repleto de ruídos. Em um ambiente onde novas ferramentas surgem a todo instante, o retorno às origens — com análise aprofundada e disciplina operacional — volta a ganhar protagonismo entre investidores e traders.
Esse resgate ficou evidente na Expert XP 2025, durante o painel “O criador de um dos maiores indicadores do mercado”, que reuniu três referências do mercado: John Bollinger, criador do indicador que leva seu nome; Flávio Lemos, autor e especialista em análise técnica; e Raphael Figueredo, estrategista de ações da XP.
No centro da conversa: como as Bandas de Bollinger ajudam a identificar oportunidades, estruturar sistemas operacionais e, principalmente, manter a clareza e a disciplina em meio ao caos dos mercados financeiros.
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Bandas de Bollinger: estrutura simples, aplicação poderosa
Durante a Expert 2025, especialmente na Arena Trader, um dos momentos mais aguardados foi a palestra de John Bollinger, criador das famosas Bandas. Em uma conversa rica em fundamentos, Bollinger detalhou como seu indicador pode ser utilizado de maneira flexível e estratégica.
“As bandas basicamente são uma estrutura no gráfico que definem se os preços estão baixos ou altos de forma relativa”, explicou Bollinger. A base do indicador é uma média móvel de 20 períodos, que pode ser adaptada conforme o estilo do operador.
“As bandas ajudam a definir o que é alta e o que é baixa, e a identificar padrões que ampliam as chances de sucesso em uma operação. Quando bem utilizadas, permitem que o risco assumido seja menor do que o ganho potencial”
Como montar um sistema com Bandas de Bollinger
Questionado por Raphael Figueredo sobre como construir um sistema de trading com o indicador, Bollinger reforçou que tudo começa com a aceitação do risco individual. “As bandas oferecem um arcabouço. A partir disso, cada operador pode criar uma estratégia mais agressiva ou conservadora, dependendo da sua tolerância ao risco.”
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Ainda sobre isso, Bollinger acrescentou: “O maior erro é assumir que um toque na banda superior é automaticamente uma venda, ou que o toque na inferior é uma compra. Isso é simplificar demais. É preciso mais informações, mais confirmações.”
Indicadores que se combinam bem com as Bandas
Bollinger destacou que os indicadores mais eficazes para complementar suas bandas são os que envolvem volume, especialmente os de acumulação e distribuição. “Meu favorito são os que envolvem volume, eles ajudas muito”, disse.
Ele também citou o uso inicial do RSI (Índice de Força Relativa) e o Estocástico, especialmente quando os recursos gráficos eram mais limitados.
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Figueredo comentou ainda que desenvolveu um indicador de momentum e acompanhamento de tendência inspirado nas bandas, reforçando a versatilidade do conceito original.
A origem das Bandas e a importância da leitura de volatilidade
A motivação inicial para a criação das Bandas de Bollinger veio da necessidade de medir a volatilidade. “Comecei usando análise fundamentalista. Depois comecei a utilizar também a análise técnica e percebi que precisava de algo para capturar a volatilidade.”
Essa essência permanece até hoje, reforçou ele. “As bandas tendem a continuar relevantes porque são baseadas na volatilidade, que é uma constante nos mercados. Quando as bandas estão espremidas, geralmente é o início de uma tendência. Já quando estão muito abertas, pode ser o sinal de que a tendência está próxima do fim.”
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A disciplina e o caminho do trader
Flávio Lemos perguntou qual seria o caminho ideal para um jovem trader. Bollinger foi direto: leitura e disciplina. “Leia os clássicos. Os fundamentos do mercado continuam os mesmos — acumulação, distribuição. São conceitos universais.”
Ele reforçou que o mercado muda, mas o processo básico permanece. “Você precisa ler o máximo que puder, de manhã até a noite. E absorver tudo: futuros, ações, diferentes autores. Essa diversidade vai te ensinar muito.”
Além disso, recomendou rastrear todos os trades, anotar, manter estatísticas. “Só existem duas formas de melhorar: aumentar a porcentagem de acertos ou aumentar o ganho em relação ao risco. E isso só é possível com registro e análise constante.”
A combinação entre fundamentos e técnica
A palestra também trouxe insights sobre a combinação entre análise fundamentalista e técnica.
Bollinger explicou que seleciona ações com crescimento consistente de receita e lucros, e utiliza a análise técnica para determinar os pontos de entrada e saída.
“É uma abordagem clássica. Os fundamentos selecionam; a técnica afina o timing.”
E, sobre o eterno debate entre timing de mercado e eficiência, Bollinger foi enfático:
““Quando dizem que não é possível encontrar o timing, estão dizendo que eles não conseguem. Não significa que você não consiga. Isso deve ser visto como um desafio, não como uma verdade absoluta.””
Saiba mais:
Curiosidade, constância e humildade
No encerramento, a fala de Bollinger foi quase filosófica. “Nunca faça nada que te impeça de voltar ao mercado amanhã. Comece pequeno, aprenda com os erros, seja disciplinado. Leia os clássicos. Pergunte. Seja curioso. Evite operar com emoção. E nunca pare de aprender — o mercado está sempre mudando.”
As Bandas de Bollinger, nas palavras do próprio criador, são uma ferramenta — não um sistema fechado, mas um recurso poderoso quando bem utilizado.
Para investidores e traders, fica o convite: estudar, testar, registrar e evoluir continuamente. Porque no fim, como ele disse, “disciplina é o nome do jogo”.
Guias de análise técnica:
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