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O que levou o Ibovespa da máxima histórica para maior sequência de queda desde 2023?
Economia

O que levou o Ibovespa da máxima histórica para maior sequência de queda desde 2023? 

No dia 4 de julho, o Ibovespa atingiu a sua máxima de fechamento, além dos 141 mil pontos. Desde então, o benchmark da Bolsa brasileira não sabe mais o que é subir, acumulando 7 baixas seguidas, na maior sequência desde agosto de 2023 e com baixa acumulada de 4,3% até o fechamento da véspera. Nesta quarta, a sessão é de volatilidade para o benchmark da Bolsa, entre leves ganhos e perdas.

No centro das atenções do mercado estavam as tarifas ainda com percentuais desconhecidos do presidente dos EUA, Donald Trump, a serem reveladas até o dia 9 de julho. A projeção era de volatilidade para os mercados – globais, o que inclui os brasileiros -, mas o desenho que tomou forma foi ainda pior para os ativos domésticos.

A piora nos ativos domésticos se deu antes mesmo de Trump anunciar, no esperado dia 9, uma tarifa de 50% para o Brasil, muito acima do que o mais pessimista dos analistas projetava.

Alguns sinais de insatisfação de Trump já apareceram antes envolvendo o Brasil, principalmente com a cúpula dos BRICs realizada no país entre dias 6 e 7 de julho. Em discurso na ocasião, o presidente brasileiro Lula defendeu que o bloco encontre alternativas à moeda norte-americana para evitar a intermediação do dólar em transações bilaterais.

“O mundo precisa encontrar um jeito de que nossas relações comerciais não precisem passar pelo dólar”, disse o petista. “Obviamente, temos que ser responsáveis e fazer isso com cuidado.”

Logo após essas declarações, na noite do dia 6, o presidente dos EUA anunciou que uma tarifa adicional de 10% seria cobrada de países que “se alinharem às políticas antiamericanas do BRICS”, sem dar mais detalhes. Três dias depois, as tensões que se acumularam com as expectativas das tarifas foram concretizadas com o tarifaço de Trump, que vinculou a decisão ao tratamento recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (que está sendo julgado sob a acusação de planejar um golpe de Estado).

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As primeiras indicações eram de que a tarifa de Trump poderia abalar a imagem já frágil de investidores com Brasil após um período de ânimo com o Ibovespa, com ganhos de 15,44% no primeiro semestre. Assim, esse fator de risco ganhou força e diminuiu o ímpeto de ganhos do mercado nacional.

Queda seguirá?

A LCA Consultores aponta que, de imediato, os mercados domésticos reagiram negativamente ao anúncio, com as taxas de juros de longo prazo e a cotação do dólar registrando altas abruptas, ainda que de intensidade moderada.

A reação dos mercados, no entanto, rapidamente perdeu intensidade – inclusive pelo significativo questionamento em relação à sustentação legal do choque tarifário, que pode acabar barrado pela Justiça dos EUA.

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“Por ora, optamos por não alterar as premissas e projeções de nosso cenário em função da ação intempestiva de Trump em relação ao Brasil. Há imensa incerteza sobre o patamar de tarifas que deverá, efetivamente, vigorar sobre a importação norte-americana de produtos brasileiros. Embora haja também alguma incerteza em relação à resposta brasileira, os sinais preponderantes são de que o governo tem preferência por uma negociação que modere as tensões comerciais, ora inusitadamente graves”, avalia a consultoria.

A visão é de que alguns aspectos estruturais tenderiam a mitigar o impacto econômico do tarifaço sobre a economia brasileira como um todo. O Brasil é uma economia em que o peso das exportações no PIB é atipicamente baixo, e a participação dos EUA no fluxo de receitas de exportação, embora significativa (quase 12%), é muito inferior à observada em inúmeros outros países, a começar por México e Canadá. Ademais, a pauta exportadora para os EUA é composta majoritariamente por commodities, como petróleo e derivados, celulose, carne bovina e café.

Esses produtos certamente sofreriam significativamente se a tarifa efetivamente tiver o aumento drástico anunciado, mas ao menos podem ser redirecionados para outros mercados ou absorvidos pelo mercado interno. Entretanto, setores industriais como os de aeronaves, equipamentos e instalações de engenharia civil seriam impactados de forma muito dramática, já que mais da metade de suas exportações têm como destino os EUA.

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Cabe dizer ainda que, nesta terça, após o fechamento da B3, Trump ordenou uma investigação sobre práticas comerciais brasileiras que, segundo ele, “restringem injustamente” o comércio com os EUA. Entre os focos da investigação estão o comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, as tarifas preferenciais injustas, a interferência anticorrupção e a proteção da propriedade intelectual. Outro ponto que será investigado é o acesso ao mercado de etanol.

Antes dessa nova ofensiva, o governo federal e o setor produtivo se reuniram nesta terça-feira para a ameaça do presidente americano de impor uma tarifa de importação de 50% sobre produtos brasileiros. As reuniões continuam.

“Por enquanto, parece que não vamos retaliar, mas precisamos aguardar as reuniões que estão acontecendo e que vão acontecer ao longo do dia”, diz Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital.

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Fator político e o que esperar

Outro ponto que fica no radar dos mercados são as primeiras pesquisas de popularidade do presidente Lula após o tarifaço de Trump. Nesta quarta, foi divulgada a Pesquisa Genial/Quaest, mostrando melhora na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 40% para 43%. A desaprovação de Lula recuou de 57% para 53%. Segundo o instituto, o confronto com o presidente norte-americano, Donald Trump, por causa do “tarifaço” fez com que o petista recuperasse terreno fora das bases de apoio tradicionais.

De certa forma, avalia Alvarenga, da One Investimentos, as tarifas impostas por Trump ao Brasil fortalecem o governo do presidente Lula, o que é desagrada ao mercado, que, segundo cita, tem demonstrado descontentamento com relação à forma com que o petista governa. “A visão do atual mandatário é muito negativa, principalmente com relação a medidas econômicas que são tomadas”, afirma.

O ciclo eleitoral de 2026, por sinal, tinha sido reiterado por estrategistas e analistas de mercado como um dos fatores para ânimo recente com a Bolsa brasileira, que acabou perdendo força – pelo menos por enquanto.

Pesquisa do Bank of America (BofA) com gestores de fundos da América Latina aponta que os investidores começarão a fazer alocações focando nas eleições a partir do quarto trimestre de 2025 ou antes.

Os gestores apontaram que seguem otimistas, com 83% dos entrevistados espera que o Ibovespa encerre 2025 em um nível superior aos 140 mil pontos, acima dos 66% do levantamento feito no mês de junho. Contudo, o banco pondera que a maioria respondeu a pesquisa antes do anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifas de 50% ao Brasil. A maioria também apontava que o Brasil tivesse uma performance superior ao do México nos próximos seis meses, segundo o BofA.

Também em pesquisa com investidores institucionais, a XP apontou que, na média, eles esperam que o principal índice da Bolsa chegue ao patamar de 147 mil pontos até o fim do ano. A maioria das projeções são de um câmbio entre R$ 5,40 e R$ 5,60 por dólar.

(com Estadão Conteúdo)

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