BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Aliados do presidente Lula (PT) classificaram como um erro político o posicionamento recente do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), endossando postagem do presidente americano Donald Trump.
Eles afirmam que Tarcísio pode pagar alto preço por ter demonstrado apoio à publicação do americano no começo da semana, além de ter ostentado o boné pró-Trump com a inscrição “Make America Great Again” (façam os EUA grande de novo), no começo do ano.
Na avaliação desses aliados, essas manifestações em favor do governo americano se contrapõem à defesa da soberania nacional, encampada por Lula.
Um integrante do primeiro escalão, que tem acompanhado as negociações, chega a afirmar que tropeços estratégicos do governador podem afetar até mesmo seu projeto eleitoral.
Do ponto de vista do Palácio do Planalto, a decisão do governo Trump reforça a imagem de que Lula combate interesses poderosos, incluindo americanos. É o que aliados chamam de estratégia do “nós contra todos”.
Um auxiliar do petista afirma que não é necessário coordenar essas críticas a Tarcísio, já que elas são naturais, diante das contradições do próprio governador.
Colaboradores do presidente citam reações contra Tarcísio nas redes e afirmam que o momento põe o governador diante do impasse entre os interesses do governo de São Paulo e seu projeto pessoal, dependente de um apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à Presidência em 2026.
Presença constante em atos em defesa do Bolsonaro, Tarcísio teria que se distanciar do padrinho político para proteger sua própria imagem.
Um ministro de partido do centro afirma que a sobretaxa imposta por Trump será explorada politicamente contra todos os nomes da direita que celebraram a vitória do republicano, como outros governadores. Mas diz que Tarcísio será alvo preferencial justamente por ser considerado o candidato mais viável para enfrentar Lula em 2026.
Nas palavras dele, esse tipo de comportamento mostra que o governador de São Paulo é refém da pressão bolsonarista, afasta a imagem dele de político moderado e evidencia que Tarcísio é o que classifica como um candidato “50 tons de Bolsonaro”. Na avaliação de outro aliado de Lula, Tarcísio se posicionou mal e deveria ter silenciado para evitar essa contradição.
À luz do anúncio da sobretaxa de 50% dos Estados Unidos aos produtos brasileiros, nesta quarta-feira (9), a avaliação de aliados do petista é que o governador errou e deverá ser cobrado até mesmo por seus eleitores, diante dos eventuais prejuízos que isso poderá trazer ao estado de São Paulo.
Além disso, dizem que também será explorado contra Tarcísio o fato de o governador ter usado o boné com o slogan de Trump quando o republicano foi empossado. Aliados de Lula dizem que há um potencial imagético, sobretudo, que poderá ser usado para atacar o governador.
Em entrevista à Folha em junho, a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), classificou como “vergonha” Tarcísio ter usado o adereço. “Acho que ele até se arrependeu daquilo, porque como é que um governador de estado do tamanho de São Paulo usa um bonezinho para elogiar e para apoiar um presidente que ataca o seu país? É lamentável”, afirmou.
Aliados de Lula dizem ainda que poderá ser explorado com mais força o lema “o Brasil é dos brasileiros”, retomando a “guerra dos bonés” entre integrantes da oposição petista e governistas, em oposição ao boné trumpista. O ministro Alexandre Padilha (Saúde), por exemplo, publicou uma fotografia usando o acessório com esse mote na noite de quarta (9).
No último dia 7, Tarcísio compartilhou postagem de Trump em apoio a Bolsonaro e afirmou que o ex-presidente do Brasil “deve ser julgado somente pelo povo brasileiro, durante as eleições”, criticando os processos envolvendo Bolsonaro tanto no STF (Supremo Tribunal Federal) quanto no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na quarta (9), o governador afirmou nas redes sociais que “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado”.
Nesta quinta (10), Tarcísio voltou a culpar Lula pela imposição da sobretaxa, disse que o momento é de atuação da diplomacia brasileira e que há tempo para resolver esse imbróglio até agosto. Ele admitiu “impacto negativo para São Paulo” mas eximiu Bolsonaro nesse episódio.
Ministros do governo Lula e aliados do petista no Congresso criticaram a postura de Tarcísio nesta quinta. O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou em entrevista que o governador de São Paulo “errou muito”.
“Ou uma pessoa é candidata a presidente ou é candidata a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem. O que está se pretendendo aqui? Ajoelhar diante de uma agressão unilateral sem nenhum fundamento econômico e político?”, afirmou Haddad em entrevista ao pelo Centro de Mídia Independente Barão de Itararé.
Haddad também responsabilizou Bolsonaro pela decisão de Trump. Segundo ele, “a família Bolsonaro urdiu esse ataque ao Brasil e com objetivo específico que é escapar do processo judicial que está em curso”.
“A única explicação é de caráter político envolvendo a família Bolsonaro. Isso não é uma acusação infundada que estou fazendo, o próprio Eduardo Bolsonaro disse ao público que se não vier o perdão as coisas tendem a piorar”, afirmou.
Nas redes sociais, nomes como os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Gleisi Hoffmann, além dos deputados José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, e Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Casa, teceram críticas à postura de Tarcísio.
Rui Costa disse lamentar a conduta do governador, afirmando que ele defende a tarifa imposta pelo governo do republicano “em vez de defender a população do seu estado e do Brasil como nação”.
“É compreensível que queira agradar ao ex-presidente a quem serviu como ministro, mas quem valoriza São Paulo não apoia medidas absurdas, ilegais e imorais impostas por estrangeiros”, escreveu o chefe da Casa Civil.
Gleisi, por sua vez, rebateu declaração de Tarcísio e disse que quem está colocando ideologia acima dos interesses do país é o governador e “todos os cúmplices de Bolsonaro que aplaudem o tarifaço de Trump contra o Brasil”.
O ministro Márcio França (Empreendedorismo), considerado potencial candidato ao governo de São Paulo em 2026, publicou vídeo criticando Tarcísio e cobrando que o governador renuncie ao cargo.
À Folha ele classifica o episódio como “o mais grave erro de um governador de São Paulo em termos de mercado internacional”. “Trará consequências traumáticas para o agro paulista”, diz França.
Leia Também: Alcolumbre e Motta silenciam após Trump anunciar tarifas e citar Bolsonaro
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