O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou processar a BBC pela adulteração de um discurso seu em um documentário relacionado aos protestos de 2021 no Capitólio, segundo informou a própria emissora nesta segunda-feira (10), após receber uma carta de Washington.
O anúncio surge um dia depois de dois executivos da empresa renunciarem: o diretor-geral, Tim Davie, e a chefe de notícias, Deborah Turness.
Detalhes divulgados nesta tarde revelam três exigências do presidente americano à emissora britânica: publicar imediatamente uma retratação completa e imparcial do documentário e de todas as outras declarações falsas, difamatórias, depreciativas, enganosas e inflamatórias sobre ele; pedir desculpas pelas declarações falsas e difamatórias; e compensar “adequadamente” o presidente pelos danos causados – a exigência é de US$ 1 bilhão, segundo o documento.
“A BBC está avisada”, diz a carta transmitida pelos advogados do líder da Casa Branca.
A pressão sobre a emissora ganhou força nos últimos dias depois que o jornal Telegraph publicou documentos internos da emissora revelando que o programa Panorama fez uma edição seletiva de um discurso de Trump para dar a impressão aos telespectadores de que ele estava incentivando diretamente a invasão do Capitólio dos Estados Unidos. Logo depois, os dois executivos renunciaram.
Em carta ao Comitê de Cultura, Mídia e Esporte do Parlamento do Reino Unido, Shah reconheceu um “erro de julgamento” na edição da reportagem, pediu desculpas e afirmou que mais de 500 reclamações foram recebidas sobre o assunto.
“O objetivo da edição do vídeo era transmitir a mensagem do discurso do presidente Trump para que o público do Panorama pudesse entender melhor como ele foi recebido pelos apoiadores do presidente Trump e o que estava acontecendo naquele momento”, disse.
A empresa de comunicação informou que responderá à carta em “tempo oportuno”. O episódio do programa Panorama foi transmitido uma semana antes das eleições americanas de 2024.
O conteúdo mostrava Trump dizendo a seus apoiadores que iria caminhar com eles até o Capitólio para “lutar com todas as forças”, quando nas declarações originais ele disse que caminharia com eles “para que suas vozes fossem ouvidas de forma pacífica e patriótica”.
A equipe jurídica do republicano deu até a sexta-feira (14) para o cumprimento das exigências. “Caso a BBC não cumpra o acima exposto até às 17h do dia 14 de novembro de 2025 (horário do leste dos EUA), o Presidente Trump não terá outra alternativa senão exercer seus direitos legais e equitativos, todos expressamente reservados e irrenunciáveis, incluindo a instauração de ação judicial por danos no valor mínimo de US$ 1.000.000.000. A BBC está devidamente notificada”, diz um trecho da carta.
Trump já processou outros veículos de comunicação, incluindo a emissora americana ABC, com quem firmou um acordo milionário depois que uma de suas apresentadoras afirmou que o presidente americano havia sido condenado por estupro.
Ele também chegou a um acordo com a CBS a respeito de uma entrevista com a ex-vice-presidente Kamala Harris, exibida em seu programa 60 Minutes, e está envolvido em disputas judiciais com o New York Times, o Wall Street Journal e a Associated Press, entre outros veículos de comunicação.
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