O governo dos Estados Unidos realizou nesta quarta-feira (5) o primeiro teste de um míssil balístico intercontinental desde que o presidente Donald Trump anunciou a retomada dos testes com armas nucleares americanas. O lançamento, conduzido pela Força Aérea no estado da Califórnia, envolveu um míssil Minuteman III desarmado, utilizado para avaliar a confiabilidade e a prontidão do arsenal nuclear dos EUA.
De acordo com o Comando Global de Ataque Aéreo (AFGSC, na sigla em inglês), o teste – identificado como GT 254 – partiu da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia, e foi iniciado a partir de um avião militar E-6B Mercury, que simulou o sistema de lançamento aéreo de emergência. O projétil percorreu cerca de 4,2 mil milhas (6,7 mil quilômetros) até atingir o Atol de Kwajalein, nas Ilhas Marshall, onde está localizado o centro de testes Ronald Reagan. Equipamentos de alta precisão instalados no local, como radares e sensores ópticos, coletaram dados para avaliar o desempenho do míssil durante a fase final de voo.
Em comunicado, a tenente-coronel Karrie Wray, comandante do 576º Esquadrão de Testes de Voo, afirmou que o ensaio “não foi apenas um lançamento, mas uma avaliação abrangente para verificar a capacidade do sistema de cumprir sua missão crítica”. Segundo ela, os dados coletados são “valiosos para garantir a precisão e a confiabilidade contínua do sistema de armas ICBM”.
O general Stephen Davis, chefe do Comando Global de Ataque Aéreo dos EUA, destacou que a prioridade do governo americano neste momento é manter a prontidão da frota existente enquanto o país avança na modernização do arsenal com o novo míssil Sentinel.
“À medida que modernizamos para o sistema Sentinel, devemos continuar mantendo a prontidão da frota atual do Minuteman III. O GT 254 ajuda a cumprir esse compromisso, assegurando sua precisão e confiabilidade contínuas”, afirmou em nota.
O teste ocorre poucos dias após Trump anunciar nas redes sociais que havia ordenado o início imediato do processo para retomar os testes nucleares, algo que não ocorre desde 1992. O secretário de Energia, Chris Wright, explicou posteriormente que as atividades não envolvem explosões nucleares, mas sim avaliações técnicas e operacionais.
O Pentágono reiterou, em nota, contudo, que o lançamento faz parte de uma série de testes de rotina “planejados com anos de antecedência” e que “não têm relação com eventos mundiais recentes”. Ainda assim, o episódio reforça o novo momento da política de defesa norte-
O míssil Minuteman III, em serviço desde 1970, integra a tríade nuclear dos Estados Unidos – composta também por submarinos lançadores de mísseis e bombardeiros estratégicos – e é capaz de transportar até três ogivas nucleares. De acordo com a Federação de Cientistas Americanos, cerca de 400 unidades estão ativas em silos espalhados por estados como Montana, Dakota do Norte e Wyoming.
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