O representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, disse nesta quinta-feira (30) que as negociações do governo Donald Trump com o Brasil, a respeito da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta por Washington desde agosto, podem durar meses.
A declaração contraria o otimismo do chanceler brasileiro, Mauro Vieira, que, após o encontro de Trump com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no domingo (26) na Malásia, disse que a expectativa para um acordo para ao menos reduzir a sobretaxa era de “poucas semanas”.
“O presidente Lula e o presidente Trump se deram muito bem. Eles querem fechar um acordo. Estamos analisando os contornos do que esse acordo pode vir a ser. Espero que possamos medir esse progresso em semanas ou meses”, disse Greer em conversa com jornalistas em Washington, em resposta a uma pergunta da emissora brasileira Record.
“Queremos garantir que os brasileiros estejam prontos para jogar também”, afirmou.
O representante comercial acrescentou que, já na segunda-feira (27), ele e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, se reuniram com Vieira para “dividir opiniões”.
Greer disse que há algumas semanas entregou ao Brasil uma lista de questionamentos dos Estados Unidos para as negociações comerciais entre os dois países, alguns deles relativos a pontos que estão sendo investigados desde julho por Washington com base na Seção 301 da Lei de Comércio americana de 1974.
Esse mecanismo permite a abertura de investigações com o objetivo de analisar se os atos, políticas ou práticas de um país são “irrazoáveis ou discriminatórios e oneram ou restringem o comércio dos EUA”.
Ao anunciar a abertura da investigação, a agência que Greer lidera afirmou em comunicado que o seu mais recente Relatório Anual de Estimativa de Comércio Nacional (NTE, na sigla em inglês) já havia identificado práticas comerciais “injustas” do Brasil e que a apuração buscaria apontar se “ações de resposta” devem ser tomadas.
Entre os pontos a serem apurados pelo escritório, estão o comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, como o Pix, que, segundo a gestão Trump, poderiam prejudicar a competitividade de empresas americanas no mercado brasileiro.
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