Após encerrar setembro com perdas de R$ 5 milhões nas estratégias automatizadas de clientes, a OnTick Invest conseguiu não apenas reverter o resultado negativo, mas alcançar lucro de R$ 6 milhões nos primeiros 15 dias de outubro.
O resultado representa uma virada relevante para os usuários da plataforma e reforça a importância da gestão de risco, com paciência, disciplina, diversificação e foco de longo prazo no uso de estratégias automatizadas.
Em entrevista ao InfoMoney, o CEO da OnTick Invest Rodrigo Malacarne explicou que o mês de setembro foi desafiador devido ao comportamento do mercado. “Foi um período de lateralidade, e não tivemos uma tendência forte muito bem definida. Acaba que as estratégias não performam tão bem nesse cenário”, explica.
Ele detalha que, na plataforma da OnTick Invest, existem dois tipos principais de estratégias automatizadas: as de tendência e as de lateralidade.
Quando o mercado se move com direções bem definidas, as estratégias de tendência tendem a se destacar. Já em períodos de consolidação, o desempenho pode ficar abaixo do esperado — como ocorreu em setembro.
Segundo ele, a virada em outubro veio com um ambiente de tendências mais claras, o que favoreceu a recuperação dos resultados.
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“Agora, em outubro, o mercado está com tendências mais bem definidas e acaba que as estratégias vêm recuperando bem esses resultados”, afirma.
Paciência e controle emocional
O executivo destaca que o investidor precisa entender que perdas fazem parte da renda variável e que a paciência é um componente essencial.
“Quando você tem foco no médio e longo prazo, sabendo que um período ruim pode acontecer, e você não está alavancado, tem capital para suportar o drawdown e esperar uma época boa da estratégia”, orienta.
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Ele alerta que desligar os robôs durante períodos de perda é um erro comum e prejudicial, o que acaba alterando o resultado da estratégia. “Inclusive ao desligar o robô, o cliente deixa de pegar a recuperação”, ressalta.
As estratégias passam por backtests rigorosos e são construídas para suportar fases negativas temporárias. “Estatisticamente falando, a estratégia apresenta um resultado bom. É acreditar na estatística e realmente esperar o resultado aparecer na carteira do cliente”, afirma.
Malacarne reforça que a alavancagem excessiva reduz a tolerância ao drawdown e aumenta o risco de perda financeira. “Quanto mais alavancado você está, menos tolerante ao drawdown você se torna, porque o drawdown é muito grande”, explica.
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Evite aumentar a mão
Um dos principais alertas do CEO é sobre o comportamento impulsivo de aumentar o tamanho da “mão” quando a estratégia está dando certo.
“Muitos clientes, em um momento de empolgação, costumam aumentar a mão em uma determinada estratégia que acham que é boa. Isso pode dar certo como pode dar errado também”, observa.
Em vez de concentrar o risco em estratégias que estão indo bem, Malacarne recomenda diversificar e aumentar o portfólio com robôs descorrelacionados, priorizando aqueles que estão em período de drawdown.
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“É mais fácil pegar uma recuperação de uma estratégia que está em drawdown do que de uma que está rompendo o topo histórico. Toda estratégia tem drawdown. É uma questão de tempo para o drawdown aparecer”, explica.
Exposição controlada
Outro ponto enfatizado é o controle de risco global da carteira. “Imagina um investidor com R$ 100 mil. Se ele destina R$ 10 mil para garantia operacional de robôs, apenas 10% do capital está exposto à renda variável. O erro é aumentar esse percentual para 30% ou 40% quando o mercado está indo bem”, alerta.
Para o CEO, a renda variável deve ser encarada como complemento de rentabilidade e não como base de uma carteira.
“Mesmo trabalhando com renda variável, eu reconheço que é importante deixar boa parte na segurança da renda fixa, principalmente em época de taxas de juros altíssimas como a gente tem agora. A renda variável deve ser sempre pensada como complemento e nunca como alocação total de capital”, conclui.
Malacarne explica que a alocação nas estratégias automatizadas deve representar apenas uma fração do portfólio total. “Eu diria de um quinto para menos”, afirma.
Recuperação e perspectiva positiva
A rápida reversão reforça, na visão de Malacarne, a importância de respeitar o funcionamento das estratégias automatizadas e manter a disciplina durante períodos adversos.
Para ele, a recuperação dos resultados é consequência natural de uma gestão de risco bem calibrada e de uma visão voltada para o médio e longo prazo.
Após a recuperação rápida das perdas de setembro, Malacarne vê o restante de outubro com otimismo.
“Na primeira quinzena a gente já está com mais resultado do que todo o prejuízo do mês passado. Já recuperou tudo e agora a gente espera que nessa segunda quinzena os resultados sejam ainda melhores”, conclui.
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