
O rebalanceamento de carteiras é essencial para proteger o portfólio e ampliar oportunidades e deve ser guiado por fundamentos, valor justo e margem de segurança, defende Max Bohm, analista fundamentalista e gestor com mais de 20 anos de experiência no mercado. Ele foi o convidado do episódio 71 do programa GainDelas, no canal GainCast.
Diferente do comportamento mais impulsivo de quem opera no curtíssimo prazo, o investidor de longo prazo precisa olhar com atenção para o desempenho dos ativos ao longo do tempo — e isso exige monitoramento constante e método.
Segundo Bohm, o rebalanceamento de carteira não é uma prática aleatória, mas uma decisão técnica baseada em análises de fundamentos das empresas. “A gente tem que estar sempre baseado em fundamentos”, afirma.
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Ele explica que, para cada ação, há um valor justo estimado com base em múltiplos, planilhas e o acompanhamento dos balanços das companhias. Quando o preço de mercado começa a se aproximar desse valor justo, o investidor deve reavaliar o tamanho da posição.
“Vamos dizer que o valor justo é R$ 15,00. Você comprou esse papel a R$ 8,00, ele vai subindo, R$ 10,00, R$ 12,00, está caminhando para o seu valor justo, R$ 13,00, R$ 14,00. Será que com R$ 14,00 você deveria ter o mesmo peso que teve quando montou a R$ 8,00? Não. É hora de quê? Realizar, reduzir posição”, orienta.
Essa lógica também se aplica às quedas. Quando a cotação recua por motivos conjunturais e não há alteração nos fundamentos, a oportunidade se apresenta.
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“Se você entende que os fundamentos são sólidos e por questões de mercado, cenário macro, STF ou Trump, o papel que estava R$ 12,00 vai para R$ 8,00, você vai comprando, aumentando posição”, explica.
Margem de segurança
Um dos conceitos centrais defendidos por Bohm é o de margem de segurança, que se refere à diferença entre o preço de mercado e o valor justo estimado do ativo. “É quando você tem pouco para perder e muito para ganhar”, resume.
Um exemplo citado por ele é a ação da Intelbras. “A gente fez um estudo e viu que a empresa vale R$ 18,00 e está a R$ 11,00, na mínima histórica. Eu me sinto confortável em aumentar a posição porque você tem uma margem de segurança alta”, ressalta.
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O analista também destaca que o acompanhamento da carteira é contínuo e permite decisões mais contundentes, inclusive de zerar posições. “Já zerei quando perde fundamento”, completa.
Esse critério também serve para sinalizar quando encerrar uma posição e buscar alternativas mais sólidas. Um exemplo foi a saída de Banco do Brasil (BBAS3) após o resultado do primeiro trimestre.
“O que me deixou mais desconfortável não foi o resultado ruim, foi a falta de governança corporativa e transparência do management (do BB). ”
Ele concluiu a operação alocando os recursos em Bradesco — o que se provou uma boa troca. “O Banco do Brasil caiu mais 25%, e o Bradesco subiu 5%”, compara.
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Rebalanceamento e ajuste dos pesos
Além do preço, a própria alocação relativa dentro da carteira serve como sinalizador para o rebalanceamento. À medida que uma ação se valoriza e seu peso ultrapassa o limite original definido, o investidor pode vender parte da posição e redistribuir o capital em ativos com maior margem de segurança.
“Eu acompanho a performance dos ativos, sei o valor justo de cada um, vai se aproximando do valor justo, eu vou reduzindo posição, vai se distanciando do valor justo.”
A mesma lógica vale para quedas. Segundo o analista, se o ativo continua na carteira e os fundamentos permanecem, o desconto de preço amplia a margem de segurança e justifica um novo aporte. “É assim que eu faço o rebalanceamento”, conclui.
Bohm também lembra que o processo exige tempo, dedicação e nem todo investidor consegue fazê-lo por conta própria, por isso, é importante contar com acompanhamento profissional. “O dentista, o médico, o engenheiro… Eu defino o momento de rebalancear. Eu vou ser os olhos do investidor na carteira dele”, afirma.
Para Bohm, a disciplina no rebalanceamento de carteiras é o que separa o investidor amador de quem constrói resultados consistentes no longo prazo.
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