A ditadura de Nicolás Maduro abriu oficialmente na noite de quarta-feira (1º) o Natal antecipado no país, em clima festivo, apesar da crescente tensão com os Estados Unidos e da contínua perseguição politica a opositores.
Chavistas que apoiam o regime “garantiram” que o Natal será celebrado “em paz” diante de centenas de pessoas que compareceram a um ato do chavismo na praça Bolívar, em Caracas, algumas com fantasias ou elementos alusivos ao Natal e outras com bengalas iluminadas, em frente a um palco onde se encontravam várias autoridades e músicos.
Todos fizeram uma contagem regressiva para acender as luzes que decoram, junto a outros adornos, a praça Bolívar, localizada no centro histórico da capital venezuelana, o que ficou a cargo da prefeita de Caracas, a chavista Carmen Meléndez, que apertou um botão e desejou um “feliz início de Natal”.
“Daqui, da praça Bolívar, (enviamos) uma saudação ao nosso presidente [ditador], Nicolás Maduro Moros, que está nos vendo. Que se escute esse grito de felicidade de todo o povo de Caracas!”, declarou.
Maduro anunciou em setembro o adiantamento da festividade, como fez em anos anteriores desde que chegou ao poder, em 2013, ao argumentar que se trata de uma “fórmula” que deu “muito certo para a economia, para a cultura” e “para a alegria” da população.
O Natal na Venezuela começou dois dias depois que a vice-presidente, Delcy Rodríguez, anunciou que Maduro assinou um “decreto de comoção externa” que dá poderes adicionais ao ditador “para atuar em matéria de defesa e segurança” devido às “ameaças” recentes dos Estados Unidos.
Oposição a Maduro condena comemoração do Natal em centro com presos políticos
A Plataforma Democrática Unitária (PUD), principal coalizão de oposição ao regime da Venezuela, criticou o lançamento de fogos de artifício de El Helicoide, sede do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), onde estão detidos vários presos políticos, como parte da celebração do início antecipado do Natal anunciada por Maduro.
“Com indignação, repudiamos categoricamente o ato perverso e desumano de lançar fogos de artifício de El Helicoide para ‘celebrar o Natal'”, afirmou o bloco em uma publicação no X.
A PUD sustentou que o local “não é um símbolo de celebração”, mas sim “um centro de tortura e detenção ilegal na Venezuela, onde centenas de presos políticos são vítimas de tratamento cruel e da violação sistemática dos direitos humanos”.
Da mesma forma, o Comitê de Direitos Humanos do partido Vente Venezuela (VV), liderado pela líder opositora María Corina Machado, disse no X que “não há Natal em meio à dor”.
“Ontem à noite, fogos de artifício foram lançados de El Helicoide, o maior centro de tortura da Venezuela, para ‘celebrar o Natal’. Dá para imaginar? Brilhos no céu enquanto, lá embaixo, homens e mulheres são humilhados, torturados e afastados de suas famílias”, declarou o grupo.
O Comitê de Direitos Humanos da VV compartilhou um vídeo mostrando os fogos de artifício sendo lançados da prisão, localizada no sudoeste de Caracas.
Em setembro, a Comissão de Investigação da ONU sobre a Venezuela disse que houve um aumento na repressão dentro do país sul-americano relacionada ao resultado das eleições presidenciais de julho de 2024, quando o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou vitória ao ditador, apesar das contestações e falta de provas.
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