O governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, sinalizou nesta quarta-feira (1º) uma abordagem mais branda em relação às stablecoins, afirmando que a moeda digital pode impulsionar inovações nos pagamentos e coexistir com o sistema financeiro atual.
Em um artigo de opinião para o Financial Times, ele disse que seria “errado ser contra as stablecoins como princípio”, mas acrescentou que elas devem garantir a manutenção da confiança pública enquanto o banco central se prepara para apresentar propostas de regulamentação dos ativos digitais.
Bailey já havia demonstrado ceticismo em relação às stablecoins, mesmo após o governo Trump aprovar uma legislação histórica nos EUA, vista por muitos como revolucionária. Ele alertou que as stablecoins poderiam minar a confiança pública no dinheiro e causar instabilidade, antes da consulta do Banco da Inglaterra sobre a regulamentação dessas moedas, prevista para os próximos meses.
No entanto, Bailey afirmou ao FT que vê “o potencial delas para impulsionar a inovação nos sistemas de pagamento, tanto domésticos quanto internacionais.” O Banco da Inglaterra pode criar um regime que permita a coexistência entre bancos e stablecoins, enquanto gerencia a “transição para um sistema financeiro futuro.”
“Vamos estabelecer que as stablecoins amplamente usadas no Reino Unido devem ter acesso a contas no Banco da Inglaterra para reforçar seu status como dinheiro,” disse ele. “Isso será parte crítica da criação de um regime avançado para stablecoins, que assegure que o Reino Unido possa colher os benefícios mantendo um sistema financeiro estável.”
Havia preocupações na indústria de que a abordagem do Banco da Inglaterra às stablecoins era muito rígida, especialmente diante da aceitação nos EUA, que gerou entusiasmo sobre o papel futuro dessas moedas no sistema de pagamentos. A possibilidade de limites rigorosos para a posse de stablecoins por famílias e instituições é motivo de preocupação.
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O partido Reform UK, liderado por Nigel Farage e que lidera as pesquisas de opinião contra o governo trabalhista, alertou na semana passada que o Reino Unido estava “virando as costas” para as stablecoins.
Stablecoins são ativos digitais projetados para manter um valor estável, geralmente atrelados a uma moeda tradicional. Isso as torna menos voláteis que criptomoedas como o Bitcoin, podendo ser mais facilmente usadas em pagamentos cotidianos.
Enquanto os EUA adotam as stablecoins e a zona do euro avança com uma moeda digital do banco central para famílias, a abordagem do Banco da Inglaterra sobre o futuro do dinheiro tem sido mais cautelosa. Bailey elogiou os depósitos tokenizados — uma versão digital do dinheiro bancário comercial — e levantou dúvidas sobre a necessidade de uma libra digital para consumidores no Reino Unido.
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Seus comentários nesta quarta-feira ecoaram os da vice-governadora do Banco da Inglaterra, Sarah Breeden, que previu o surgimento de um mundo “multi-moeda.”
Bailey disse que o principal uso das stablecoins hoje é entrar e sair dos mercados de criptomoedas, mas apontou suas vantagens potenciais.
“Através dos bancos, o sistema combina a posse de dinheiro com a oferta de crédito, o que significa que os depósitos apoiam diretamente os empréstimos que sustentam a atividade econômica,” afirmou.
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Ele acrescentou que o sistema financeiro “não precisa ser organizado dessa forma,” e que “é possível, ao menos parcialmente, separar o dinheiro da oferta de crédito, com bancos e stablecoins coexistindo e instituições não bancárias assumindo mais o papel de oferta de crédito.”
No entanto, ele ressaltou que “é importante considerar cuidadosamente as implicações de tal mudança antes de avançar.”
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