Com a expectativa de resultados fracos até o segundo semestre de 2026, devido à combinação de receita fraca e custos mais altos, a XP Investimentos rebaixou a recomendação da Ambev (ABEV3) de neutra para venda, reduzindo o preço-alvo de R$ 13,40 para R$ 10,90.
O time de analistas da XP destacam ainda o valuation esticado, com as ações da cervejaria negociando a 14,1 vezes P/L (Preço sobre Lucro) para 2025, o maior nível desde meados de 2023, quando o papel iniciou um processo de de-rating.
A corretora também aponta que 2025 deve marcar o segundo ano consecutivo de queda no consumo per capita de cerveja no Brasil.
LISTA GRATUITA
10 small caps para investir
A lista de ações de setores promissores da Bolsa
Momentum fraco
O segundo trimestre de 2025 apresentou surpresa negativa em volumes e preços para o negócio de cerveja no Brasil, atribuída pela gestão a fatores climáticos e à precificação relativa frente ao principal concorrente.
A XP projetou queda de 6,1% na base anual nos volumes de cerveja no 3T25, enquanto custos mais altos pressionarão margens.
O ambiente competitivo deve continuar desafiador até 2026, com concorrentes adotando estratégias de volume, impactando volumes e poder de precificação da companhia.
Continua depois da publicidade
Tendências de consumo
A XP destaca riscos estruturais no case de investimento, especialmente sobre a capacidade da Ambev de gerar crescimento de resultados frente à expansão das tendências de Health & Wellness e ao aumento do consumo de medicamentos à base de GLP-1.
Estudos clínicos mostram efeitos significativos da semaglutida na diminuição do consumo e desejo por álcool, embora a XP estime que o impacto no Brasil será mais lento devido à menor renda per capita e ao custo dos medicamentos.
Segundo a XP, essas tendências, somadas ao fraco crescimento projetado, devem limitar o potencial de re-rating da ação.
Continua depois da publicidade
Desafios climáticos e operacionais
Temperaturas abaixo da média no segundo semestre deste ano têm contribuído para volumes menores, e o ano de 2025 enfrenta uma base de comparação difícil com o ano anterior devido a condições climáticas favoráveis em 2024, que teve temperaturas acima da média e beneficiou o consumo.
O índice de produção de bebidas alcoólicas (IBGE PIM) registrou queda acumulada de 3,6% até julho, com estimativa de retração de 1,1% até junho, excluindo volumes do GP.
Além disso, custos de produção seguem em alta, com projeção de crescimento do custo do produto vendido (COGS) por hectolitro de 5,7% em 2025 e 8,1% em 2026, pressionando ainda mais margens e resultados.
Fique conectado